Formação

A Solenidade de todos os Santos

“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ ” (Mt 5,48) (CIC 2013).

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No dia 1º de Novembro a Santa Igreja celebra a solenidade de Todos os Santos. Trata-se de uma celebração tão profunda e rica, que em muitos lugares do mundo é um feriado nacional. Por isso, para mergulhar mais no mistério dessa solenidade, vale a pena compreender qual o sentido desta celebração especial. 

O Catecismo, em seu parágrafo 2013, diz que: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5,48).” Desse modo, todos os cristãos são vocacionados a ser santos e desde o início da Igreja surgiu o culto a esses que viveram perfeitamente de modo configurado a Jesus Cristo, a começar pelos mártires, pelos apóstolos e por todo o povo de Deus, consagrado ou leigo, que descobriu o caráter extraordinário da vida com Cristo em meio às coisas que passam.

O objetivo dessa veneração é o fortalecimento da fé e o crescimento na comunhão, na intercessão e na esperança de que a santidade é algo possível, pela união entre a graça divina e a colaboração humana.   

A Igreja também crê na comunhão de fé e amor entre seus fiéis, comunhão essa que nem mesmo a morte e a dor foram capazes de apagar. Isso significa que um cristão não deixará de ser membro da Igreja porque morreu, pois se está no céu ou no purgatório, continua a ser parte da mesma Igreja, no caso, em seu âmbito Triunfante ou Padecente, respectivamente, enquanto os fiéis que permanecem nesta vida formam a Igreja Militante, pois luta pela santidade a cada dia, até o encontro definitivo com Deus. O único estado de alma que rompe definitivamente a comunhão eclesial seria a condenação eterna, ou seja, o inferno.

Há uma Oração Eucarística muito bela, que reza o seguinte: “Os santos intercedem por nós sem cessar”. Essa convicção de fé é confirmada plenamente pela tradição da Igreja através de grandes nomes da Patrística.

Vejamos só alguns:

“Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que as suas orações salvaram a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (São Jerônimo, doutor da Igreja).

“Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas” (São Cirilo, bispo de Jerusalém e doutor da Igreja).

“Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos” (Santo Hilário de Poitiers, bispo e doutor da Igreja).

Como pudemos ver, a comunhão dos fiéis de Cristo, ou seja, dos membros legítimos da sua Igreja, não se limita às divisões do tempo e do espaço. Nem mesmo a morte é capaz de romper a comunhão dos autênticos servos de Deus. E além dos santos reconhecidos pelo cânone da Igreja, há outros, e creio eu tratar-se da maioria deles, que não possuem nenhum registro oficial, mas que viveram santamente a sua vida neste mundo e que, por isso, gozam das alegrias eternas na eternidade. Seus testemunhos e a oferta de suas vidas podem não ter sido registrados oficialmente, no entanto, não escaparam do olhar amoroso de Deus.

Por isso, nós, que ainda estamos na Igreja Militante, celebramos neste dia Todos os santos, desde aqueles mais conhecidos, como São Pedro, São Paulo, Santa Teresinha, São Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila, como uma outra multidão de santos “anônimos”, também fundamentais para a nossa fé e para fixar o nosso olhar nas realidades eternas.     

Por isso, eu convido você a voltar hoje o seu coração para o Criador e dizer: “Senhor Deus, nós te pedimos em nome de Jesus e pelos méritos de todos os Santos, a graça de também sermos fiéis até o fim. Amém.”

 

Todos os Santos de Deus, rogai por nós!


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