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Assistente apostólica do Shalom motiva ’24 horas para o Senhor’

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GabriellaA Assistente Apostólica da Comunidade Católica Shalom, Gabriella Dias, falou aos membros da Comunidade de Vida e Comunidade de Aliança, reunidos nesta segunda-feira em Célula Comunitária, sobre as motivações propostas pelo Santo Padre Francisco para bem viver esta Quaresma.

Gabriella destacou  o evento 24 horas para o Senhor, que em 2014 foi celebrado em Roma e que em 2015 o Santo Padre pediu que fosse celebrado em todas as dioceses, paróquias e comunidades. “Vamos ter a oportunidade de celebrar nos dias 13 e 14 de março em comunhão com toda a igreja”, afirmou.

Eis a íntegra das palavras de Gabriella: 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre Seja Louvado!

Estamos vivendo esse tempo de Quaresma, este grande retiro que a igreja nos convida a viver, a irmos para o deserto, ter a nossa experiência com Deus renovada. Estamos vivendo esta Quaresma na perspectiva da Páscoa. Vivemos 40 dias de preparação, depois vivemos a Semana Santa, o Tríduo pascal, e depois 50 dias de Páscoa em que celebramos a vida nova que o Senhor pode nos dar.

É muito bom, muito interessante que nesse tempo nós, como comunidade Shalom, podemos vive-lo com grande intensidade, porque o nosso carisma é pascal, é passagem de vida velha para vida nova. O nosso carisma é sempre contemplação do Ressuscitado que passou pela Cruz. Então é sempre oportunidade, o nosso carisma, para vivermos a obra nova, e de maneira especial vivermos essa obra nova da Quaresma para a Páscoa.

É um tempo especial de graça para todos os cristãos, e também para nós, porque nesse tempo, além de toda a oportunidade de renovação da vida espiritual, nós vivemos as nossas preparações para a passagem de fases, vivemos as nossas preparações mais imediatas para as primeiras promessas, renovação de promessas, promessas definitivas. Vivemos um tempo de discernimento, de transferências de missionários, de envio de missionários. Então essa Quaresma é uma grande oportunidade dentro também da nossa comunidade de desinstalação para a vida nova e que, por providência divina, nós assumimos essa vida nova durante a Páscoa.

Que o Senhor nos dê a graça de viver com intensidade, sem distrações, porque nossa vida continua, nossos trabalhos, afazeres, educação de filhos, mas que não nos distraiamos da grande graça que o Senhor nos chama a viver.

De maneira especial neste ano de 2015 o Santo Padre nos enviou esta mensagem tão importante, tão atual, com um convite, um caminho claro, com uma oficina clara para vivermos a graça desta Quaresma.

Na noite de hoje vamos comentar um pouco sobre esta mensagem do Papa, lembrando essas três partes: o convite que ele nos faz, que vocês já devem ter lido e reconhecido ali um convite claro, a vencermos a tentação da indiferença; um percurso claro que ele nos convida a viver; e a oportunidade de uma grande oficina, de um grande evento que vai nos permitir atualizar, vivenciar esse percurso que ele nos convida a traçar. Vamos comentar um pouco sobre estes 3 aspectos para que não nos distraiamos, mas pelo contrario, mergulhemos na graça da Quaresma em vista da grande graça da Páscoa, da vida nova que o Senhor quer nos dar.

 

  1. O convite

 

Vamos falar sobre o convite que o Santo Padre nos faz. Ele nos convida a vencermos a tentação da indiferença. Essa tentação que ele diz que hoje o mundo vive uma indiferença globalizada. Nós nos acostumamos a ver as pessoas que sofrem, tanto as que estão próximas de nós como as que estão afastadas, e a nos sentirmos impotentes e por isso não nos envolvermos e não fazermos nada por elas. O Papa diz que essa indiferença nos atinge especialmente quando nós estamos bem acomodados, quando nós nos sentimos bem conosco mesmos, bem na nossa situação de vida e aí a situação da dor do outro fica muito distante de nós, fica, por assim dizer, “não me diz respeito”.

