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A Renovação Carismática Católica – Parte II

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A fase inicial na RCC consiste em ajudar as pessoas a ter uma experiência de fé com Jesus, Salvador e Senhor. Para isto se faz o anúncio do Querigma (o primeiro anúncio do Evangelho), o mesmo que as primeiras comunidades cristãs (Estevão, Pedro, Paulo, etc) faziam àqueles que se aproximavam da Fé, levando as pessoas a uma experiência do amor do Pai, a um encontro vivo com a pessoa de Jesus Salvador e Senhor, e a uma adesão total, explícita e pessoal a Ele.

Este anúncio seguido desta experiência de fé, levam a uma conversão profunda de mentalidade e vida no plano pessoal, familiar e social a Jesus e Sua Igreja. Levam os fiéis a reconhecerem os seus pecados, arrepender-se deles e lançar-se na misericórdia de Deus que transforma e cura. Sem a adesão ao Querigma seguido da experiência de fé que leva à conversão, ninguém pode-se dizer cristão de fato, “na vida”, uma vez que são condições essenciais para a vida na fé.

Já nos dizia Paulo VI: “não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, não forem anunciados”. Hoje nos confirma a este respeito João Paulo II: “O anúncio tem por objeto Cristo Crucificado, morto e ressuscitado: por meio dele realiza-se a plena e autêntica libertação do mal, do pecado e da morte: nele, Deus dá a vida nova, divina e eterna. É esta a “Boa Nova”, que muda o homem e a história da humanidade”.

Este encontro com Jesus que passou pela morte – mas que ressuscitou e está vivo – leva ao arrependimento e a uma conversão ampla e profunda a Jesus Salvador e Senhor, e que assume o comando da vida daquele que crê – que se dá a preparação para aquilo que chamamos na RCC de “Batismo no Espírito”.
Batismo no Espírito Santo

Muitas vezes este termo, Batismo no Espírito Santo, é muito mal entendido, como se a renovação estivesse querendo falar de um novo sacramento, distinto do Sacramento do Batismo que recebemos, a maior parte de nós católicos, na infância.

Longe de nós tal afirmação! O Batismo no Espírito Santo para nós da RCC, se trata de uma graça atual de Deus concedida àquele que quer e se abre para avivar e plenificar em sua vida o Espírito Santo (II Tm 1,6) que recebeu através dos Sacramentos de iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia). Não basta termos o Espírito de Deus, é necessário que vivamos na plenitude do Espírito. É necessário que mergulhemos e vivamos no Espírito e, como diz o apóstolo, sejamos cheios d`ele (cf.Ef 5,18).

Aqui transcrevemos de maneira sintética algumas características do Batismo no Espírito identificadas pelo Teólogo Assessor do CELAM, Pe. Salvador Carrillo no seu livro, “A Renovação no Espírito.

É uma oração de fé, não é um ato sacramental

A oração para a efusão do Espírito consiste na oração cheia de fé e esperança, que uma comunidade cristã eleva a Jesus glorificado para que derrame o seu Espírito Santo, de maneira nova e em maior abundância, sobre a pessoa que ardentemente pede e por quem os demais oram.
É uma nova missão do Espírito

Esta nova efusão do Espírito Santo pode explicar-se à luz da teologia das “missões divinas”. “Que o Espírito Santo seja enviado ou venha de novo, não quer dizer que se tenha ido embora mas que surge na criatura um relacionamento novo com o Espírito: ou porque nunca estivera ali ou talvez porque começa a estar de maneira diferente que estivera antes”. (S. Tomás de Aquino I q 43 a1)”

É uma graça que renova e atualiza as graças já recebidas

Em termos sacramentais, esta nova efusão do Espírito é uma graça que renova, atualiza de maneira existencial e põe em atividade o risco caudal de graças que Deus tem dado a cada um através dos sacramentos assumidos (Batismo, Reconciliação, Eucaristia, Crisma, Graça matrimonial, Carisma sacerdotal e de maneira análoga, os carismas do próprio estado de vida e da vocação pessoal – Celibato consagrado, Vida religiosa…)
É uma graça que liberta os obstáculos e ataduras

“Todos nós fomos batizados num só Espírito e bebemos do mesmo Espírito” (I Cor 12,13).

