Formação

Adolescência de Santo Agostinho: sem saber buscava por Deus

Delcy Pereira traz mais um resumo de Confissões de Santo Agostinho. Desta vez, os relatos são da adolescência do santo que se reconhece como homem ferido pelo pecado.

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FOTO: CATHOPIC

É um dos grandes da história que está a confessar-se. Interessante ver-se nele, contemplar a própria vida em diálogo com Santo Agostinho, não buscando uma leitura fria, mas um desejo de autoconhecimento e de percorrer a trilha agostiniana.

Neste livro Agostinho relata o período de sua adolescência. Reconhece a atração e a sedução pelos bens inferiores em detrimento do bem supremo que é Deus. Reconhece a beleza e a atração que o ser criado exerce sobre si, numa frenética busca por saciedade e preenchimento que só se plenificará no alcance do Criador, na excelência que se encontra nos bens superiores.

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Sem demonstrar piedade de si mesmo, confessa-se como homem ferido pelo pecado, que deixou em si e nos demais homens propensões às más tendências, aos vícios e toda espécie de erros. Aponta a misericórdia divina em uma espécie de “dupla remissão”: o perdão pelas faltas cometidas e a redenção antecipada, previdente, que não nos permitiu cometer outras faltas a que estaríamos em potencial de cometê-las.

Ressalta o silencio divino, respeitando nosso livre-arbítrio, aguardando que as consequências causadas por nossos atos, possa nos ser útil: dor, pena ou remorso, ou seja o que for que nos torne favorável o arrependimento, porque nos ama, nos quer bem.

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Alerta aos leitores mais virtuosos do que ele que ao lerem a obra não se riam dele (não tem como), achando-o ridículo, mas que, conhecendo sua confissão, reconheçam a clemência divina.

Cita os pais em dada passagem, acerca da visão que tinham dele neste período: o pai percebia a virilidade no filho recém-chegado à puberdade. A mãe não o encaminhou direto ao matrimônio, segundo sua potência viril, embora desejasse-lhe vida casta, por achar que isto poderia atrapalhar-lhe o êxito nos estudos, e os estudos poderiam aproximá-lo de Deus. Quanto ao pai tinha ambições vãs referente ao filho, desejando-lhe apenas o progresso e que viesse a dar-lhe netos.

Em seguida, dá uma aula sobre diversos pecados, quase todos os capitais, mas antes cita o furto de peras e como se deu a satisfação em si diante do ato cometido. Sentiu vanglória por ter infringido a lei, o que lhe trouxe sentimento de soberba. Ao reconhecer que o fruto pouco tinha de extraordinário (não era dos mais admiráveis e apetecíveis), percebeu que o que lhe atraiu foi o mal gratuito. O ato de furtar foi mais significativo que o usufruto do bem, que chegou até a jogar fora, sem tê-lo consumido todo. Alega que não teria feito aquilo sozinho, pois sem cúmplices, não teria com quem compartilhar as risadas da vantagem injustamente obtida.

Quanto aos outros temas, aborda de maneira interessante acerca do pecado, como um desvio ou erro do alvo que pode ser um indicativo do que ou a quem o homem busca. Embora o homem não saiba, para Agostinho, a alma deseja a Deus por trás de cada ato por mais pecaminoso que seja. Por exemplo:

  • Na crueldade, o homem tem sede de ser temido, mas quem deve ser temido senão unicamente Deus?
  • Nos carinhos voluptuosos o homem busca reciprocidade, mas quem pode acariciar o homem senão a verdade divina?
  • A curiosidade traz em si desejo pela ciência, mas quem conhece tudo senão Deus somente?
  • A ignorância e a ingenuidade cobrem-se de simplicidade, mas quem é inocente senão unicamente Deus?
  • A preguiça busca repouso, mas quem é descanso senão unicamente Deus?
  • A luxúria busca saciedade e abundâncias, mas quem é a plenitude que não se esgota senão Deus?
  • A prodigalidade cobre-se com a liberalidade, mas quem é generoso por excelência, senão Tu?
  • A avareza deseja possuir tudo, mas quem possui todas as coisas?
  • A inveja clama por primazia, mas quem é mais excelente do que Deus?
  • A cólera quer vingança, mas que vingança é mais justa do que a divina?
  • O temor traz em si um zelo por segurança dos bens diante do inesperado, mas onde há segurança senão ao teu lado?
  • A tristeza decorre da perda de bens, mas no fundo o desejo é que, ninguém como a Ti, nos seja tirado.

Encerra no último parágrafo do livro II com uma escrita que bem pode ser uma oração. Há partes do livro que há citações bíblicas indiretas e há trechos que sutilmente se transformam em prece sem o autor avisar previamente:

Eu quero a ti, ó justiça, ó inocência, ó beleza que atrai o olhar dos virtuosos, que em ti se satisfazem sem jamais se saciar. Junto de ti existe paz profunda e vida imperturbável. Quem mergulha em ti, ‘entra no gozo do seu Senhor’, não terá receio, e permanecerá sumamente no Bem supremo. Desandei longe de ti, meu Deus, e na minha adolescência andei errante sem teu apoio, tornando-me para mim mesmo um antro de miséria”.

 

Ouça a música do Missionário Shalom baseada em uma oração de Santo Agostinho: 

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