Formação

As cartas de Madre Teresa

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Quando completou 10 anos da morte de Madre Teresa foi publicado um livro reunindo mais de 40 cartas missivas em cujo conteúdo se pode verificar questionamentos que assolaram a vida da missionária nascida em terras Albanesas.

Muitos são os que analisam estes questionamentos contrapondo-os à vida da religiosa como se fossem realidades opositoras e dialéticas. Ora, sempre fez parte da vida dos santos a luta espiritual entre o homem velho e o homem novo, para utilizar termos paulinos.

A santidade não é um estágio ou um efeito mágico que permeia o fiel das realidades exteriores e das crises interiores. Ela é forjada justamente neste campo de batalha, no qual a pessoa faz a necessária passagem do egoísmo para a caridade, da cruz para a ressurreição.

Não sentir Deus, aridez espiritual, sentir a ausência da presença de Deus são algumas das características daquele que trilha um caminho rumo à santidade, ou seja em direção à santa e soberana vontade de Deus, garantia única de felicidade plena.

São João da Cruz, místico da Igreja, denomina esta realidade de “noite escura da alma”, que pode durar tempo indeterminado, Santa Teresa de Ávila a viveu por mais de 20 anos. Santa Teresinha do Menino Jesus também passou por etapa espiritual, sustentou-a a certeza que o seu Sol (Cristo), por entre as nuvens, estava a brilhar.

A noite escura enfrentada longamente por Madre Teresa não desmerece em nada sua vida de santidade. Usando o famoso critério de discernimento de Jesus que “pela árvore se conhece os frutos”, pode-se asseverar que esta crise autentica ainda mais sua relação de intimidade com Deus.

A vida de madre Teresa pode ser comparada a uma árvore que teve seus galhos secos e os aparentemente verdes, que não produzem vida, podados, o que lhe possibilitou dar abundantes frutos para a Igreja e para a humanidade. As crises são inerentes à condição humana, superá-las também. A beata Madre não se deixou paralisar em seus questionamentos, os utilizou como trampolim para chegar ao que Deus tinha planejado a seu respeito.

A missionária envelhecida nas terras indianas não serviu a Deus impelida por meros sentimentalismo,voluntarismo ou fina capa de boa vontade. Sua experiência de Deus foi real e provada como o ouro que teve que passar pelo crisol, para que deste modo resplandecesse seu brilho e valor intangível. Suas dores de morte transformaram-se em Vida para milhares de pobres e indigentes que foram socorridos por sua caridade.

Quando a Madre ensinava que se precisava amar, amar, amar até doer (se o amor não doar-se até doer, não é amor) expressava algo que não estava fora de si, mas tratava-se de um transbordamento de sua experiência real que passava pelo seu amor a Deus e à humanidade , na figura dos pobres de Calcutá. Nesta perspectiva, seguiu fielmente seu mestre, Cristo, o Ressuscitado, que passou pela cruz.

FRANCISCO VANDERLÚCIO SOUZA – Membro da Comunidade Católica Shalom
vanderluciosz@yahoo.com.br

Fonte: Jornal O Povo


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