A juventude é um tempo em que estamos particularmente predispostos à alegria; à procura de divertimentos; abertos às novas experiências e sensações. É um tempo em que é praticamente impossível ficar parado! Envolvemo-nos fácil e naturalmente em atividades agitadas que podem nos proporcionar “felicidade”, algum prazer, uma sensação de liberdade, de potência; de juventude mesmo. Temos necessidade de certa dose de aventura, precisamos descarregar adrenalina, colocar pra fora toda a energia que temos armazenada em nós; e isso é muito bom. É sinal da nossa juventude, vitalidade e saúde física e mental.
Para encontrar o que procuramos, são oferecidas inúmeras opções. Esportes radicais para todos os gostos: rappel, mountain bike, trilha, skate, surf, bungee jump, alpinismo, snowboard, filmes de todos os gêneros: drama, policial, aventura, suspense, ficção científica, romance “água com açúcar”. Tudo isso sem falar nos muitos tipos de festa que aparecem por aí todos os dias: festa à fantasia, luau “não sei de quê”, uma noite “não sei onde”, as raves (aquelas festas meio clandestinas em que se ouve música e se dança ao ar livre ou em tendas), festivais de rock. Há também aquelas festas cujo tema são bebidas alcoolicas (festa da Tequila, festival da cerveja), além de músicas dos mais variados ritmos, com letras com igual ou até maior variedade de níveis, para “dançar a noite inteira” ou então para “ouvir comendo chocolate”, como se costuma falar. Sem dúvida, tudo isso é um verdadeiro banquete para os nossos sentidos!
Como sabemos, os sentidos são como que portas que dão aceso à nossa alma; e justamente por isso precisamos ter todo cuidado com aquilo que, de certa forma, permitimos que passe através delas. O bombardeio de sons, palavras, imagens, sensações, enfim, fragiliza-nos, deixa-nos praticamente sem defesa. Acaba por roubar nosso coração e pensamento do que é bom e Belo, e surge em nossa consciência uma espécie de cortina de fumaça, que dificulta a distinção, a separação do que é bom e lícito para nós, daquilo que não nos convém como cristãos, como filhos muitíssimo amados de Deus. Desse modo, acabamos por expor nossa alma, nosso ser mais íntimo e as nossas faculdades (memória, afetividade e, especialmente, a imaginação) a contaminações e feridas que poderiam muito bem ser evitadas se soubéssemos nos preservar, se ficássemos mais atentos ao que “engolimos” através de nossos sentidos.
Selecionar nossos divertimentos de modo algum nos fará “menos jovens”; mas certamente nos tornará mais responsáveis por nós mesmos e pelas nossas escolhas, jovens maduros, que sabem do valor inestimável que têm e por isso zelam por si mesmos e pelos outros. Não é, de modo algum, impossível ser jovem, ser alegre e se divertir (e muito!) de maneira saudável; sem abrir espaço ao pecado e à contaminação pela via dos sentidos.
É preciso que tenhamos sempre a consciência de que somos Templo do Espírito Santo (cf. I Cor 6,19) e, portanto, precisamos vigiar rigorosamente a entrada da habitação do Senhor e glorificá-lo na nossa vida e no nosso corpo.
É urgente que estejamos atentos sempre e em todo lugar; que deixemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz, assim nos fala São Paulo na sua carta aos Romanos (cf. Rm 13, 11-14). Ele continua: “vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não sigais os desejos dos instintos egoístas”. Como vemos, a sociedade daquele tempo tinha feridas parecidas com as nossas, não é verdade?
Então, em vez de ocuparmos nossos sentidos e faculdades com divertimentos que não fazem outra coisa senão nos empurrar para o pecado; nos “ocupemos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor”.(cf. Fl 4,8) Assim seremos capazes de uma alegria perene, que não está condicionada ao uso de entorpecentes ou qualquer coisa semelhante, e principalmente, seremos capazes de divertimentos verdadeiros, que não contrariem nossa natureza.
Como jovens cristãos precisamos, sim, nos divertir. Mais ainda, precisamos ser alegres; mas acima de tudo, temos em nosso coração uma necessidade profunda de nos preservar daquilo que nos corrompe e afasta do Amor, sentido último da nossa existência.
Zelar pela nossa pureza, pela correção do nosso modo de agir, de vestir e de nos comportar; lutar pela pureza do nosso olhar, pela castidade no nosso modo de dançar; nos nossos relacionamentos cotidianos; selecionar as músicas que ouvimos; os lugares que frequentamos; os filmes e programas que assistimos, recusando-nos a prestigiar espetáculos degradantes… Tudo isso reflete a profunda gratidão do nosso coração ao Deus que nos ama e nos fez de modo tão maravilhoso!
Revista Shalom Maná
Edições Shalom
Formação dezembro/2007