E somos convidados nessa Quaresma pela igreja, pela nossa comunidade, somos convidados a vencermos esta tentação de indiferença que atinge a cada um pessoalmente e que atinge a nossa sociedade. O Papa Francisco, também na Evangelii Gaudium, no n° 272, diz que fugir dos outros, virar o rosto para aqueles que sofrem, fingir que não vemos, é um lento suicídio, é uma forma de irmos morrendo também.

Sempre que nós nos negamos a enxergar as necessidades dos outros, a sairmos de nós mesmos por eles, vamos vivendo uma morte muito lenta, porque nós existimos e vivemos também para nos doar. Especialmente para nos doar, para vivificar os outros com a nossa esperança, com a nossa fé, nossa presença que vai ser comunicada através de um sorriso, de um gesto simples, do socorro às necessidades dos nossos irmãos.

Precisamos, nessa Quaresma, reconhecer se há no nosso coração essa indiferença que na mensagem é chamada de uma reclusão mortal em nós mesmos. A indiferença é uma reclusão, um fechamento mortal em nós mesmos. É um negar a realizar o sentido da minha vida que é a doação ao outro. É negar-me a ver e interagir com aquilo que está ao meu redor, com aqueles que estão ao meu redor ou mesmo longe de mim, mas que fazem parte da minha família, porque faço parte dessa família humana, do gênero humano.

Raniero Cantalamessa dizia também, há alguns anos atrás, que a morte tem um sinônimo, é viver para si mesmo. Sempre que escolhemos viver para nós mesmos, nós estamos escolhendo uma forma de morte, e aí a nossa vida deixa de ser prazerosa, deixamos de viver pequenas alegrias, já não sabemos mais o que é alegrar alguém, socorrer alguém, porque estamos perdidos nos nossos interesses. Como eu dizia a pouco, muitas vezes isso se dá porque nós estamos bem acomodados, e a Quaresma é esse tempo de desinstalação, e a comunidade também favorece que essa desinstalação aconteça, mas nós precisamos aderir a ela, porque não é fácil se desinstalar, não é confortável se desinstalar. Ao mesmo tempo, essa desinstalação é fundamental para que o meu coração saia da indiferença e se ocupe com o outro.

Na historia da igreja, na historia da humanidade, muitos foram aqueles que em determinado momento da sua vida optaram por olhar para alguém que era desprezado pela sociedade, que era deixado à margem, algum tipo de pessoa por quem todos eram indiferentes. E assim vemos a história de Francisco de Assis, que no seu tempo tinha tantos leprosos desprezados. Vemos Francisco de Assis fazendo uma opção exatamente por aqueles que eram a escória da humanidade.

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Vemos uma Teresa de Lisieux também na história que em determinado momento fez a opção de rezar por um homem condenado à morte, um criminoso condenado à morte, um homem que era desprezado pela sociedade.

E aí vemos também uma Teresa de Calcutá que já vivia na Índia, consagrada há 18 anos, tinha deixado sua terra, era missionária, e que passava nas ruas da Índia como sempre passou e nunca despertou tão fortemente para aquelas pessoas que sofriam, que estavam abandonadas. De repente, Teresa De Calcutá um dia desperta para aquelas pessoas e sente um chamado interior a sair da indiferença e ir além do que ela já costumava ir. Ela já era consagrada, já rezava pelos que sofrem, já vivia na Índia, mas de repente o seu coração foi tocado para ela ir além, para ela sair de um estado que poderia ser considerado de indiferença. Ela se sentiu chamada por Deus, sentiu um apelo no seu coração para ir além do que já fazia.

