Formação

Advento, tempo de conversão

comshalom

Queridos irmãos:

Ontem, solenidade da Imaculada Conceição, a liturgia nos convidava a dirigir o olhar a Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, estrela da esperança para todo homem. Hoje, 2º domingo do Advento, ela nos apresenta a figura austera do Precursor, que o evangelista Mateus introduz com estas palavras: «Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia: ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’» (Mt 3, 1-2).

Sua missão consistiu em preparar o caminho do Messias, exortando o povo de Israel a arrepender-se dos próprios pecados e a corrigir toda iniqüidade. Com palavras exigentes, João batista anunciava o juízo iminente: «toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo» (Mt 3, 10). Alertava sobretudo diante da hipocrisia de quem se sentia seguro somente pelo fato de pertencer ao povo escolhido: diante de Deus, dizia ele, ninguém tem títulos dos quais se orgulhar, mas tem de dar «frutos que provem a vossa conversão» (Mt 3, 8).

Enquanto continua o caminho do Advento, enquanto nos preparamos para celebrar o nascimento de Cristo, ressoa em nossas comunidades este chamado de João Batista à conversão. É um convite urgente a abrir o coração e a acolher o Filho de Deus que vem entre nós para manifestar o juízo divino.

O Pai, escreve o evangelista João, não julga ninguém, mas confiou ao Filho todo poder de julgar, pois é Filho do homem (cf. João 5, 22.27). E hoje, no presente, está em jogo nosso destino futuro; com o comportamento da nossa vida decidimos nosso destino eterno. No ocaso dos nossos dias sobre a terra, no momento da morte, seremos julgados segundo nossa semelhança com o Menino que está por nascer na pobre gruta de Belém, pois Ele é o critério de medida que Deus entregou à humanidade.

O Pai celestial, que no nascimento do seu Filho unigênito nos manifestou seu amor misericordioso, chama-nos a seguir seus passos fazendo que nossa existência seja, como a sua, um dom de amor. E o fruto do amor é esse «fruto que prove a nossa conversão» ao qual se refere João Batista, enquanto se dirige com palavras cortantes aos fariseus e aos saduceus, que foram ao seu batismo entre a multidão.

Através do Evangelho, João Batista continua falando através dos séculos a toda geração. Suas palavras duras e claras são particularmente saudáveis para nós, homens e mulheres do nosso tempo, em que inclusive a forma de viver e de perceber o natal experimenta infelizmente e com freqüência uma mentalidade materialista.

A «voz» do grande profeta nos pede que preparemos o caminho para o Senhor que vem, nos desertos de hoje, desertos exteriores e interiores, sedentos da água viva que é Cristo.

Que Nossa Senhora nos guie rumo a uma verdadeira conversão de coração, para que possamos tomar as decisões necessárias para sintonizar nossas mentalidades com o Evangelho.

——————————————
Bento XVI
Ângelo de do segundo domingo do Advento
tradução: Zenit


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.