“Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido unicamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando igualmente o aspecto corporal deste acontecimento: Jesus foi concebido do Espírito Santo, sem sémen [de homem]. Os Santos Padres vêem, na conceição virginal, o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio ao mundo numa humanidade como a nossa” (CIC 496).
Entre os grandes defensores dessa doutrina, que é um dogma da Igreja desde o ano 649, estão Santo Inácio de Antioquia e Santo Agostinho de Hipona. Segundo esses mestres da fé, a perfeita e perpétua virgindade de Nossa Senhora é um privilégio em honra à Mãe e à dignidade do Filho.
Inácio, em seus escritos, muito se empenhou afirmando que: “Maria concebeu Cristo, virgem; deu-O à luz virgem; e virgem permaneceu”. A resposta para essa questão, no entanto, torna-se um grande desafio se temos a consciência de que a virgindade dela não é simplesmente um estado ou privilégio, mas um mistério que abrange o mistério do próprio Jesus Cristo. Não significa apenas o estado virginal da Mãe do Senhor, mas também, e principalmente, a concepção de Jesus em seu seio. Por isso, a pureza de Maria pertence ao mistério de Cristo.
A esse respeito, Santo Inácio de Antioquia nos ensina: “A virgindade foi o modo pelo qual Maria pertenceu a Cristo”. Ademais, o evangelista Mateus fez questão de fazer uma declaração sobre a índole e o caráter de São José: ele era justo (cf. Mt 1,19). Sendo um judeu tão temente a Deus, seria o primeiro a não tocar em Maria conjugalmente, após saber que seu ventre foi instrumento de algo tão sobrenatural: a encarnação e gestação do Filho de Deus. O parto virginal e a virgindade perpétua de Maria são sinais da sua consagração total a Deus, de seu serviço sincero a Ele e de um abandono total à Sua vontade.
Então, como podemos ver, apoiados nas Escrituras e na Tradição, é bem mais razoável crer na virgindade perpétua da Mãe do salvador, do que o contrário. Ademais, sendo um dogma da fé, jamais poderíamos duvidar de que a Mãe de Deus permaneceu virgem antes, durante e depois do parto, como assim nos ensina santamente a doutrina católica.