Nos tempos atuais em que somos acometidos por uma pandemia, e agora também os surtos das gripes virais, estão se tornado cada vez escasso utilizarmos o termo “alegria” ou até vivenciarmos situações e momentos os quais nos proporcionem senti-la. Isso se dá por conta da tensão que se forma em torno dos crescentes índices de taxas de contaminação.
Certamente, ser testemunha ocular de um evento tão catastrófico e avassalador como tem sido a propagação deste mal, nos inquieta imensamente. Essa seria uma resposta automática e até lógica para explicar a origem do desânimo, depressão, tibieza que se aplaca nos corações hoje em dia. Mas será que é realmente a pandemia que tem nos roubado a alegria, vitalidade e esperança ou ela é somente a ponta de um iceberg, que denuncia algo ainda mais profundo em nós? E se ela fosse apenas uma espécie de megafone que desperta uma humanidade ensurdecida e adormecida em relação a própria fé, e que, por isso, se torna incapaz de reconhecer que a alegria está presente nas pequenas coisas do nosso cotidiano?
É possível ser verdadeiramente alegre
Já parou para pensar em quê ou em quem você tem buscado a alegria? Para você o é que ser feliz? Ou até, qual é o sentido da sua vida? Deixe-se interpelar por esses questionamentos e adentre numa reflexão sobre como você tem vivido mediante os desafios, sofrimentos e temores ordinários.
Ainda sobre isso Jesus nos diz palavras encorajadoras, ao assegurar-nos: “chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria! Mas eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará e ninguém poderá tirar a vossa alegria (Jo 16,20-22). Mas por que será que Jesus faz esta afirmação tão veementemente? É simples, diria que é porque o nosso coração se alegra Nele.
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Desse modo, não existe nada capaz de nos arrancar tal alegria, pois ela é fruto de uma experiência pessoal com Jesus, semelhante a que os discípulos tiveram, quando o Senhor lhes apareceu enquanto estavam às portas fechadas por medo dos judeus, onde diante da presença viva do Ressuscitado que eles viram ser flagelado, crucificado e morto, já não havia espaço para tristeza, medo, angústia. Pois eles foram tomados de profunda alegria por reconhecer que o Senhor sempre cumpre Suas promessas. Verdadeiramente, Suas Palavras são de vida eterna e somente elas são capazes de pacificar, curar, transformar, libertar, consolar porque Cristo é a nossa Paz. Sendo assim, nada pode nos separar Dele, de Seu amor.
A verdadeira alegria é um fruto do Espírito Santo
A verdadeira alegria já nos foi concedida em virtude da vitória de Cristo sobre a morte, Ele nos salvou do jugo da escravidão: o pecado, que tem como salário a morte. Portanto, reconhecer esta verdade e tê-la como a esperança que norteia nossa vida é o motivo da alegria que jamais passará. Porque já a temos infusa dentro nós por graça do batismo, não precisamos estar às voltas numa busca frenética por felicidade em coisas efêmeras, as quais não são capazes de saciar a sede do nosso coração, que anseia pelo infinito, pelo Absoluto, pelo Eterno.
Para isso, é fundamental observarmos o conselho que Jesus deu a Nicodemos, que buscava compreender os mistérios de Deus a partir de uma ótica meramente humana, reduzida. O senhor lhe disse que ele precisaria nascer de novo, desta vez, da água e do Espírito. Trazendo para o nosso assunto, isto significa dizer que precisamos passar por uma mudança de mentalidade, a fim sairmos do domínio das ideologias imediatistas, onde facilmente predominam o hedonismo, consumismo, relativismo as quais trazem em si um enganoso verniz de felicidade.
Além disso, para uma sociedade ansiosa como a nossa, é demasiadamente difícil olhar para a própria existência e enxergar que aquilo que tanto busca-se fora, nas coisas, nas pessoas, na verdade já se encontra dentro de nós, em nosso íntimo: Cristo, fonte de nossa alegria. Ele é desde já, o motivo da nossa alegria, assim como é também a razão da nossa espera pela alegria futura no céu. É, então, para nos auxiliar nesse sentido que o Espírito nos concede a graça de enxergarmos tais realidades segundo a ótica divina, por meio da vida espiritual.