Nós não sabemos o quanto nós estamos dispostos a isso, porque se importar com os outros é sair de um conforto para uma grande desinstalação. Se formos nos incomodar agora, nos importarmos com aqueles que a sociedade despreza e que nós também aprendemos a tratar com indiferença, o nosso coração também se fechou para eles de tanto que a gente vê. Homens caídos nas ruas, isso é muito comum aqui em Fortaleza, não sei se aí também onde você mora. Jovem se drogando, crianças cheirando cola. Passamos nas ruas e vemos essas situações. Enfermos nas portas dos hospitais. Passamos nas ruas e vemos essas situações, os hospitais lotados, os presídios lotados, famílias se dividindo. São os nossos vizinhos, nossos primos, são os nossos amigos que sabemos que estão passando por situações de separação, de desafios com filhos, desafios da adolescência dos filhos, e tantas outras coisas.

Sabemos que se formos nos importar com essas situações, elas vão ocupar o nosso tempo, nosso pensamento. Vamos precisar ir ao encontro, nos desinstalar do nosso conforto, das nossas prioridades e vamos precisar mudar. Vamos precisar verdadeiramente nos comprometer com eles.

Não sei até que ponto estamos verdadeiramente determinados a sair dessa reclusão mortal, mas é preciso deixar brotar o desejo de mudança, de nos ocuparmos com aquilo que vemos, de nos sensibilizarmos, sairmos d indiferença, da dureza do nosso coração. Porque a verdadeira vida, nós a provamos realmente quando olhamos, amamos, socorremos, somos solícitos com os outros, seja pela oração, seja por gestos concretos, seja dando a nossa vida por eles. E assim foi que Francisco de Assis saiu da sua reclusão mortal, da sua indiferença. Quando beijou o leproso, ele disse: “Um fel se transformou em mel”. Ele experimentou a alegria que é amar, que é abraçar aquele que sofre.

Teresa de Calcutá viveu os dias mais felizes da sua vida nas ruas, tirando de cestos de lixo crianças, tirando das ruas homens que tinham sido jogados para morrer, e vendo-os morrer com dignidade nos seus braços, como anjos. Ela dizia: “Que alegria ver alguém que foi desprezado toda a vida morrer como um anjo em meus braços, morrer sorrindo”. Ela experimentou a alegria de ter socorrido tantos.

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Assim também Teresa de Ávila, que saiu e foi também chamada por Deus. Ela se sensibilizou diante de tantas heresias, de tantas coisas que surgiam, diante da divisão na igreja, na reforma protestante. Ela quis também dar uma resposta através da vida de oração.

E assim os santos, a igreja, no decorrer da historia, foi saindo e vive essa pascoa, essa saída da indiferença para o outro, e uma saída para o outro que nos liberta de nós mesmos, que nos liberta da nossa morte, de um vazio de vida.

Somos chamados, convidados nesse tempo a olhar para os outros e nos importar com eles. Irmos além do que costumamos ir. Ultrapassarmos a fronteira que já estabelecemos de segurança, de indiferença ou de simples constatação, “Não posso fazer mais do que isso”, e aí nos conformamos em ficar em nós mesmos.

Somos convidados a chorar com os que choram, mesmo que não solucionemos o seu choro, mas chorar com eles e consolá-los. Somos chamados a sofrer com os que sofrem, e assim experimentar a verdadeira alegria, experimentar o mel que Francisco experimentou. Experimentar a alegria que Teresinha experimentou quando viu aquele criminoso antes de sua morte beijar o crucifixo. Ela teve a alegria de dizer: “Eu vi o meu filho, esse é o meu primeiro filho que nasce para o céu”. A alegria, a alegria de poder gerar filhos para Deus com a caridade, com o amor, com a oração, como fez Teresa. A não ficarmos inertes. Que o Senhor nos dê a graça de querermos atender a este apelo, a este convite de vencermos a nossa indiferença e sairmos desse lento suicídio para uma vida nova, para uma vida plena.

 

  1. O percurso

 

Também o Papa nos indica um percurso, porque vencer a tentação da indiferença não é um ato de boa vontade simplesmente, não é uma decisão da nossa vontade. É uma graça.

