Formação

A vida e a obra de Madre Teresa

comshalom

<!– /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}@page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:2.0cm 42.55pt 42.55pt 2.0cm; mso-header-margin:72.0pt; mso-footer-margin:72.0pt; mso-paper-source:0;}div.Section1 {page:Section1;}–>

“Sou albanesa de sangue, indiana por cidadania. Pelo quetoca à minha fé, sou uma freira católica. Segundo a minha vocação, pertenço aomundo. Mas pelo que tange o meu coração, pertenço inteiramente ao coração deJesus”, assim se autodefine Madre Teresa de Calcutá.

Agnes Gonxha Bojaxhiu – que mais tarde o mundo conheceriacomo Madre Teresa de Calcutá – nasceu no dia 26 de agosto de 1910, em Skopje,na Albânia. A caçula dos três filhos de Nicholas e Dranafile Bojaxhiu foi batizadasomente um dia depois do seu nascimento e recebeu a primeira comunhão aos 5anos e meio de idade. “Desde a infância, o coração de Jesus foi o meu primeiroamor… Com a idade de cinco anos e meio, quando recebi Jesus pela primeiravez, o amor pelas almas tomou conta de mim. E só aumentou com o passar dosanos”.

Madre Teresa nunca gostou de falar de si. Grande parte dosfatos relativos a sua infância foram fornecidos por Lazar, seu irmão dois anosmais velho. Ele disse que seu pai era de fácil trato, mas muito sério ao tratarda política nacionalista albanesa, com a qual estava envolvido. Os irmãos –além de Lazar e Agnes, Age, que era a mais velha dos três – freqüentaram aescola primária do Sagrado Coração. Mudaram depois para escolas públicas não-católicas,recebendo aulas em servo-croata, a língua oficial. Sua família chamava Agnes de“Gonxha”, que significa “botão de rosa”, pois ela era rosada e rechonchuda.Estava sempre bem vestida. Era sempre a mais séria dos três, e, embora semantivesse distante das travessuras de seu irmão, nunca o denunciou.

A imprevista morte do pai, que se deu quando Agnes tinha 7anos, deixou a família em sérias dificuldades econômicas. Apesar dos grandesdesafios, Dranafile educou bem seus filhos. Todas as noites reunia-os para areza do rosário e os fez conhecer desde cedo os menos afortunados. Levavaregularmente alimentos aos pobres, geralmente acompanhada por Agnes. Ela diráno futuro que o testemunho caritativo da mãe foi fundamental na formação de suaalma, bem como a educação em colégio católico e o engajamento desde cedo naIgreja.

 O primeiro chamado

Desde os doze anos, particular impressão lhe faziam ascartas dos jesuítas missionários na Índia. A miséria material e espiritual detanta gente tocava o seu coração e sentia o profundo desejo de ser missionária.Aos 18 anos, sentindo irresistível o chamado, disse-o à sua mãe. Esta, nada lherespondeu, entrou no quarto e ali permaneceu durante algumas horas orando emeditando. Ao sair, pegou as mãos de Agnes e disse-lhe: “Ponha as suas mãos nasmãos dele e caminha sempre ao seu lado”.

Agnes procurou uma congregação que tivesse carismamissionário e encontrou as Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, da Irlanda. Entrounesta congregação no dia 29 de setembro de 1928. Sabendo que o sonho de Agnesera o trabalho missionário junto aos pobres na Índia, as superioras a enviarampara lá, assim ela faria o seu noviciado já no campo do apostolado.

Foi enviada para Darjeeling, onde as Irmãs de Loretopossuíam um colégio. Ali fez o noviciado. No dia 24 de maio de 1931, fez aprofissão religiosa. Como era costume na época – mudar o nome sinalizando avida nova dedicada integralmente a Cristo – professou os votos temporários depobreza, castidade e obediência tomando o nome de Teresa. Escolheu este nomecom a intenção, como ela mesma disse, “de se parecer com Teresa de Jesus, nãocom a grande santa espanhola, mas com a humilde carmelita de Lisieux, queensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual”.

