Semana Santa, a semana maior da nossa fé. Nessa segunda, o Evangelho de João capítulo 12, versículos de 1 – 11 nos convida a estar em Betânia, onde Jesus está com seus amigos. Que esse poema possa ajudar com que a leitura ganhe vida, cores e gere envolvimento com cada passo de Jesus e cada reação daqueles que estão a sua volta, reações cheias de sentido, como e de Maria. E que a riqueza das Sagradas Escrituras e a beleza da liturgia possam nos fazer não somente olhar para o Mistério desses dias, mas nos fazer parte dele.
Ele estava ali, perto, ao alcance,
Até quando ninguém parecia saber
Mas o Pai sussurrara ao seu coração
Que estava próxima a hora de O perder
Como uma dor que revelava
O desejo por Ele desde a criação impresso
Mesmo sem ao certo saber como
Pensou numa maneira de não perder Dele o acesso
Ofegante, confusa, inquieta
Com uma ferida estranha que parecia não cicatrizar
Suspirou por Seu Senhor
Desejou prendê-Lo a si, desejou com Ele ficar
Queria marcá-Lo como Ele a marcou
Demonstrar aquilo que Dele aprendera: o amor
Falar em uma linguagem mais eloquente que das palavras
Deixar que o que sentia enchesse tudo, como um suave odor
Decidiu dar o que tinha de mais precioso
Seu Nardo caro e puro iria derramar
Não importava se aos outros convinha ou parecia certo
Ele merecia tudo, e a ela só importava a Ele agradar
Ao vê-Lo teve certeza que não poderia mais nada reter
Correu, e jogou-se diante Dele, na ânsia de amar
Derramou seu perfume e enxugou os pés do Senhor com seus cabelos
Ali mais nada tinha, livremente deu tudo e deixou o perfume da oferta exalar
Seu perfume se espalhou e todos viram e sentiram
Que algo grande, inusitado, pessoal, acabara de acontecer
Mas a estranheza do gesto tão efusivo
Como previsto atraiu olhares que insistiam em a repreender
Mas não importava o julgamento de todos
Porque Seu Senhor sentiu o perfume e pôde seu coração sondar
Aos homens toda a cena poderia demonstrar exagero
Ele, porém, compreendia, e sempre se deleitava, com decisões que fazem amor transbordar
Perplexidade de alguns, acolhimento de outros
O perfume se espalhou e ninguém mais poderia evitar sentir
Ela estava caída, esvaziada e amante
E Ele tocado, com sobrenatural consciência, de que por ela, e por todos, deveria se consumir
O amor dela, imperfeito se derramou
Ele viu, acolheu e a fitou com perfeição
Ele desejou que o perfume alcançasse todos
Ela desejou jamais esquecer que deve ter gratidão
Naquele momento que precedia momentos de grande mistério
Todos, de certo modo, queriam para Ele se expressar
E Ele, generoso e compreensivo
Aceita todo o oferecido e utiliza tudo para os seus agregar
No coração dela no instante eterno aos pés do Mestre
Passou pela duvida, medo, entrega e permaneceu prostração
Pensou que Marta, madura, oferecia serviço; Lázaro, íntimo, oferecia fraternidade
E ela, Maria, fraca e pequena, oferecia sua reverência e adoração.