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Acompanhar, analisar e gritar!

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No dia 16 do mês passado, realizou-se na capital paulista, no Vale Anhangabaú, um show gigantesco e mirabolante na sua apresentação – mas fraco e inexpressivo na sua participação. Vejam bem!…Esperava-se uma multidão. O boato era que iam se reunir dois milhões de pessoas. Mas… que grande engano! O número das pessoas presentes não passava de 15 mil.

Por que esse fiasco? Onde está o nosso povo?

De fato, havia alguns fatores da parte dos organizadores que não pareciam tão claros, deixando nosso povo na indecisão ou com um pé atrás, como se costuma dizer.

A começar com a comissão organizadora: a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo) e a Associação Comercial Paulista. Fazia parte da organização também a Frente Nacional da Nova Geração, composta de diversas entidades que reúnem empresários e profissionais liberais.

Esse tom de solenidade pode dificultar ou, pelo menos, não favorece o comparecimento do povão. Doutro lado, um forte atrativo que poderia ter arrastado povo para a concentração foi a presença de cantores populares com suas bandas.

Atrapalhou também a expectativa dum grande público a falta de conhecimento da finalidade da concentração. Eis o que respondeu um dos músicos, quando foi interrogado porque estava lá: “Não sei bem do que se trata. Sei que o grupo topou e, por isso, estou aqui”.

O próprio assunto a ser tratado não era tão atraente: PROTESTO CONTRA A POSSÍVEL APROVAÇÃO DA CPMF. Um assunto que não atinge tanto as classes populares, mas sim os grandes empresários e os homens de muitos negócios.

Mas, mesmo assim, não se explica a fria ausência do povo. Apenas quinze mil. Um clamoroso fiasco!

Um fenômeno acentuado em nossos dias: a frieza e desinteresse do povo pelos atos do governo. Não há sérios comentários, sadias discussões, busca de explicações. Nenhum veemente protesto. Aliás, um dos gestos de reprovação dos atos de nossos governantes foi por ocasião da descoberta do caso Renan Calheiros. Por que esse silêncio e esse marasmo? Será que o povo se cansou? De fato, nosso povo paciente e honesto, tem fama de calmo e resignado. Mas a calma tem limites, quando estão em jogo os justos direitos do cidadão.

Não acho que o povo está sendo omisso no caso da CPMF que, dentro de certas condições, poderá até ser um bem. Refiro-me, sim, à falta de interesse do povo em acompanhar os atos do governo. A autoridade, legitimamente constituída, tem o dever de promover o bem de seus cidadãos. Daí o dever de o povo estar sempre vigilante. Pois “a autoridade só é exercida legitimamente se procurar o bem comum do grupo em questão e se, para atingi-lo, empregar meios moralmente lícitos” (Cat. da Igreja Católica, nº 1903).

No tocante aos atos do governo, principalmente em nossos dias, todo bom cidadão deve ACOMPANHAR, ANALISAR e, se for preciso, GRITAR!

Dom Antônio de Sousa,
Bispo emérito de Assis (SP)

Fonte: Site CNBB


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