De Darjeeling, Irmã Teresa foi para Calcutá. Tendo sepreparado para a carreira docente, passou a ensinar geografia no Colégio deSanta Maria, da congregação de Nossa Senhora de Loreto, em Calcutá, da qual,mais tarde, foi nomeada diretora.

Em 24 de maio de 1937, Irmã Teresa fez a profissão perpétua,tornando-se, como ela disse: “esposa de Jesus por toda a eternidade”. Durante20 anos viveu alegre no seio da congregação.

Morava na capital mundial da miséria: Calcutá. E,misteriosamente, ela que se sentira primeiramente chamada à missão e só depoisà vida religiosa, servia à educação de uma classe privilegiada economicamente enada realizava em favor dos pobres, como fizera durante toda a infância einício da juventude, em companhia da mãe. De seu quarto, no colégio, contemplavaa favela, mas nunca fez nada para chegar lá. Deus trabalhava no silêncio ematurava um chamado que aconteceria definitivo e profundamente.

 

O segundo chamado

O dia 10 de setembro de 1946 ficou marcado na história dasMissionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida de Madre Teresa como o“dia da inspiração”, ou, como ela dizia: “o chamado dentro do chamado”.

Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, onde faria seuretiro anual, recebe uma claríssima iluminação interior: dedicar a sua vida aosmais pobres dos pobres. Vira os miseráveis sempre, mas naquela noite seus olhosestavam diferentes. O Senhor a inquietou com aquela visão e naquela noite nãoconseguiu dormir: “Devo fazer alguma coisa”.

Relatou-o assim: “Em 1946, ia de Calcutá a Darjeeling, detrem, para fazer o meu retiro. Nunca é fácil dormir nos trens, mas tentarfazê-lo num trem da Índia é impossível: tudo range, há um penetrante odor desujeira pelo amontoado de homens e animais, todo um detrito de humanidade,cestos, galinhas cacarejando… Naquele trem, aos meus trinta e seis anos,percebi no meu interior um chamado a renunciar tudo e seguir Cristo nossubúrbios, a fim de servi-lo entre os mais pobres dos pobres. Compreendi queDeus desejava isso de mim…”.

Irmã Teresa pensava nos pobres de Calcutá que todas asnoites morriam pelas ruas e que na manhã seguinte eram jogados no carro dalimpeza como se fossem lixo. Não! Ela não conseguia habituar-se a esse terrívelespetáculo de pessoas esqueléticas morrendo de fome ou pedindo esmola pelasruas. A longa e dolorosa meditação que fizera terminou com uma pergunta muitoconcreta: que poderei fazer por estes infelizes?

A angústia da sua alma crescia. Amava a congregação, gostavade ensinar… quase nada poderia fazer dentro dos regulamentos a queamorosamente se sujeitara e que cumprira com toda fidelidade. Mas Deus nãopedira mais? Foi assim, com todas estas interrogações, que Irmã Teresa viveu oseu retiro daquele ano. Na oração e na meditação daqueles dias, confirmou-seque a aspiração que lhe brotava do fundo da alma não era um capricho, masmanifestação da vontade de Deus.

Regressando a Calcutá, escreveu ao Arcebispo, MonsenhorFernando Perier (Ver carta na pág.: xx)e mais tarde foi falar pessoalmente com ele, que a ouviu atentamente e, calmo,com a prudência peculiar dos pastores que zelam por seu rebanho, não permitiuque ela deixasse o convento e fosse viver entre os mais pobres. Irmã Teresaaceitou humildemente a recusa. Mais tarde, comentou-a: “Não podia ter sidooutra a sua resposta”.

Voltou ao trabalho diário que cumpria cada vez com maiordedicação, mas o chamado do Senhor não lhe saía do coração. Assim, um anodepois foi falar novamente com o Arcebispo. Levava nos lábios o mesmo pedido eno coração a mesma disposição para aceitar, com humildade e alegria, aresposta, qualquer que fosse ela. Monsenhor Périer escutou, mais uma vez, asrazões da Irmã Teresa. A sua simplicidade, fervor e persistência convenceram-node que estava diante de uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, destavez, aconselhou: “Peça autorização à Madre Superiora”.

