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Aliança Missionária: Deus superou todas as minhas expectativas

Deus escolheu esse tempo de pandemia para que eu estivesse em missão e não poderia haver tempo melhor

comshalom

Em janeiro de 2016 participei do Acamps e algumas vezes ao longo da minha caminhada na Comunidade me perguntaram “Você já pensou em ir em missão?” e minha resposta inicialmente era “Não, sem chance eu ir em missão”. O tempo foi passando, vocacional, ingresso na Comunidade de Aliança e após aprofundar na amizade com Santa Teresinha, minha resposta àquela pergunta passou a ser “Não tenho vontade, mas se for da vontade de Deus Ele colocará esse desejo no meu coração”. E Ele realmente colocou.

Em janeiro de 2019, durante minha oração pessoal, Deus falou, através de uma passagem, que iria me enviar para uma terra distante. No primeiro momento eu não achei que era realmente vontade de Deus porque não senti aquilo calar dentro de mim, mas Ele estava me avisando que começava a colocar no meu coração o desejo de ir em missão.

Deus foi então mostrando Sua obra através de situações concretas na minha vida. Quando retornei de férias, em março daquele ano, não sentia mais o amor pela minha faculdade como minha terra de missão, sentia o meu desejo de evangelizar arrefecido, me arrastava para evangelizar, pelo menos, uma pessoa por dia. Eu estava questionada sobre o que havia de errado, não estava claro pra mim o que Ele realizara, na verdade eu nem lembrava mais daquela oração de janeiro mas, por graça de Deus, eu tinha partilhado sobre ela com meu melhor amigo no mesmo dia e ele não esqueceu. Novamente partilhando com o Lucas, meu namorado e melhor amigo, sobre sentir que algo precisava mudar em minha vida, ele não se reteve em me lembrar sobre a importante oração que eu julgara ser da minha carne.

A partir de então abri o meu coração para, junto com Deus e minhas autoridades, dar passos nesse caminho que Ele já havia me inserido. Entre acompanhamentos, retiros pessoais, lágrimas, voz de Deus, dar a notícia para familiares e amigos, despedidas, missa de envio, dor feliz (é difícil de explicar); foram aproximadamente 11 meses até eu verdadeiramente partir em missão para Belém no dia 9 de dezembro de 2019.

Cheguei na missão e dois dias depois começou a reciclagem que eu já havia me inscrito e foi ótimo ser inculturada em meio aos irmãos da Comunidade de Aliança e Comunidade de Vida durante aqueles 10 dias. Voltei para a casa comunitária, vida fraterna, manhã de silêncio e oração, missa, formação permanentemente, partilha de vida, economia doméstica, tarde de apostolado, evangelização, oração comunitária, célula, e a cada dia Deus dando um sentido à oferta.

Na noite de Natal houve um grande marco na minha missão ao perceber que eu não havia deixado tudo de uma vez por todas quando entrei no avião, mas que Deus me chamava a deixar tudo novamente a cada data comemorativa, aniversário, a cada dia que a saudade batia mais forte, ofertar novamente, não sem dor mas com sentido e feliz.

Quando se passaram os três meses iniciais, – geralmente o tempo necessário para uma melhor adaptação à rotina, ao clima, às pessoas -, entramos em quarentena sendo necessária uma nova adaptação. Não foi a época mais difícil da minha vida, também não foi a mais fácil mas, com toda certeza, posso afirmar que Deus escolheu esse tempo em especial para que eu estivesse em missão e não poderia haver tempo melhor, ano em que Teresa de Jesus me escolheu como amiga.

É indiscutível a restauração da minha vida de oração contemplativa e parada, que na minha rotina antes da missão, na maioria dos dias, tinha que acontecer durante o meu horário de almoço que eu também utilizava para participar da missa. Deus sabia que na época era tudo o que eu tinha, Ele não deixava de se utilizar disso e me amava através desse pouco, mas existia em mim o desejo de estar mais na presença de Jesus e tenho hoje essa grande alegria de ter duas horas reservadas todas as manhãs para estar diante de Jesus Eucarístico e parar tudo para aprofundar minha intimidade com Ele.

Na vida fraterna mais intensa durante a quarentena, todas ali o dia inteiro dentro de casa, Deus me presenteou com irmãs que marcaram a minha vida e me ensinaram a ser mais Shalom, mais casta, pobre e obediente. O apostolado não parou e ainda agregou-se mais alguns, livraria delivery, grupo de oração online, acompanhamentos à distância, capela virtual, live, aquele sentimento de ser esticada para todos os lados e em cada lado sendo muito amada por Deus e aprendendo mais sobre mim e sobre a vontade Dele em minha vida. Posso dizer que Deus quebrou todas as minhas expectativas e superou todas elas me dando muito mais que eu havia sonhado.

Havia uma grande preocupação no meu coração: ir embora e não conseguir me sentir parte da missão, mas no primeiro encontro após o lockdown com minhas ovelhas na Basílica percebi que Deus realizou essa obra de pertença mesmo à distância. A cada vez que encontro os irmãos da Comunidade de Aliança e da Obra nas missas que já retomamos no centro de evangelização, me sinto parte desse povo mesmo com quantidade limitada de pessoas e distanciamento necessário. E ainda sobre me sentir parte, constatei que Deus tinha realizado a obra de pertença à casa comunitária quando fui de folga por ocasião da visita dos meus familiares e namorado na semana da minha missa de ingresso no discipulado. Foram dias maravilhosos em que puder matar a saudade de pessoas que amo muito e ofertar tudo de novo quando eles forem embora. E quando retornei de folga não estava de volta à casa comunitária simplesmente, mas estava de volta à minha casa

Hoje, há menos de dois meses do fim do meu tempo de missão, sou tentada a me preocupar com o meu retorno, com o que farei, pedindo a Deus a graça de permanecer com o coração aqui até o último segundo. Posso afirmar que Deus não me tomou nada nesse tempo mas me deu muito além do que eu poderia desejar e tenho a felicidade de testemunhar isso. Hoje também sei que partir de Belém não será mais fácil que partir de Brasília.

Júlia Camelo de Oliveira, 24 anos
Aliança Missionária em Belém (PA)


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