O pecado quer nos manter reféns de nós mesmos, centralizados em nós mesmos. Quando não nos centralizamos em nós mesmos, porque está tudo bem e eu só penso em mim, nós nos centralizamos porque somos os mais necessitados e eu preciso de ajuda, então também não posso sair de mim. Sempre o pecado vai nos tentar a ficarmos atentos a nós e às nossas necessidades e indiferentes às dos outros.

Então existe um percurso a ser percorrido para que possamos vencer essa tentação da indiferença. Esse percurso é o da graça. É o percurso que o Papa chama o percurso de formação do coração. Nós não vamos vencer a indiferença simplesmente com atitudes externas, com novos comportamentos, mas com a vivência de um percurso de formação do coração. Somos chamados a rezar: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”.

Esse é um percurso da graça, porque tememos perder no amor. Podemos temer perder a nossa vida, perder o nosso tempo na dedicação aos outros, mas nós mesmos já temos experimentado também o quanto é bom ir deixando o Senhor trabalhar o nosso coração e nos fazer vencer. Vencer tantas tentações que nos impedem de amar e nos aproximar dos que sofrem, dos que não o conhecem, passam necessidades e que precisam ser socorridos por nós.

O convite é claro. É um percurso de formação do coração. O Santo Padre diz: “Para superar a indiferença, gostaria de pedir a todos para viverem este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração”. Humildemente podemos nos colocar diante de Deus, diante dos nossos irmãos, dos nossos formadores, do padre com quem nos confessamos, com essa humildade de apresentarmos o nosso coração, sua dureza, e pedirmos ao Senhor um coração manso, humilde, sensível, compassivo.

E o Papa indica o caminho da oração, porque ter um coração misericordioso, ter um coração compassivo, diz ele, não é ter um coração débil, fraco, mas é ter um coração forte, aberto a Deus. Fechado ao tentador, fechado às tentações e aberto a Deus. O Santo Padre indica: é o caminho da oração. É suplicar a Jesus: “Senhor, mesmo que eu não queira me desinstalar, porque se eu for me importar com as pessoas isso vai ser uma grande desinstalação na minha vida! Mas mesmo que eu não queira me desinstalar, faze-me querer. Faze-me querer ser essa pessoa que vai além dos limites que já impôs a si mesma para poder vencer essa tentação da indiferença”. A oração nos dá esse coração aberto à misericórdia, aberto à compaixão.

Depois o Papa fala da própria compaixão, da própria caridade fraterna, da evangelização, de levar ao outro aquilo que Deus nos deu. De compartilhar com os outros sabendo que aquilo que Deus nos dá de alegria, de abundância em bens materiais, de fraternidade, de graça, que aquilo que Ele nos dá é para toda a humanidade, deve ser comunicado.

O Santo Padre diz: “A caridade fraterna, a compaixão, a solicitude para com os outros, deixar-se guiar pelo Espírito, pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e às irmãs”. Isso também vai formar o nosso coração. Deixarmo-nos guiar pelo Espírito aos nossos irmãos.

O terceiro ponto que o Papa fala que vai nos formar, que vai formar o nosso coração para a misericórdia, para vencer a tentação da indiferença, é a confissão dos nossos pecados.

Não sei com que frequência você tem buscado a confissão, o sacramento da reconciliação, mas ele é o centro do convite do Papa Francisco sempre. ele sempre nos convida à reconciliação com Deus, a recebermos o abraço do Pai, porque quanto mais nos sentimos abraçados pelo Pai, mais somos capazes de abraçar aqueles que necessitam do nosso abraço.

O terceiro caminho do percurso formativo do nosso coração é reconhecer que temos um coração pobre, limitado, que temos um coração que insiste no alvo errado. Que ao invés de voltar-se para Deus e para os outros, se volta sempre para si mesmo. Reconhecendo isso, reconhecendo as nossas limitações, somos chamados à confissão. É um percurso claro de formação do coração: a oração, a abertura aos irmãos, a confissão dos pecados. Você está disposto a trilhar este percurso?