Irmã Teresa escreveu prontamente uma carta, abrindo-seinteiramente à sua superiora, que viu nessas linhas a expressão da vontade deDeus. O que aquela religiosa pedia era algo muito sério e exigente. Por isso,respondeu-lhe nestes termos: “Se essa é a vontade de Deus, autorizo-te de todocoração. De qualquer maneira, lembra-te sempre da amizade que todas nós teconsagramos. Se algum dia, por qualquer razão, quiseres voltar para o meio de nós,te receberemos com amor de irmãs”.

Monsenhor Périer pediu autorização a Roma para Irmã Teresadeixar as Irmãs de Loreto e “viver só, fora do claustro, tendo Deus como únicoprotetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá”. A resposta de Pio XII chegouno dia 12 de abril de 1948, concedendo-lhe a desejada autorização. Emboradeixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, Irmã Teresa continuavareligiosa sob a obediência do Arcebispo de Calcutá.

 A saída da Congregação e o novo estilo de vida

Só em 16 de agosto de 1948 ela deixou o colégio de SantaMaria. Custou-lhe muito, bem como às companheiras e às alunas. “Sair daCongregação de Nossa Senhora de Loreto foi o maior sacrifício de minha vida.Sofri muito quando, com 18 anos deixei minha família e o meu país para entrarpara o convento; mas sofri muito mais quando deixei o convento para começar anova experiência que Jesus me havia pedido. Quando vi fecharem-se às minhascostas as portas do convento e vi-me sozinha nas ruas de Calcutá, experimenteium fortíssimo sentimento de desorientação, quase de medo, que foi difícilsuperar.”

Como os pobres aos quais tinha decidido servir, eram em suamaioria pessoas doentes, cobertas de chagas, com o corpo freqüentementedilacerado pela lepra, Madre Teresa julgou importante fazer um curso deenfermagem; dirigiu-se então a Patna, onde as irmãs Médico-Missionárias deMadre Dengel dirigiam um hospital a fim de fazer um breve curso de enfermagem.

Tendo abandonado o hábito da congregação de Loreto, MadreTeresa decidiu vestir-se com um “sari”, a indumentária mais comum na Índia, eescolheu-o branco, a cor dos insignificantes, debruado de azul. Colocou-lhe noombro uma pequena cruz. Este se tornou o seu novo hábito.

Madre Teresa escolheu o dia 25 de dezembro, dia do natal,para iniciar seu apostolado. Chegando à cidade, foi visitar a única favela queconhecia, que ficava bem próximo ao Colégio onde ela havia ensinado por tantosanos. Procurou um lugar para alojar-se e uma mulher alugou-lhe uma míseracabana por cinco rúpias por mês. Aquela foi sua primeira casa.

No dia seguinte reuniu um grupo de cinco crianças a quemcomeçou a dar aulas. No quarto não havia mesa, nem cadeiras, nem quadro-negro,nem giz. Com uma varinha, a freira traçava as letras do alfabeto bengali nochão da terra. O grupo cresceu rapidamente. Dez dias depois eram cerca decinqüenta. Além do alfabeto, a Irmã dava lições de higiene – muitas vezesiniciava a aula lavando o rosto dos alunos – e de moral. “Naquele gueto tudoera sujo: as cabanas, as vielas que eram também canais para os esgotos, aterra, as pessoas, os trapos que elas vestiam. No chão da sua cabana, a Madrevia passarem insetos, ratos, baratas. As cabeças das crianças estavam cheias depiolhos. Madre Teresa lembrava o colégio, seu lindo quarto, os ventiladores quearejavam os quartos, os alvos mosquiteiros. Parecia-lhe ter passado do paraísoao inferno. Mas era exatamente naquele inferno que viviam os pobres, os irmãosprediletos de Jesus, que ela queria servir.”.

“Através das crianças comecei a entrar nos meandros damiséria mais aguda de Calcutá. Naquele tempo, os sem-teto da cidade eram cercade um milhão. Ia de cabana em cabana procurando ser útil. Ajudava aqueles quedormiam nas sarjetas, que se alimentavam de restos. Encontrava os sofrimentosmais atrozes: cegos, aleijados, hansenianos, gente com o rosto desfigurado e ocorpo deformado, criaturas incapazes de manter-se de pé que me seguiam andandode quatro e pedindo um pouco de comida.”.

Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem.Quando ela passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de todaespécie gritavam por ela com os olhos inundados de esperança: “Madre Teresa!Madre Teresa!”.

Mas o início foi difícil. Ela sentiu a angústia terrível dasolidão. “Um dia, à procura de uma casa – era preciso um teto para acolher osabandonados –, caminhei ininterruptamente, até que já não pude mais. Entãocompreendi até que ponto de esgotamento têm que chegar os verdadeiros pobres,sempre em busca de um pouco de alimento, de remédio, de tudo… por teu amor,Senhor, desejo permanecer aqui e fazer o que a tua vontade exige de mim. Nãovoltarei atrás. A minha comunidade são os pobres. A sua segurança é a minha. Asua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres; não apenas dos pobres,mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não queremaproximar-se com medo do contágio porque estão cobertos de micróbios e vermes.Daqueles que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que jánão comem porque não têm força para comer. Daqueles que se deixam cair pelasruas, conscientes de que vão morrer, e ao lado dos quais os vivos passam semlhes dar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram aslágrimas; dos intocáveis”.

 As primeiras companheiras

As vocações começaram a surgir precisamente entre as suasantigas alunas. A primeira foi Shubashini Das. Disse: “Madre Teresa, se meaceitar, estou disposta a ficar com a senhora e a colocar a minha vida aserviço dos pobres”. Cautelosa, Madre Teresa respondeu: “Minha filha, pensamelhor, reza mais e, no dia 19 de março, festa de São José, vem falar novamentecomigo”. A jovem foi, pensou, rezou e no dia 19 de março de 1949 era aceita nacongregação que começava a surgir, escolhendo como nome para vida religiosa onome de batismo da sua antiga professora: Agnes.

A esta, outras se seguiram. Sem qualquer propaganda. Apenasatraídas pelo testemunho daquelas que se chamariam, mais tarde, Missionárias daCaridade. “Uma vida mais regular começou então para a nossa pequena comunidade.Abrimos escolas enquanto continuávamos a visita aos bairros de lata. Asvocações afluíam e a nossa casa tornou-se muito pequena”.

O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidosna rua era lavar-lhes o rosto e o corpo. A maior parte não conhecia o sabão e aespuma metia-lhes medo. Se as Irmãs não vissem nestes infelizes o rosto deCristo, o trabalho seria impossível. “Queremos que eles saibam que há pessoasque os amam verdadeiramente. Aqui eles encontram a sua dignidade de homens emorrem num silêncio impressionante… Deus ama o silêncio. Os pobres nãomerecem só que os sirvamos, merecem também a alegria, e as Irmãs oferecem-na em abundância. Opróprio espírito da nossa congregação é de abandono total, de amor confiante ede alegria… É a nossa regra, para procurarmos fazer alguma coisa bela porDeus!”.

 O carisma de fundadora

Tendo fundado a congregação das Missionárias da Caridade em1949, seu chamado à fundação ampliou-se em 1963 para os Irmãos Missionários daCaridade.

Em 1983, fundou também o ramo contemplativo das Irmãs, e em1979, o dos Irmãos. Em 1984, surgiram os padres Missionários da Caridade.

Como sua obra era – é – tão dinâmica quanto ela mesma, criouos colaboradores de Madre Teresa – pessoas de distintas crenças enacionalidades, com as quais compartilhou seu espírito de oração,sensibilidade, sacrifício e apostolado em humildes obras de caridade, o queinspirou posteriormente a criação dos missionários da caridade leigos.

Em resposta ao apelo de muitos sacerdotes, iniciou em 1981 omovimento sacerdotal Corpus Christi como um pequeno caminho de santidade paraos sacerdotes que desejassem compartilhar seu carisma e espírito.

 

É, verdadeiramente, uma obra que não pára de crescer.Espalhou-se pelo mundo todo – hoje está presente em 132 países, num total de710 casas (somando 4.690 religiosas e noviças das Missionárias da Caridade eincontáveis colaboradores). E abarca um grande contingente de frentes detrabalho.

