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Literatura: “Amor líquido” aborda padrões de consumo nas relações pessoais

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amor líquidoZygmunt Bauman é um sociólogo polonês que iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia. É um dos intelectuais mais respeitados e produtivos da atualidade, aos 84 anos. Escreveu mais de 50 livros. Atualmente é professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.

Seu livro “Amor Líquido” vem falar sobre como o nosso mundo pós-moderno tornou as relações humanas inseguras e frágeis. Segundo o autor, o amor líquido é um amor semelhante ao consumismo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. Com a nossa cultura consumista, que favorece o produto pronto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro, as pessoas acabaram por trazer padrões de consumo para as relações pessoais.

É líquido pois está sempre mudando de forma, através das novas propostas de felicidade, de novas receitas e garantias. De acordo com o livro, essas coisas precisam repetidamente e rapidamente ser renovadas, pois o homem logo perceberia o quanto são insuficientes e enganosas. Não há tempo para tomar uma forma e solidificar-se. Como no momento histórico em que vivemos tudo muda rapidamente, nada é para durar, pois o homem moderno precisa constantemente de novidades que o mantenham ocupado e preencham o grande vazio que tem.

Bauman ainda menciona os relacionamentos virtuais, esses que podem ser feitos ou desmanchados com maior facilidade e em maior quantidade. Ele afirma que relações que não envolvem contanto além do virtual fazem com que não saibamos mais manter laços a longo prazo.

Com uma percepção muito fina de nossa atual sociedade, Bauman escreve um alerta para as nossas relações pessoais frente ao atual estado de nossa civilização, além de esclarecer como se comporta a figura central de nosso tempo, o homem sem vínculos. Vale lembrar aqui que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço, e de boa vontade.

Anderson Fernandes Pessoa


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