Formação

Advento – tempo de esperança

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Dom Orani João Tempesta

OAno Litúrgico gira em torno das duas grandes festas do mistério denossa salvação: o Natal e a Páscoa. A fim de nos prepararmos bem paraessas duas solenidades de máxima importância, a Santa Igreja, com seuamor de mãe e sua sabedoria de mestra, instituiu o Advento, que nospredispõe para o Natal, e a Quaresma, que nos prepara para a Páscoa.Praticamente um mês e meio de Advento-Natal e três meses deQuaresma-Páscoa. O tempo chamado “Comum” durante o ano ajuda-nos acaminhar com a Igreja nas estradas da história, iluminados por essesmistérios de nossa fé e conduzidos pelo Espírito Santo.

 Nopróximo final de semana, iniciamos o tempo do Advento, que assinalatambém o início de um novo Ano Litúrgico. Estaremos proclamando aosdomingos, principalmente, o Evangelho de Lucas. Um novo ano quequeremos que seja um aprofundamento de nossa vida cristã na históriacomo discípulos missionários. Iniciamos com a expectativa da vinda doMessias até o anúncio que o Senhor Jesus é Rei.

Nestetempo é que a Igreja nos incentiva a colaborar com a Coleta pelaEvangelização no terceiro domingo do Advento, preparada nos domingosanteriores. É a nossa corresponsabilidade de levar adiante a encarnaçãoda boa notícia no tempo que chamamos hoje. O tema deste ano: “Ele sefez pobre para nos enriquecer”, já aponta para as reflexões que iremoster durante a próxima Quaresma, pois a Campanha da Fraternidade de 2010falará sobre economia.

 Nodecurso dos quatro domingos do Advento, o povo cristão é convidado apreparar os caminhos para a vinda do Rei da Paz. O Cristo Senhor, quehá dois mil anos nasceu como homem numa manjedoura em Belém da Judéia,deseja ardentemente nascer em nossos corações, conforme as santaspalavras da Escritura: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir aminha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos arefeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3, 20).

NoAdvento temos a oportunidade de aprofundar a expectativa do “Senhor quevirá para julgar os vivos e os mortos”, e na semana que antecede afesta natalina a preparação próxima para celebrar o “Senhor que nasceupobre no Oriente”. Entre essas duas vindas, o cristão celebra cada diao seu coração que se abre para o “Senhor que vem” em sua vida e renovaa sua existência.

Celebraro Natal é reconhecer que “Deus visitou o seu povo” (Lc 7, 16). Talreconhecimento não se pode efetivar somente com nossas palavras. Avisita de Deus quer atingir o nosso coração e transformar-nos desdedentro. A tão desejada transformação do mundo, a superação da fome, avitória da paz e a efetiva fraternidade entre os homens dependem, naverdade, da renovação dos corações. Somos convidados, em primeirolugar, a aprender a “estar com Jesus”, e então nossa vida em sociedadeverá nascer o Sol da Justiça. Nesse sentido, o Santo Padre Bento XVIchamou a atenção para a relevância social da comunhão pessoal comCristo: “O fato de estarmos em comunhãocom Jesus Cristo envolve-nos no seu ser « para todos », fazendo disso onosso modo de ser. Ele compromete-nos a ser para os outros, mas só nacomunhão com Ele é que se torna possível sermos verdadeiramente para osoutros, para a comunidade” (Carta encíclica Spe Salvi, n. 28). 

Enquantotodos se voltam para o lucro comercial neste tempo que antecede oNatal, os católicos se preparam para que em seu coração haja espaçopara o Verbo Encarnado que veio para salvar a todos. O festival depresépios feitos por artistas e espalhados pela cidade, além dospresépios das paróquias, quer ajudar a cidade a ter um novo olhar erepensar sobre o que exatamente celebramos no Natal. Dependerão doencontro com “Ele” as mudanças sonhadas para a sociedade hodierna!

OAdvento constitui precisamente o tempo favorável para a preparação donosso coração. Deixemo-nos transformar por Cristo, que mais uma vezquer nascer em nossa vida neste Natal. Celebrar bem a solenidade doNatal do Senhor requer que saibamos apresentar a Deus um coração bemdisposto, pois “não desprezas, ó Deus, um coração contrito e humilhado”(Sl 51, 19). Um coração que busca com sinceridade a conversão é fontede inestimável comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso mesmo, aoportunidade das celebrações penitenciais se multiplicam pelasParóquias, dando oportunidade de uma renovação interior. Neste tempo deAdvento não tenhamos medo de Cristo. “Elenão tira nada, Ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo.Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vidaverdadeira” (Bento XVI, homilia da Missa de início do ministériopetrino, 24/4/2005).

Comoservidor do rebanho de Cristo que me foi confiado, não poderia deixarde insistir nisso: a vida verdadeira, que todos desejamos, só o Amorno-la pode dar. Oser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certezaque o faz exclamar: « Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem osprincipados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem aaltura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderáseparar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor » (Rom 8,38-39)” (Carta encíclica Spe Salvi, n. 26). 

Queo tempo do Advento predisponha nossos corações a acolher comintensidade o “Amor que move o sol e as outras estrelas” (Dante, Divina Comédia, Paraíso,XXXIII, 145), e que, por pura bondade, manifestou-se com inigualávelforça no nascimento do frágil menino de Belém para também mover comsuavidade e força a nossa vontade para o Bem.


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