Estamos na terceira semana da Quaresma e podemos dar esse impulso novo à nossa quaresma. Pela oração, pela atenção aos irmãos e também pela confissão dos nossos pecados, pelo reconhecimento dos nossos limites, da nossa incapacidade diante de Deus. Você está disposto a isso?

 

  1. Oficina

 

E o terceiro momento agora é o da oficina. Falávamos que o Papa faz um convite, propõe um percurso formativo do coração e nos dá a oportunidade de uma grande oficina, de colocar em prática esse percurso formativo.

Essa oficina é o evento 24 horas para o Senhor, que em 2014 foi celebrado em Roma e que em 2015 o Santo Padre pediu que fosse celebrado em todas as dioceses, paróquias e comunidades. Vamos ter a oportunidade de celebrar nos dias 13 e 14 de março em comunhão com toda a igreja.

Nós como obra Shalom, seja em comunhão com a Diocese, seja nos nossos centros de evangelização, estaremos vivendo esse 24 horas para o Senhor, que na verdade nós vamos viver em 24 horas o que queremos viver cada dia de nossas vidas. Queremos viver sempre para o Senhor! E esse evento que no ano passado o Papa chamou de festa do perdão, é um evento que marca, simboliza aquilo que nós queremos viver nessa quaresma e em toda a nossa vida, como já dissemos.

O que é esse evento? O que é essa festa do perdão? Porque que o Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização quer e anima toda a igreja a viver isso? Esse evento é uma oportunidade de vivermos 24 horas de Adoração com grandes oportunidades de evangelização e de confissão dos nossos pecados. São esses três aspectos que foram citados também no percurso formativo: a Adoração, a evangelização e a confissão dos nossos pecados.

Nós somos convidados em primeiro lugar à Adoração, a sairmos da nossa indiferença indo adorar o Senhor, abrindo o nosso coração a Ele que certamente não é indiferente a tanto sofrimento que a humanidade vive. Ele não assiste às situações dramáticas da nossa história indiferente como conseguimos assistir às vezes comendo um sanduiche e assistindo um jornal com tanta violência, com tantas coisas, aquela tela que nos divide do que acontece, mas Ele não assiste com indiferença. Ele se importa. Ele nos amou.

Esse gesto de nos colocarmos em Adoração é um gesto de dizer: “Senhor, nós queremos sentir contigo. Queremos amar contigo. Queremos nos compadecer contigo dessa humanidade que sofre. Queremos nos unir a Tua Paixão, ao Teu desejo de Salvação. Queremos reconhecer que em primeiro lugar é como necessitados também de salvação que vamos pedir a salvação da humanidade, e nos colocamos aos Teus pés em Adoração, suplicando”. E é belo que o Papa diga que ninguém pode desprezar, não acreditar na força de tantas pessoas juntas, intercedendo. Nas suas próprias palavras: “Não subestimemos a força da oração de muitos”.

Meus irmãos, a terra vai tremer, porque toda a igreja católica estará nos dias 13 e 14 de março em Adoração aos pés de Jesus, clamando misericórdia para si e para a humanidade. A terra, o inferno vai tremer com um grande derramamento da misericórdia, uma grande suplica à Misericórdia.

O Santo Padre estará vivendo também este dia em Roma e todos nós da obra Shalom, toda a igreja que está atendendo a esse apelo viverá essas 24 horas de Adoração. E como será belo que mesmo as nossas missões menores, que não tem ainda aquela condição de uma Adoração perpetua, consiga fazer essas 24 horas ininterruptas para o Senhor.

Vamos começar com a celebração penitencial preparada pela Assessoria Litúrgica-sacramental, mas logo em seguida vamos permanecer em silêncio ou em momentos motivados, ou nos revezando. As missões que são maiores podem fazer um revezamento, mas todos estaremos, e que ninguém se furte desse momento de graça, de se unir nessa grande corrente dos que suplicam, dos que pedem a Deus misericórdia para a humanidade. É uma primeira maneira de colocarmos em prática o sairmos da nossa indiferença.

