O fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, apontou dez elementos essenciais para um bom processo de discernimento. A pregação foi realizada na noite da última segunda-feira, 26 de fevereiro, e faz parte do caminho de preparação para a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que será realizada em agosto deste ano.
A AGO é o órgão máximo de discernimento da Comunidade e é realizada a cada cinco anos. Além de avaliar as ações realizadas nos últimos anos, a Assembleia determina as diretrizes para os próximos cinco anos e elege o novo governo geral da Comunidade Shalom.
Confira os elementos essenciais para um bom discernimento comunitário.
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Pedir o dom do discernimento
Moysés Azevedo lembrou que o discernimento é um dom a ser pedido e uma virtude que deve ser humildemente exercitada.
“Vamos nos reunir para discernir algo que é a vontade de Deus, para nos unir a Jesus: ‘eis que venho fazer com prazer a vontade de Deus’. A gente não discerne para ver o que é melhor, o que é mais perfeito. A gente está discernindo a vontade de Deus para faze-la com alegria. Por isso uma das coisas indispensáveis num processo de discernimento é pedir para que a gente se apaixone pela vontade de Deus”, explicou.
Distinguir a Voz de Deus em meio a outras vozes
De acordo com Moysés, para se fazer um bom discernimento é necessário identificar a voz de Deus em meio a outras vozes que falam no nosso interior: a carne, o mundo e o tentador.
“Existem pensamentos e sentimentos em nós e ao redor de nós nos quais não estará a voz de Deus. Por isso, precisamos pedir o dom do discernimento”.
Confirmar a voz de Deus a partir de referências
Moysés apontou três referências para ajudar a reconhecer a voz de Deus. “O Espírito de Deus se move dentro de nós e o discernimento é para reconhecer isso. Quais são as referências do nosso caminho de discernimento? A Palavra de Deus, a Igreja nos seus Santos e no Magistério e o Carisma (ECCSh Artigo 154)”.
Humildade
De acordo com Moysés, a humildade é a virtude essencial para um bom caminho de discernimento.
“Ela é fruto do amor. É indispensável nós entrarmos num processo de discernimento com grande humildade. Com amor a Deus, a Sua Santa Vontade, amor a Igreja, amor aos irmãos, amor à humanidade. Amor maior que nós mesmos, aos nossos pensamentos e aos nossos projetos. Quando pedimos isso a Deus estamos abrindo as portas para Deus entrar. Por isso o discernimento é um processo de amorosa e humilde escuta”.
Oração
Para escutar a voz de Deus, é necessário escutá-la através da oração com a Palavra de Deus, na oração pessoal, na adoração silenciosa e na oração comum.
“Na Assembleia Geral o protagonismo deve ser do Espirito que age através dos seus membros. A oração educa e afina os sentidos espirituais para ver, ouvir e sentir o que Deus vê, ouve e sente”, disse.
Olhar teologal
“O processo de discernimento vai nos dar um olhar pascal da realidade. Não basta ver a realidade com nossos olhos naturais, mas é preciso ver a realidade como Deus a vê. Precisamos examinar a realidade da Comunidade, mas não com nossos olhos naturais, mas como Deus a vê. O olhar de Deus é muito mais agudo do que os nossos. Porque não vermos a realidade como Deus a vê nós não poderemos dar as respostas que só Deus pode dar”.
Diálogo espiritual
“Consiste em partilharmos as moções interiores que nós temos e escutar o irmão, perceber Deus que fala através do meu irmão. Isso é muito importante em um processo de discernimento comunitário. Para juntos acolhermos o dom da comunhão que vai se formando, é indispensável escutar o outro para acolher o que Deus fala através do meu irmão, para discernirmos a verdade e o bem. Eu partilho com sinceridade, com parresia, com transparência e acolho do outro e dali vai emergindo uma comunhão espiritual, que é alimentada pelo amor mútuo”.
A cruz
“Não existe processo de discernimento sem a cruz. A cruz me mostra que eu não sou o epicentro do discernimento. O processo de discernimento não é uma técnica ou uma discussão de opiniões onde prevalece o mais convincente, não se opera em busca de uma maioria. Mas é uma oração, onde existe uma ascese da nossa vontade e onde prevalece a cruz de Cristo. O maior inimigo de um processo de discernimento é o apego ao nosso próprio pensamento e vontade, a teimosia. Por isso é preciso purificar, é preciso abraçar a cruz, é preciso fazer a mística e a ascese do processo de discernimento. A cruz purifica as motivações de um processo de discernimento. Dentro de um processo de discernimento é preciso que a gente busque a gloria de Deus até o sacrifício de nós mesmos”.
Sincera comunhão
“Tensões e conflitos podem surgir, mas a questão é não quebrarmos a sincera comunhão. O recurso da oração comum é sempre indispensável para a solução de conflitos”.
Decisão
“O discernimento comum leva a um agir comum. A escuta não é um fim em si mesma, mas ela gera uma proposta concreta. O discernimento é algo encarnado que diz respeito a nós mesmos. Eu sou comunidade. As propostas concretas vão exigir a conversão do meu coração, do meu agir”.
Etapas da Assembleia Geral 2024
“A Assembleia é um grande começo, é uma linha de largada para acolher a vontade de Deus“, declarou Padre Saulo Dantas, sacerdote da Comunidade Vida responsável pela Comissão que organiza o encontro.
Entenda as etapas da AGO 2024:
19 de fevereiro a 10 de março: Preparação inicial com aprofundamento da escuta de Deus e dos irmãos por meio de videoconferência com o fundador da Comunidade e momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento. A votação para os membros eleitos está prevista para dia 10 de março.
11 de março a 15 de agosto: Elaboração do documento de trabalho e divulgação da lista dos membros da Assembleia Geral 2024.
16 a 30 de agosto: Realização da Assembleia Geral 2024.