Fiquei pensando sobre este título. No primeiro momento achei sem sentido, mas no desenrolar do pensamento percebi que podemos dar algum sentido a ele, basta refletirmos o que significa “entulhar”.
Entulhar é entupir, amontoar, acumular. Gostaria de ficar com este significado: “acumular”. O que acumulamos em nossas vidas? Pode ser dinheiro, conhecimentos, pessoas, coisas. Às vezes, tudo isto pode virar entulho: o dinheiro pode ficar entulhado numa conta de banco sem um destino certo, os vários conhecimentos que adquirimos podem virar memória num passado remoto, as pessoas podem permanecer em nossa vida até quando nos são úteis. Mas, o que tem de mais em ter dinheiro no banco? Ou estudar para adquirir conhecimentos, ou ainda ter pessoas que me ajudem e comprar coisas que me dão bem-estar? Nada de mais! Se isto me fizesse feliz de verdade.
Muitas vezes procuramos a felicidade em tantas coisas e lugares e, percebemos que ao conquistá-las não estamos realmente satisfeitos. É como quando a gente varre a sujeira para debaixo do tapete e um dia ao tirá-lo do lugar para limpar vemos os vários tipos de lixo que ficaram amontoados por alguns dias. Na nossa vida também é assim. Chega um tempo em que teremos que realizar uma faxina, limpar a nossa mente, renovar os nossos pensamentos e transformar o nosso jeito de ser no mundo.
E, este é o momento oportuno para fazermos isso: é tempo do Advento. Tempo de pormos a Verdade no lugar da mentira. Não uma verdade qualquer, mas, a Verdade, que nos liberta principalmente sobre nós mesmos.
Ao término deste processo, quando colocamos tudo para fora, verificamos que os entulhos da nossa vida podem virar arte. Arte? … Sim! Aos poucos, com a graça de Deus, separamos o que pode ser reciclado do que devemos jogar no lixo. Tudo pode virar arte quando colaboramos com o divino Autor_ até mesmo aquele lixo que se misturou no meio do entulho e já não conseguimos perceber mais. Que esta partilha nos ajude a sermos melhores do que fomos ontem.
Márcia Andrea, Consagrada da Comunidade de Aliança
