Formação

Advento, tempo de esperança

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O Ano Litúrgico gira em torno das duas grandes festas do mistério denossa salvação: o Natal e a Páscoa. A fim de nos prepararmos bem paraessas duas solenidades de máxima importância, a Santa Igreja, com seuamor de mãe e sua sabedoria de mestra, instituiu o Advento, que nospredispõe para o Natal, e a Quaresma, que nos prepara para a Páscoa.Praticamente um mês e meio de Advento-Natal e três meses deQuaresma-Páscoa. O tempo chamado "Comum" durante o ano ajuda-nos acaminhar com a Igreja nas estradas da história, iluminados por essesmistérios de nossa fé e conduzidos pelo Espírito Santo.

Nopróximo final de semana, iniciamos o tempo do Advento, que assinalatambém o início de um novo Ano Litúrgico. Estaremos proclamando aosdomingos, principalmente, o Evangelho de Lucas. Um novo ano quequeremos que seja um aprofundamento de nossa vida cristã na históriacomo discípulos missionários. Iniciamos com a expectativa da vinda doMessias até o anúncio que o Senhor Jesus é Rei.

Neste tempo éque a Igreja nos incentiva a colaborar com a Coleta pela Evangelizaçãono terceiro domingo do Advento, preparada nos domingos anteriores. É anossa corresponsabilidade de levar adiante a encarnação da boa notíciano tempo que chamamos hoje. O tema deste ano: "Ele se fez pobre paranos enriquecer", já aponta para as reflexões que iremos ter durante apróxima Quaresma, pois a Campanha da Fraternidade de 2010 falará sobreeconomia.

No decurso dos quatro domingos do Advento, o povocristão é convidado a preparar os caminhos para a vinda do Rei da Paz.O Cristo Senhor, que há dois mil anos nasceu como homem numa manjedouraem Belém da Judéia, deseja ardentemente nascer em nossos corações,conforme as santas palavras da Escritura: "Eis que estou à porta ebato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na suacasa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).

NoAdvento temos a oportunidade de aprofundar a expectativa do "Senhor quevirá para julgar os vivos e os mortos", e na semana que antecede afesta natalina a preparação próxima para celebrar o "Senhor que nasceupobre no Oriente". Entre essas duas vindas, o cristão celebra cada diao seu coração que se abre para o "Senhor que vem" em sua vida e renovaa sua existência.

Celebrar o Natal é reconhecer que "Deusvisitou o seu povo" (Lc 7, 16). Tal reconhecimento não se pode efetivarsomente com nossas palavras. A visita de Deus quer atingir o nossocoração e transformar-nos desde dentro. A tão desejada transformação domundo, a superação da fome, a vitória da paz e a efetiva fraternidadeentre os homens dependem, na verdade, da renovação dos corações. Somosconvidados, em primeiro lugar, a aprender a "estar com Jesus", e entãonossa vida em sociedade verá nascer o Sol da Justiça. Nesse sentido, oSanto Padre Bento XVI chamou a atenção para a relevância social dacomunhão pessoal com Cristo: "O fato de estarmos em comunhão com JesusCristo envolve-nos no seu ser « para todos », fazendo disso o nossomodo de ser. Ele compromete-nos a ser para os outros, mas só nacomunhão com Ele é que se torna possível sermos verdadeiramente para osoutros, para a comunidade" (Carta encíclica Spe Salvi, n. 28).

Enquantotodos se voltam para o lucro comercial neste tempo que antecede oNatal, os católicos se preparam para que em seu coração haja espaçopara o Verbo Encarnado que veio para salvar a todos. O festival depresépios feitos por artistas e espalhados pela cidade, além dospresépios das paróquias, quer ajudar a cidade a ter um novo olhar erepensar sobre o que exatamente celebramos no Natal. Dependerão doencontro com "Ele" as mudanças sonhadas para a sociedade hodierna!

OAdvento constitui precisamente o tempo favorável para a preparação donosso coração. Deixemo-nos transformar por Cristo, que mais uma vezquer nascer em nossa vida neste Natal. Celebrar bem a solenidade doNatal do Senhor requer que saibamos apresentar a Deus um coração bemdisposto, pois "não desprezas, ó Deus, um coração contrito e humilhado"(Sl 51, 19). Um coração que busca com sinceridade a conversão é fontede inestimável comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso mesmo, aoportunidade das celebrações penitenciais se multiplicam pelasParóquias, dando oportunidade de uma renovação interior. Neste tempo deAdvento não tenhamos medo de Cristo. "Ele não tira nada, Ele dá tudo.Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par asportas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira" (Bento XVI, homiliada Missa de início do ministério petrino, 24/4/2005).

Comoservidor do rebanho de Cristo que me foi confiado, não poderia deixarde insistir nisso: a vida verdadeira, que todos desejamos, só o Amorno-la pode dar. "O ser humano necessita do amor incondicionado. Precisadaquela certeza que o faz exclamar: « Nem a morte, nem a vida, nem osanjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem aspotestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outracriatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,nosso Senhor » (Rom 8,38-39)" (Carta encíclica Spe Salvi, n. 26).

Queo tempo do Advento predisponha nossos corações a acolher comintensidade o "Amor que move o sol e as outras estrelas" (Dante, DivinaComédia, Paraíso, XXXIII, 145), e que, por pura bondade, manifestou-secom inigualável força no nascimento do frágil menino de Belém paratambém mover com suavidade e força a nossa vontade para o Bem.

+ Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro


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