Outros com muita coragem adotam uma criança de verdade no seio da família, acolhendo-o amorosamente como filhos do coração. Mas, se somos capazes de tais gestos generosos, por que não adotar uma alma? Sim, isso mesmo, uma alma, que por meio de nossas orações e súplicas ela possa alcançar o céu?
Sabe aquele garoto da esquina que você tem medo, pois ele parece violento, o assaltante que você nem sabe o nome, mas o viu em um dos programas policial da TV? A senhora aborrecida que te persegue no emprego, o pai de família seu vizinho, que costuma chegar embriagado em casa, a menina de sua escola que sofre de depressão, o seu professor esquisito que é indiferente aos alunos ou o irmão que não fala contigo há anos?…, “levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem”.
Adotar uma alma é sobrenatural, é de alma para alma, quem sabe no seu processo de conversão você humildemente não foi adotado por alguém? Adote uma alma!
Nestes últimos dias, o mundo voltou os olhos para a cidade de Fátima em Portugal, para as comemorações do Centenário das aparições, onde milhões de fiéis rezaram e contemplaram o terço com o Papa Francisco, lotando a praça principal da cidade, fazendo ressoar como um coro divino a jaculatória em que suplicavam do alto, o socorro a todas as almas necessitadas. “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem”. Esta oração foi ensinada por Nossa Senhora de Fátima em 1917, aos três pastorinhos,em uma de suas aparições e que ainda hoje acrescentamos na recitação do Rosário.
Enfim, são centenas de almas ao nosso redor, que precisam urgentemente serem adotadas por mim e por você e colocadas diariamente anonimamente em nossas preces, não de forma generalizada mas especifica. Não precisamos ir muito longe, pagar taxas ou achar uma placa: Adota-se alma! Basta sair um pouco de si, acreditar no salmo 33, “este infeliz gritou a Deus e foi ouvido” e interceder.
Santa Teresinha do Menino Jesus, aos 14 anos, de fato, adotou a primeira alma ao ler no jornal, a história do assassino Henrique Pranzini, que havia estrangulado a sangue frio três pessoas. A notícia repercutiu por toda a França, pois o homem mesmo preso, não dava nenhum sinal de arrependimento. Porém, quando Pranzini foi condenado à morte, a santa se pôs a luta para livrá-lo da eterna condenação: rezou, fez sacrifícios e mandou celebrar uma Missa, nessa intenção. “Pedi a Jesus apenas ‘um sinal’ de arrependimento, simplesmente para minha consolação”, diz Teresinha em seus escritos.
No dia seguinte ao da execução, ela leu no jornal “La Croix” a descrição detalhada dos derradeiros minutos de vida do criminoso:
“Às cinco horas menos dois minutos, enquanto os pássaros silvam nas árvores da praça e um murmúrio confuso se ergue da multidão (…) abre-se a porta da prisão e assoma pálido o assassino. O capelão, Pe. Faure, põe-se à sua frente, ele repele o padre e os carrascos. Ei-lo diante da guilhotina para onde o carrasco Deibler o empurra. Um ajudante, colocado do outro lado, agarra-lhe a cabeça, para mantê-la presa pelo cabelo embaixo da lâmina prestes a cair. Antes, porém, talvez um relâmpago de arrependimento tenha atravessado a consciência do criminoso. Pranzini pediu ao capelão o crucifixo e beijou-o duas vezes. Depois, o cutelo caiu, e quando um dos ajudantes agarrou pelas orelhas a cabeça cortada, concluímos que, se a justiça humana estava satisfeita, talvez este derradeiro ósculo tenha satisfeito também a Justiça Divina, a qual pede, sobretudo, o arrependimento”.