Quem já fez aborto precisa ser acolhida na comunidade, não condenada. Não existe nada que Deus não possa resolver. Nada! Quem não concorda com essa frase, só lamento, mas não crê de verdade nesse Pai bom que sempre nos acolhe. E quem já fez um aborto precisa acreditar ainda mais n’Ele, pois as consequências físicas e psicológicas dessa prática, que é uma das principais causas de morte materna no Brasil, são muitas.
E quem não conhece alguém que já abortou? Uma amiga, uma prima, uma celebridade, talvez até mesmo a sua mãe, sua irmã, sua namorada ou você mesma.
Quem já fez um aborto, por mais que ache isso supernatural, afinal, um filho atrapalharia o momento da carreira, o casamento, a família, a imagem de boa moça, etc, tem de concordar com as pesquisas que mostram as duras consequências dessa prática. E não falo aqui do aborto espontâneo, quando involuntariamente o corpo da mulher expulsa o feto por acidente ou problemas orgânicos, por exemplo.
Pergunto se você já provocou um aborto, se já incentivou alguém a fazê-lo, se convive com alguém que teve essa atitude no passado. As consequências desse crime* são pouco divulgadas na mídia, pois há o discurso de que legalizar o aborto é uma questão de saúde pública e isso é só a “pontinha do iceberg”. De fato, o número de abortos no Brasil ultrapassa um milhão por ano, mas legalizar a prática não significa necessariamente diminuição desse número, muito menos fazer com que seus efeitos desapareçam.
Dependendo do método utilizado para o aborto, podem acontecer ferimentos no colo uterino, hemorragias, inflamações ou até a extração total do útero, conhecida como histerectomia. A longo prazo, o aborto pode ocasionar insuficiência do colo uterino com o consequente aumento das chances de se ter uma gravidez de alto risco ou de nunca mais se poder gerar a vida. E como é que fica a cabeça de uma jovem após um aborto? Em geral, pode haver sentimento de culpa, queda na autoestima pela destruição do próprio filho, perda do desejo sexual, aversão ao marido, frustração do instinto materno, insônia e depressão, só para citar algumas consequências psicológicas.
E em meio a esse turbilhão de efeitos, qual é a nossa postura perante as mulheres que fizeram aborto? É de acolhimento ou de julgamento? É uma mão estendida ou uma pedra pronta a ser atirada? O que Fulana está fazendo na fila da comunhão? Era para ter vergonha de pisar na igreja! Eu não ando mais com ela é má influência. Essas e outras frases medíocres fazem meu ouvido doer e deveriam fazer o seu coração doer também. Como a gente se sente no direito de julgar o outro? E como a gente julga!
Jesus não se identifica com quem condena, pois, nosso Deus é misericórdia. “Eu não julgo a ninguém” (Jo 8, 15) Então, quem sou eu, quem é você, para condenar alguém que fez aborto? Nem Deus condena, portanto, que tal ser menos “fariseu”, “escriba do século 21” e ter uma atitude mais acolhedora para com a mulher que você conhece que já fez um aborto? Saiba que ela já traz consigo consequências dessa atitude e o seu julgamento não auxilia em nada, não muda nada para melhor. Jesus é bem claro quando afirma que “Ninguém te condenou, mulher, nem eu te condeno. Vai e não peques mais” (Jo 8,11).
Em vez de ficar julgando, aproveite as energias lutando contra a legalização dessa prática em nosso país, informe-se para sustentar o ponto de vista a favor da vida nas discussões em seu círculo social, pois como cristãos devemos ser luz no mundo, não mais um para atirar pedras.
E você mulher, que já passou por essa situação, não se esqueça NUNCA de que Deus é um Pai bom, Ele a ama demais, e independentemente do que você fez, Ele cuida de você. Busque um sacerdote, faça uma boa confissão, pois o Senhor a quer feliz! Procure também um bom profissional de saúde que a auxilie a superar as consequências físicas e psicológicas disso e acredite na misericórdia de Deus, pois Ele tudo pode. E se alguém a julga, a exclui e a ignora por isso, reze por essa pessoa e não dê ouvidos a ela. Talvez ela ainda não entendeu o que é ser cristão de verdade e esteja merecendo menos o céu que você.
Desde 1940 o Código Penal Brasileiro estabelece que o aborto praticado por médico não é punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez for resultado de estupro. Os demais casos são passíveis de punição, com penas que variam de um a dez anos de prisão para a mulher e a pessoa que realizou o aborto, (e a pena pode dobrar em caso de morte da gestante)
Mariella Silva de Oliveira Costa