De onde vinha tamanha força? Certamente, de seu encontroíntimo, pessoal, diário e profundo com o Esposo. Madre Teresa nunca perdia umaoportunidade para levar todos aqueles com quem cruzava, independentemente dasua origem, da sua posição social ou da sua religião, a encontrar-se com Cristo.“Vamos, primeiro, cumprimentar o dono da casa”. Era com essa frase simples quecostumava receber a maior parte das personalidades – por exemplo, o entãoPrimeiro-Ministro Nehru –, que vinham conhecer a casa das Missionárias daCaridade, dirigindo-as resolutamente à capela do Santíssimo Sacramento.

 Saúde abalada

Em 1983, estando em Roma, sofreu o primeiro ataque grave docoração. Tinha 73 anos. Foi muito bem atendida e o médico disse-lhe: “A senhoratem coração para mais trinta anos”. Tomou isso ao pé da letra e nem febre altaa fazia descansar. Continua seu intenso apostolado e participa de Sínodos, comoo de 1986, e dos atos do Ano Mariano de 1987 e do Ano Santo da Redenção, bemcomo das viagens papais.

Em setembro de 1989, sofre um segundo ataque do coração ecorre sério risco de vida, mas recupera-se e retoma o seu incrível trabalho commais ardor e vigor do que antes, apesar do marcapasso. Os médicos quiseramdar-lhe um tratamento especial, mas ela recusou-se, dizendo que seus pobres nãodisporiam deste privilégio, logo, ela também não queria concessões. Em 1990,pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta a ser reeleita porunanimidade por outros seis anos, até 1996, e o Papa torna a confirmá-la – já ofizera outra vez antes – como Superiora das Missionárias da Caridade.

 O encontro com o Esposo

No dia 05 de setembro de 1997, depois de sofrer uma últimaparada cardíaca, foi a vez do encontro, desta vez definitivo, com o Dono eSenhor da sua alma.

Uma fila quilométrica formou-se, dias a fio, diante daigreja de São Tomé, em Calcutá, onde o seu corpo estava sendo velado.

Ao fim de uma semana, como muitos milhares de pessoas aindaqueriam dizer-lhe o último adeus, o corpo da Madre foi transladado ao EstádioNetaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano,celebrou a missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportarao corpo do Mahatma Gandhi, foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da Mãedos pobres.

Menos de dois anos depois de sua morte, em virtude doreconhecimento de sua vida de santidade, o Papa João Paulo II permitiu aabertura da Causa de Canonização. No dia 20 de dezembro de 2002 aprovou osdecretos sobre as suas virtudes heróicas e seus milagres e em 19 de outubro de 2003 a declarou beata.

 Box 1:

A obra de Madre Teresa

O próprio Arcebispo Perier – com quem primeiro Madre Teresaconversou a respeito de seu segundo chamado e que escreveu ao Vaticano pedindoautorização para que a freira deixasse o convento de Loreto – estabeleceu as Missionáriasda Caridade como uma congregação religiosa de direito diocesano, em 7 deoutubro de 1950.

Em 1952, percorrendo, como de costume, as ruas para prestarajuda aos mais necessitados, de repente, parou diante de um espetáculohorripilante: uma mulher agonizava no meio de escombros, roída pelos ratos epelas formigas. Madre Teresa a recolheu e levou-a ao hospital mais próximo. Láchegando, explicaram que não poderiam cuidar dela, visto que era certezamorrer. Preferiam dar atendimento a quem tinham esperança de salvar, tamanhaera a demanda.

Madre Teresa não se conformou: “Não sairei daqui enquantonão a receberem”. A mulher entrou, mas morreu pouco depois. Madre Teresa sofreucom essa realidade tão dura de tantas pessoas que morrem nas ruas sem se sentiremjamais amadas nem assistidas. Então pediu à autoridades: “Dêem-me um local queme encarrego de tratar dos moribundos”. Deram-lhe duas grandes salas de umedifício contíguo ao templo da deusa Kali. Ela lhe seu o nome de Kalighat:(Casa do Moribundo). (Ver pág. xx).

Ainda em 1952, Madre Teresa abriu o lar infantil ShishuBhawan (Casa da Esperança). “As crianças são a mais bela dádiva de Deus, mas ohomem, em seu egoísmo, nem sempre dá a essa dádiva o seu devido valor”, diziaela.