Alguns podem dar muito mais do que 1 ou 2 horas, do que um revezamento. Precisamos nos deixar impelir pelo Senhor, atrair pelo Senhor para estar aos Seus pés nesse momento de adoração, nessas 24 horas de Adoração.

O tema desse encontro, desse evento, 24 horas para o Senhor, é o tema “Deus rico em misericórdia”, de Efésios 2,4. Deus nos amou quando ainda estávamos perdidos em nossos delitos. Deus nos amou quando não tínhamos mérito. Então vamos ousar pedir a Deus por nós mesmos, mas especialmente por aqueles que estão mais afastados Dele, pelos que mais necessitam da Sua misericórdia. Vamos pedir ao Senhor que traga de volta a ovelha perdida, que traga de volta o filho prodigo.

Você certamente tem em seu coração muitas pessoas por quem rezar neste dia, mas no coração de Deus existe muito mais. Vamos rezar por estes, mas vamos rezar por toda a humanidade que está no coração do Senhor, rezar pela humanidade que sofre. Esse é o primeiro aspecto do evento 24 horas para o Senhor: a Adoração.

O segundo aspecto do evento é a evangelização, porque no ano passado, enquanto na Basílica havia confissões, jovens, homens e mulheres das novas comunidades ao redor da Basílica convidavam os outros para entrarem e receberem também o abraço de Deus através do perdão, iam evangelizando e convidando.

Durante este ano, a mesma coisa vai acontecer. O Santíssimo estará exposto, padres estarão atendendo e ministrando o Sacramento da reconciliação, e jovens, homens, mulheres, consagrados, nós estaremos também nos revezando em momentos de evangelização, e nós temos para onde convidar estas pessoas! Nós podemos convidá-las para a Adoração, para a confissão. Podemos convidá-las para o nosso retiro de semana Santa, para o nosso centro de evangelização, para uma missa, e o conteúdo desse encontro que queremos ter com essas pessoas é o anuncio da misericórdia. É testemunhar que a nossa vida tem sido transformada por Deus, que a nossa vida tem sido salva por Ele, experimentamos a alegria da salvação e queremos também que elas, no meio do turbilhão das suas vidas, conheçam essa tábua, essa segurança, essa alegria que é viver para o Senhor.

Ao mesmo tempo em que a Adoração acontece, as confissões também acontecem. Devemos tentar viver todos os aspectos e cada missão deve se organizar para que todos vivam os três aspectos do 24 horas para o Senhor. Vamos estar indo em points da cidade evangelizar, ou ao redor do lugar onde há a Adoração, ou nas missões maiores podemos nos organizar para irmos a presídios, levar padres aos presídios. Podemos nos organizar para visitarmos hospitais. Isso penso naquelas missões que são tão grandes que se deixar todo mundo perto vão se bater. Podemos ir muito além. Podemos evangelizar abrindo o nosso coração para acolher aquelas pessoas e leva-las ao coração de Deus, e nos abrir a caridade do onde ir, e como nos organizar para que ninguém deixe de ter esse contato com o homem que sofre nos dias de hoje.

Como será bom que além da Adoração vivamos também essa experiência de ver um rosto que sorri por receber a mensagem da misericórdia. Como será bom chegar perto de alguém, como Francisco chegou perto do leproso, e abraça-lo, experimentado o mel, a doçura de comunicar a misericórdia, de ver um rosto se transformar por causa da misericórdia. Esse é o segundo aspecto do 24 horas para o Senhor.

Nós somos chamados a todos os dias anunciar a misericórdia de Deus, dar o nosso testemunho pessoal a pelo ao menos uma pessoa, mas se fizermos essa oficina, uma grande graça de renovação vocacional, de anúncio também acontecerá para a nossa comunidade. É uma oficina. A oficina de Deus é a vida.

O terceiro gesto que somos chamados a viver no evento 24 horas para o Senhor é o da confissão. Foi exatamente há um ano atrás, no final de março, quando houve o primeiro 24 horas para o Senhor, em Roma, que o Papa surpreendeu o seu cerimonial, quando estava indo atender às confissões, e o Papa, antes de chegar ao confessionário, foi ele mesmo se confessar. Vamos ver este pecado vídeo da confissão do Papa.

