José Ricardo, Consagrado na Comunidade de Aliança Shalom
Tome Lc 1,39-45 e Mt 17,1-8.
Quando Maria ouve do anjo que sua parenta Isabel está grávida de seis meses, ela “pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente …” (cf. Lc 1,39). Vemos aí a subida de Maria ao monte onde estava a cidade de sua prima Isabel. Para o judeu, o monte é sempre um lugar de oração. No Antigo Testamento encontramos dois belos exemplos de oração no monte: Moisés (cf. Ex 33,12-23) e Elias (cf. 1Rs 19,1-18). Ainda que o objetivo principal de Maria não fosse o de orar, não podemos imaginar que ela não reservasse largos momentos para sua oração, para seu encontro pessoal, a sós, com o seu menino-Deus, enquanto ajudava sua prima. Também na passagem da transfiguração não está explícito no texto que Jesus subira para orar, mas é claro que Ele leva seus discípulos para um lugar a parte para isto, para orar! Está implícito, subentendido! E você? Também tem reservado seus momentos para “subir ao monte” e rezar?
“Maria entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lc 1,40) e esta, “repleta do Espírito Santo, grita: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?” (Lc 1,42-43). Naquele momento, Isabel tem o mesmo sentimento dos apóstolos: “É bom estarmos aqui!” (Mt 17,4). Ela e João, bem como seu marido Zacarias, são beneficiados com a visita de Maria que traz Jesus.
Um outro ponto interessante é podermos associar as figuras de Moisés e Elias que conversam com Jesus, na transfiguração, com Zacarias e João Batista. Este, foi o último dos profetas e apontado pelo próprio Cristo como figura de Elias (cf. Mt 17,9-13). O sacerdote Zacarias exercia sua função no Templo, oferecendo sacrifícios e intercedendo pelo povo como fazia também Moisés, embora não existisse o Templo. Na transfiguração, Pedro propõe: “Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (Mt 17,4). Na visitação, Deus havia providenciado três tendas: A primeira, era a própria casa de Zacarias. A segunda, era o ventre de Isabel que abrigou João Batista, e a terceira, o ventre de Maria, que recebeu Jesus. Vemos nas três um certo crescimento em ordem de construção: A primeira, a casa, fora feita por mãos humanas; a segunda, o ventre de Isabel, a primeira mulher grávida que recebe o Espírito Santo pela visita de Jesus no seio de Maria; e por fim, a própria Maria, a imaculada, a concebida sem pecado, foi a Tenda perfeita para Jesus. Maria, com efeito, é venerada na Ladainha com o título de “Casa de Ouro”. Zacarias, João Batista e Jesus também podiam, cada um a seu modo, dizer: “É bom estarmos aqui!”. “Este é um lugar seguro, pois aqui habita Deus!” E para você? Será que sua casa é um lugar seguro, onde Deus faz sua morada?
Da nuvem luminosa saiu uma voz que disse: “Este é o meu Filho amado em quem pus toda minha afeição, ouvi-o” ou “Este é o meu Filho bem-amado, aquele que me aprouve escolher. Ouvi-o” (cf. as traduções da Ave-Maria e TEB, respectivamente). Há uma diferença, embora sutil, entre as duas traduções, mas somente nos lábios de Maria podemos colocar estas mesmas palavras vindas do Pai, dirigidas ao Filho, inspiradas pelo Espírito Santo: “Este é o meu filho muito amado, aquele em quem ponho toda a minha afeição e a quem eu disse “sim” para que Ele fosse gerado. Eu o escolhi. Ouvi-o”. “Fazei tudo o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,5), completaria ela em Caná da Galiléia.
Depois destas leituras e meditações, já não temos muitas razões para orar e contemplar? Faça, então, você mesmo sua oração, você que é Templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 6,19). Glorifique o Senhor pelas maravilhas que Ele faz em sua vida! Se quiser, inicie com o cântico de Maria, o Magnificat em Lc 1,46-55, mas deixe-se conduzir pelo Espírito!
Para sua contemplação, sugiro que “pinte” mentalmente um ícone com os seguintes personagens: Maria grávida de Jesus, ao centro. Isabel, exultando no Espírito com a visita, tendo o pequeno João Batista “pulando” de alegria no seu ventre. No outro lado, o mudo sacerdote Zacarias em atitude de respeito e adoração àquela divina presença em sua casa. Uma nuvem luminosa do Espírito Santo envolvendo todo o ambiente em que se encontram e acima de todos um triângulo representando a voz do Pai. Permaneça em silêncio por um bom tempo, contemplando este lindo mistério de uma visita transfigurada do Senhor.