Em 1959, a Madre abriu um importante centro para os hansenianos,que chamou Gandhiji Prem Niwas (Morada do Amor), em homenagem a Mahatma Gandhi,que tinha grande amor por esses doentes.

Enfim, suas atividades no mundo todo estendem-se sobrediversas áreas: centros de educação e bem-estar infantil, programas dealimentação, creches, centros de planejamento familiar natural, enfermarias,clínicas para hansenianos, centros de reabilitação, lares para criançasabandonadas, para crianças portadoras de deficiência física ou mental, paramães solteiras, para doentes e moribundos sem família, casas para alcoólicos,abrigos noturnos e hospitais para aidéticos, ainda visitas a famílias e apresidiários.

 Box 2:

O reconhecimento do mundo todo

A obra e, evidentemente, também sua inspiração e carismalevaram-na a se tornar uma das pessoas mais conhecidas e amadas no mundo. E,certamente, uma das mais condecoradas. O número de países e instituições quelhe deram prêmios é tão grande que as Irmãs já desistiram em listá-los. Aceitavaa todos, em nome dos pobres. E o que fazia com o dinheiro – ganho em espécie ouem troféus ou medalhas de metais ou pedras preciosas? É óbvio: revertia tudo embenefícios à sua “clientela”. “Certa vez, em Nova Delhi, ganhou umtroféu tão pesado que foram necessários dois homens para levá-lo ao palco. Nametade do evento, teve de sair para pegar o avião de volta a Calcutá – muitascompanhias aéreas, inclusive a Air India e a India Airlines, davam à MadreTeresa e a um acompanhante transporte gratuito em qualquer de seus vôos. Nocaminho do aeroporto, ela se lembrou do troféu e me pediu para pegá-lo eenviá-lo ao convento. Achando que tal placa, grande e prateada, ficaria meioestranha na recepção da casa da Madre, perguntei-lhe onde ela a guardaria. ‘Guardar?’– exclamou surpresa com minha pergunta – ‘Vou vendê-la! Ela vai gerar remédiospara nossos pacientes. Tenho certeza de que os organizadores não irão seincomodar’.”, testemunha um jornalista que a acompanhava nesse evento.

O primeiro reconhecimento veio da Índia, em 1962: o PrêmioPadma Shri (a Ordem do Lótus). O segundo – Prêmio Ramon Magsaysay, dasFilipinas – foi sinal do milagre divino que a acompanhava constantemente. Haviao projeto de montar uma casa para crianças perto do Taj Mahal, em Agra, masfaltavam os recursos necessários. No mesmo dia em que Madre Teresainformou às Irmãs em Agra que teriam de adiar o projeto, chegou a notícia doprêmio, que era acompanhado de 50 mil rúpias, a quantia exata de que precisavampara começar a casa.

Os 21.500 dólares que acompanharam o Prêmio InternacionalPapa João XXIII, em janeiro de 1971, chegaram justamente quando precisavam dedinheiro para desenvolver Shantinagar, a cidadezinha dos hansenianos criadapela Madre.

A esses seguiram-se muitos, como: Prêmio Internacional JohnF. Kennedy, em setembro de 1971; Prêmio Jawahalal Nehru, pelo acordoInternacional, em novembro de 1972; Prêmio Templeton, pelo “Progresso emReligião”, em abril de 1973; Prêmio Nobel da Paz, em dezembro de 1979; BharatRatna (Jóia da Índia), em março de 1980; Ordem “Distinguished Public ServiceAward”, nos Estados Unidos, em 1980; Ordem do Mérito, da Rainha Elisabete, emnovembro de 1983; Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoraçãodos Estados Unidos, em 1983; Medalha de Ouro do Comitê Soviético pela Paz, emagosto de 1987; Medalha de Ouro do Congresso dos Estados Unidos, em junho de1997. Todos devidamente empregados em benefício dos mais pobres entre ospobres.

Muitas universidades ainda lhe conferiram o título “HonorisCausa”. Além dos prêmios, sua vida foi registrada em dezenas de livros e emfilmes no mundo todo.


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.