Formação

Teologia do corpo: expressão da Misericórdia divina e da paternidade de São João Paulo II sobre a humanidade

Padre Cledison Reis, sacerdote da Comunidade de Vida Shalom e um dos professores da Escola de Líderes de São Paulo (SP), aprofunda o tema da teologia do corpo com base nos estudos de São João Paulo II.

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Foto: Reprodução Internet

São João Paulo II foi um dos papas que exerceu um dos pontificados mais longevos na história da Igreja. O longo período que esteve sobre o governo da Igreja, quase 27 anos, possibilitou que ele tivesse um papel muito importante no desenvolvimento de temas que a Igreja precisava se inserir diante de uma sociedade moderna e de contextos culturais, que cada vez mais afastavam os homens de Deus, tornando-os mais propensos a desviar-se da verdade e aprofundar-se em um relativismo moral. P

reocupado com essa realidade, já antes do seu pontificado, São João Paulo II propôs enquanto sacerdote e depois como arcebispo e cardeal, uma série de iniciativas para evangelizar os jovens e as novas famílias que se formavam sobre o seu pastoreio. Em 1960 escreveu o livro Amor e Responsabilidade, abordando através da ética sexual e a luz da Fé cristã uma visão equilibrada sobre a problemática da sexualidade humana, que estava sendo deturpada por ocasião de conceitos contrários aos valores da família, entre outros. De algum modo já estava ali presente um primeiro ensaio do que no futuro seria a tese de antropologia teológica proposta em seu pontificado.

A década de sessenta, foi marcada por uma crise e em um abandono de muitas comunidades cristãs da moral cristã sexual, até então vigente, permanecendo a Igreja católica como a única que ainda tinha uma doutrina clara a respeito dos métodos anticoncepcionais e sobre o aborto, a ponto do Papa da época, Paulo VI, lançar a Enciclica Humanae Vitae. São João Paulo II, participou da elaboração do texto que posteriormente veio a tornar-se encíclica em 1968.

Em agosto de 1978, após a morte do Papa Paulo VI, e dois meses depois com a inesperada páscoa de João Paulo I, Karol Wojtyla, participa do conclave que o elege para assumir o governo da Igreja. Quatro anos antes, quando era arcebispo da Cracóvia, iniciou um livro sobre a temática da teologia do corpo, concluído no período do conclave.

Para alguns de seus estudiosos, que aprofundaram esse tema da teologia do corpo, o pontífice quis trazer, em um período que a banalização da sexualidade humana estava tão latente na cultura da época como resultado da revolução sexual, uma proposta doutrinal que seria o remédio contra os estragos causados e a cultura de morte em curso: uma contrarrevolução sexual, apresentando, por meio dessa discussão, o real sentido da sexualidade humana dentro do plano Divino.

Nos cinco primeiros anos de pontificado, nas quartas feiras dedicadas as audiências gerais, São João Paulo II, escolheu expor o conteúdo da Teologia do Corpo em formato de discursos catequéticos, propiciando a riqueza desse ensinamento à Igreja como parte do seu ministério petrino, dando ao conteúdo uma maior relevância.

Mesmo diante da pouca visibilidade e atenção que os discursos tiveram no início do seu pontificado, só tendo sido explorado tempos depois por movimentos, comunidades e por grupos de leigos, a maneira como as alocações sobre a teologia do corpo foram aprofundadas, com apenas duas interrupções ao longo dos cinco anos, demonstrava que para o pontífice polonês, aquele tema era importante, e não só, era o assunto de maior relevância do seu pontificado. Nenhum papa abordou em suas audiências um tema de modo tão prolongado.

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Por serem organizadas em formato de catequeses, ao longo dos cinco anos foram realizadas 129 catequeses sobre o amor humano no plano divino. Assim ficaram conhecidas essas catequeses que condensam uma riqueza de ensinamentos, tendo como fonte primária a Sagrada Escritura, como elemento principal, trazendo mais de 1000 versículos bíblicos e de 40 livros do Antigo e do Novo Testamento, servindo de fontes, além de outras fontes de caráter filosófico e teológico, que o autor utilizou mostrando sua capacidade de unir linhas filosóficas modernas, como a fenomenologia, o personalismo tomista e a visão clássica da Igreja.

A tese central que perpassa as catequeses é o tema do significado esponsal do corpo. Esse significado esponsal do corpo humano está presente nos seis ciclos que estão subdivididos às catequeses. Nos três primeiros ciclos o papa João Paulo II propõe uma antropologia teológica. No primeiro ciclo chamado de princípio, apresenta o homem em seu estado original, a partir dos relatos da criação. No segundo ciclo, aborda o tema da redenção do coração, traz a experiência do homem histórico, o desejo concupiscente, como desordem causada pelo pecado original e a redenção realizada por Cristo e por fim no terceiro ciclo o homem no estado escatológico, aborda o tema da ressurreição da carne. Cada um dos ciclos tem um texto bíblico como pano de fundo para uma abordagem antropológica adequada sobre o homem.

Os outros dois ciclos posteriores refletem sobre a dimensão esponsal do corpo humano, como deve o homem viver a linguagem esponsal do corpo: o matrimônio e a virgindade consagrada. E por fim, o Papa finaliza as catequeses com o ciclo dedicado ao amor e à fecundidade. A luz dos temas da encíclica Humanae vitae.

Deste modo, a grande redescoberta do corpo que São João Paulo II propõe na teologia do corpo tem por objetivo mostrar que o corpo humano tem uma vocação temporal, mas também tem uma vocação eterna. Descobrir o correto valor da corporeidade, revelado na encarnação do Verbo de Deus, aponta para uma vivência do corpo de modo mais virtuoso e ordenado para sua vocação eterna

Por Padre Cledison Reis

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