Formação

Adorar o Senhor no Santíssimo Sacramento

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José Bonifácio Fonseca Matos

Em sua carta apostólica “Mane Nobiscum Domine”, o nosso querido Papa João Paulo II nos apresenta o dom da Eucaristia como um grande mistério. Mistério a ser celebrado de maneira digna; que deve ser adorado e contemplado. Queremos assim nos animar mutuamente a estarmos unidos à Santíssima Eucaristia também em seu culto fora da missa.

De um lado, sabemos que antes de tudo a Eucaristia é o sacrifício pascal de nosso Senhor; que é na missa onde se atualiza o mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus. Daí a necessidade de celebrarmos com toda dignidade, não somente em decoro, mas em comunhão profunda com o mistério celebrado e com o corpo comunitário. Participar ativa e conscientemente do inesgotável dom de Cristo. Por outro lado, a Igreja nos anima a estarmos diante do tabernáculo do Senhor ‘perdendo o nosso tempo’: “A presença de Jesus no tabernáculo deve constituir como que um pólo de atração para um número sempre maior” de almas apaixonadas por ele, capazes de ficar longo tempo escutando a voz e quase que sentindo o palpitar do coração” (MND, n. 18, p. 20).

Infelizmente, não poucos têm colocado a adoração ao Santíssimo Sacramento como uma simples devoção dentre outras tantas. Ora, o Senhor é simples e pobre, pois quis ficar de forma perene entre nós. Todavia, adorar o Senhor em sua presença substancialmente real, é bem diferente de realizarmos uma simples novena. Assim vemos João Paulo II nos dizer: “É preciso, em particular, cultivar, quer na celebração da missa, quer no culto eucarístico fora da missa, a viva consciência da presença real de Cristo.” (MND, n.18, p. 19). A carta apostólica do santo padre ainda nos anima dizendo que a adoração eucarística fora da missa deve se tornar um empenho especial para cada comunidade paroquial e religiosa.

É por demais motivador encontrar homens com profundo conhecimento filosófico e teológico como João Paulo II que mergulham na presença escondida de Jesus em seu Santo Sacramento! É belo ouvir o Papa dizendo: “Permaneçamos longamente prostrados diante de Jesus presente na Eucaristia, reparando com a nossa fé e o nosso amor os descuidos, os esquecimentos e até os ultrajes que nosso Salvador deve sofrer em tantas partes do mundo” (MND, n.18, p. 20).

Ainda muito recentemente tivemos a Jornada Mundial da Juventude em Colônia, na Alemanha. O tema escolhido para esta Jornada de 2005 foi exatamente: “Viemos adorá-lo” (Mt 2,12). Tal escolha quis sugerir a justa atitude com a qual devemos viver este Ano Eucarístico (Cf. MND, n. 30, p. 35). E pudemos ver quão grande foi a expressão de amor dada pelos jovens naquela ocasião ao Senhor Eucarístico. Em Colônia, jovens de todas as nações, alegremente, deram um testemunho público da fé em Jesus Cristo que não nos quis deixar sozinho. Que força tem a Eucaristia! A exemplo dos magos, lá estavam os jovens a adorar o Senhor. E, sem dúvida, também como os magos muitos jovens, tendo adorado o Senhor, voltaram à sua pátria por outro caminho e com intenções contrárias àquelas que o mundo lhes tinha ensinado.

São tantos os jovens, os homens e mulheres que perdem literalmente a sua vida por prostrarem-se diante de mitos e ídolos criados por uma consciência racionalista. Em vez disso, devemos imitar o grande número de santos e santas que, na simplicidade, aprenderam a contemplar e adorar Jesus Eucarístico. “Estão diante dos nosso olhos os exemplos dos santos, que na Eucaristia encontraram o alimento para o seu caminho de perfeição. Quantas vezes eles verteram lágrimas de comoção na experiência de tão grande mistério e viveram indizíveis horas de alegria ‘esponsal’ diante do Sacramento do altar”. (MND, n.31, p. 36).

Prostrando-nos diante da Eucaristia, aprenderemos de maneira certa o que significa comunhão, cultura do diálogo, vida solidária, serviço aos mais necessitados e respeito à dignidade humana. Graças à iniciativa do Senhor que quis permanecer conosco podemos aprender dele as melhores lições. A busca incessante de muitos homens de hoje em responder às suas grandes perguntas não pode ser desvinculada da fé que nos faz prostrar diante de Jesus simples.

Deus, que nos deu o seu amor para que o amemos – como diz santa Teresinha do Menino Jesus – nos conceda a graça de estarmos todos os dias em sua presença, em escuta e adoração.

Referência bibliográfica:
Carta apostólica Mane Nobiscum Domine do Sumo Pontífice João Paulo II ao episcopado, ao clero e aos fiíes para o Ano da Eucaristia. 4ª. Edição – Paulinas.

Fonte: Revista Shalom Maná


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