Esta nova efusão do Espírito Santo é uma graça de Deus que rompe a dureza de nosso coração, remove as traves, derruba os obstáculos e nos dispõe para que o Espírito atue em nós com toda liberdade. Todas estas são graças de “libertação” que o Espírito Santo opera no interior do crente fazendo-o crescer nessa “liberdade para a qual Cristo nos libertou” (Gl 5,1)
É uma nova experiência do Espírito

O primeiro efeito desta graça é ter uma “experiência do Espírito” que habita no coração do crente que se enquadra perfeitamente no padrão de nossa teologia tradicional.

“Sobre o modo comum pelo qual Deus está em todas as coisas, há outro especial que convém à criatura racional, na qual Deus se encontra como o conhecido naquele que conhece e o amado naquele que ama. E conhecendo e amando, o homem troca o próprio Deus que habita nele como em seu templo. E isto acontece somente pela graça santificante.

Outrossim, dizemos que em verdade possuímos algo, quando podemos livremente usar ou desfrutar dele. Pela graça santificante, não só possuímos o Espírito Santo que em nós habita, como temos o poder de desfrutar da Pessoa Divina.”
É princípio de vida nova

Como consequência dessa efusão do Espírito Santo, que é abertura ao Espírito e à sua ação soberana, virá uma verdadeira explosão de vida que se manifestará em “frutos” de santidade e em carismas para edificar a Igreja. (…) Frutos que se percebem entre outros: conversão interior radical e transformação de vida; Luz poderosa para compreender melhor o mistério de Deus e Seu plano de salvação; novo compromisso pessoal com Jesus Cristo; abertura sem restrições à ação do Espírito Santo; exercício ativo das virtudes teologais da fé, amor e esperança; entrega generosa ao serviço dos demais, dentro da Igreja; gosto pela oração e amor à Sagrada Escritura; busca ardente dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia; revalorização da missão da Virgem Maria no plano de redenção; amor à Igreja e às instituições; força divina para testemunhar Jesus em toda parte; anseio por um ilimitado campo de apostolado.

É fonte de frutos e carismas do Espírito

Esta “nova missão do Espírito”, beneficia o crente em todo o seu ser, tocando “seu corpo, sua alma e seu espírito” (I Ts 5,23).

É por isso perfeitamente normal e de nenhuma forma estranho que, por ocasião da efusão do Espírito (seja durante a própria oração ou pouco depois, ou dias mais tarde), a pessoa tenha uma singular “experiência de Deus” e de sua ação, não somente por seus frutos espirituais, mas por seus efeitos sensíveis, como por exemplo: uma paz jamais experimentada, uma alegria nunca sentida, inclusive a cura de alguma enfermidade psicológica ou física.

É também natural que nesta ocasião comecem a se manifestar, no crente, carismas “para o bem comum” como os enumerados por S. Paulo em I Cor 12 7-11 e em Rm 12,6-8.

É abertura total para receber o Espírito Santo

É muito útil entender também que receber essa efusão do Espírito Santo não é o mesmo que fazer uma consagração ao Espírito Santo. Na consagração predomina uma atitude ativa: a pessoa se dá, se oferece, se entrega, se consagra ao Espírito Santo para que Ele realize os planos que Deus tem sobre ela. Na efusão do Espírito, ao contrário, prevalece uma atitude passiva: pede-se a Jesus glorificado que derrame seu Espírito divino, com a abundância dos seus dons sobre a pessoa por quem se ora. (…)

É o início de um novo caminhar no Espírito

Temos que notar finalmente que esta “nova efusão do Espírito” não engloba todas as riquezas da Renovação no Espírito Santo. Assim como o batismo no Espírito não foi para os Apóstolos senão o início de uma vida nova no Povo de Deus ( At 1,5-8; 2,1 ) assim também esta efusão do Espírito não é na Renovação um fim, mas somente o princípio, o arranque de uma nova vida, de um novo caminhar no impulso do Espírito, de um viver realmente em plenitude na vida cristã (Gl 5,16-25).

Após estes importantíssimos elementos sobre o Batismo no Espírito Santo, gostaríamos de ressaltar da nossa parte mais:

Fonte:Moysés Azevedo, fundador da Comunidade Católica Shalom


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