 

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O sofrimento dos outros, o sofrimento do próximo, é um apelo a nossa conversão. Nós não nos convertemos não é nem para nós mesmos, realmente. É para o bem do outro, é para a nossa salvação, para a salvação do outro. É para alegrar o coração de Deus que tanto nos ama e nos quer para si. O Papa diz que o sofrimento do próximo é um apelo a nossa conversão, porque a necessidade do irmão recorda a fragilidade da minha vida. E o Papa Francisco quis dar este sinal no ano passado de que ele mesmo é pecador, se confessa, é necessitado da misericórdia, que o sofrimento da humanidade o chama, o atrai à conversão.

Em Natal, no Renascer, vimos esse vídeo em uma das pregações e dizíamos lá que muitas pessoas resistem a se aproximar de um homem comum, de um sacerdote para confessar os seus pecados, e nisso também a nossa fé precisa ser renovada. É um ministro de Deus, é o próprio Cristo. Vemos o próprio Papa se ajoelhando diante deste homem, e esse gesto realmente deve nos falar muito. Porque que eu não posso me ajoelhar diante de um homem e me desnudar, expressar tudo o que há na minha alma, rasgar o meu coração, mostrar os meus limites? Sem justificativas, confessar os meus pecados?

Meus irmãos, quantos de nós andam carregados e cansados pelo peso da culpa, do pecado, e até pelo peso de não querer reconhecer a própria culpa, o próprio pecado, por não ser capaz de, como diz o Santo Padre, de se acusar a si mesmo e reconhecer que é pecador? Quantos de nós vivemos pesados e cansados?

O evento 24 horas para o Senhor quer ser também esse descanso para nós. Jesus também nos diz: “Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso do vosso fardo, e eu vos aliviarei”. Deixemo-nos aliviar também pelo Senhor. Nós somos irmãos e irmãs chamados a uma consagração de vida, a uma oferta pelos outros, e a nossa consagração de vida constantemente nos lembra de que precisamos dar passos maiores em favor dos outros, sair dos nossos pecados em favor dos outros, assumir uma vida nova em favor dos outros. Precisamos do Sacramento da Reconciliação.

Vai ser muito bom que nestes dias 13 e 14 de março renovemos o nosso compromisso mensal, no mínimo mensal de nos reconciliarmos com Deus. Esse compromisso mensal de humildemente nos colocarmos aos pés do Senhor. Esse compromisso que na verdade é um grande favor que o Senhor quer nos fazer, de nos salvar dos nossos pecados, e que também favorecermos que outros vivam esse momento. A própria evangelização, o convite que podemos fazer as nossas famílias, é para que também eles venham ao Sacramento da Reconciliação e descansem no coração manso e humilde do Senhor.

Se nós aceitarmos o convite de vencermos a indiferença, se aceitarmos viver o percurso formativo do coração e se aceitarmos viver com intensidade o evento 24 horas para o Senhor, que será realizado aí na sua missão, nós poderemos viver esta Quaresma com intensidade. Se aceitarmos o convite, aceitarmos o percurso formativo, vivermos o evento 24 horas, nós estaremos abraçado num gesto muito simples o desejo de conversão que esta Quaresma nos propõe, e aí poderemos viver uma bela Páscoa, uma feliz Páscoa.

É isso o que desejamos ao final dessa motivação, é o que desejamos para todos. É o que desejamos para toda nossa comunidade, a obra, para toda a humanidade: uma feliz Páscoa, que é fruto também de uma feliz conversão, de uma adesão a Deus. Portanto, desde já, feliz evento 24 horas para o senhor, feliz Quaresma e feliz Páscoa!

Transcrição: Irlanda Aguiar

Assessoria de Formação Shalom. Manual Tempos Especiais 2015/Quaresma/3° semana/2015

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