“O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” Mc 4,26-27
Os anos passam e as tuas mãos, muitas vezes invisíveis, vão trabalhando na terra do meu coração. No silêncio do recomeço de cada dia, no tempo que é instrumento da tua providência e no cuidado do teu olhar atento, a semente vai morrendo e vivendo; diminuindo e crescendo. Ela vai encontrando o seu lugar, aprofundando suas raízes e descobrindo uma nova maneira de ser.
Na medida em que vais me amando, as tuas mãos vão me podando, tomando conta do que é teu. Na verdade, nunca sei como tua obra acontece em mim. Vã ilusão querer entender tua pedagogia! E querer descobrir o próximo passo se torna insensatez de um coração que ainda precisa aprender a confiar. Mas nada te faz parar. Não há resistência que impeça teu amor de acontecer. Porque na fraqueza da minha desconfiança, tu nunca desistes de confiar mais uma vez em mim. E assim eu vou indo muito mais além do que poderia, vou chegando ao desconhecido solo sagrado da tua vontade e vou desvendando o mistério que existe no prosseguir.
A grande surpresa da minha vida continua sendo tua presença e tua forma de estar no comando de tudo, mas sempre me deixando a falsa impressão de entender o que fazes, para que nem mesmo o desespero da minha cegueira me impeça de te ver. E sou grata porque mesmo sem saber “como isso acontece”, “a semente vai germinando e crescendo”, com a adesão da minha liberdade, mas dependendo inteiramente de ti.
Denise Landim
Fonte: Blog As Margaridas do Inverno