Um terreno a ser desbravado. É desta forma que o artista plástico Adonias JúnNior, missionário da Comunidade de Aliança Shalom em São Luís (MA), tenta definir a arte iconográfica, ou seja, a escrita dos ícones. Ele acredita que tornar o “belo” um bem público e acessível é o seu papel como artista Shalom.
Na Comunidade Shalom, conforme os Escritos, os ícones são utilizados como parte da sua riqueza espiritual. “Em tudo, se favoreça o seu conhecimento, veneração e difusão.” (ECCSh art.46). A palavra ícone vem do termo grego “eikon”, que quer dizer imagem. Na história da arte, denomina uma pintura de gênero sagrado, que segue uma tradição de séculos, executada sobre madeira e geralmente portátil.
A arte iconográfica obedece a uma técnica antiquíssima, utilizando materiais singulares, como têmpera à base de ovo, cola de coelho e peixe, pigmentos, gesso, entre outros. Adonias conta que, em seus trabalhos, tem lançado mão de outras técnicas além das clássicas, algumas novas para a arte sacra, as quais serão apresentadas na exposição “Lumen: o alvorecer do Outro”, em abril, reunindo mais de 20 trabalhos de Adonias.
As criações de Adonias JúNior também estarão este ano no Casacor Maranhão, exposição de trabalhos relacionados a arquitetura, design e decoração. O evento está presente em vários estados brasileiros e em alguns países da América do Sul.
“Gravito nesse mosaico de alegrias, tristezas, inquietações e estímulos, imbuído da consciência de propagar a arte, para alguns às vezes incompreensível, mas sempre sensível, de temas, técnicas, ações e sensações”, afirma Adonias JúnNior.
Para Adonias, que já teve suas criações conhecidas em diversas exposições individuais e coletivas, quanto mais consciente está o artista do seu trabalho, do “dom” que possui, tanto mais está impelido a olhar para si mesmo e para a criação inteira com olhos capazes de contemplar o Criador nas criaturas e expressar-se.
A serviço da Igreja
Para ajudar os devotos do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em São Luís, a entender melhor o tema do Festejo de 2013, o artista Adonias JúnNior escreveu os ícones de Jesus Crucificado, Maria e João, que formam a cena da crucificação, em que Jesus disse a frase “Filho, eis a tua mãe”.
“É uma espécie de testamento deixado por Ele. Todas as pessoas são chamadas por Deus a serem, também, discípulos amados e filhos de Maria”, explicou o padre Arnaldo Meneses, scj, reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição.
Os ícones foram expostos durante missa realizada na praça Maria Aragão, no centro de São Luís (local onde anualmente ocorre o Halleluya).
Pelo contexto campal em que foram apresentados, os ícones originais receberam intervenções visuais, como sombras projetadas, vegetações e cenário com referências naturalistas ou “modernizadas”. No entanto, conforme adverte Adonias, tais alterações são consideradas incorretas para o Cânon Iconográfico.
Também o Santuário de São José de Ribamar (padroeiro do Maranhão), no município de mesmo nome, teve um ícone escrito pelo artista.
Segundo Adonias, o ícone grafado na capela do Santuário, local visitado diariamente por centenas de turistas, foi uma forma de favorecer a oração e a devoção mais do que o turismo.
“Como artista Shalom, meu papel é vestir as luvas da humildade, a cada respiro meu e, com cruz e ressurreição a cada fazer artístico, comunicar o Belo, o Ressuscitado que passou pela cruz”, ressalta Adonias.