O ativismo acaba em estresse. É um desrespeito pelo quinto mandamento ou o cuidado com a saúde. Hoje queremos refletir sobre o ativismo pastoral, daquelas pessoas que trabalham nas paróquias, comunidades, dioceses e estão na animação das pastorais, ou seja, dos trabalhos eclesiais, apostólicos, missionários.
Ativismo não significa só excesso de trabalho, mas fazer as coisas de coração contrariado, murmurando, reclamando e pior ainda para aparecer, agradar a autoridade, cumprir a lei e até para a autopromoção. Outro lado do ativismo pastoral é a incoerência entre o que se diz e o que se faz. Leva-se uma vida dupla, numa “personalidade dupla” e isso é desgaste de energia e fonte de fadiga.
Quem sofre o mal do ativismo, pode até não trabalhar muito, mas não reza, não estuda, não descansa, porque o trabalho virou escapismo, fuga de problemas não resolvidos. Cai-se num círculo-vicioso: “enche-se de trabalho e não se tem tempo para o cultivo espiritual e humano”. O ativista esquece que o valor e grandeza da vida não está naquilo que se faz, mas naquilo que se é. Quem faz muitas obras para o Senhor e acaba esquecendo o próprio Senhor por causa das muitas obras, está equivocado. Quem se apega às obras, espera elogios, gratificações e resultados e geralmente não sabe dar seu lugar a outros.
O ativismo é resultado do perfeccionismo. É próprio do perfeccionista ter a tendência a ficar insatisfeito e incomodado com o que faz. Sob o comando do ativismo a pastoral vira profissionalismo, a gratuidade é substituída pela gratificação. O povo procura o pastor e encontra um profissional. O pastor ou o agente de pastoral virou burocrata.
Os efeitos do ativismo são muito negativos: irritabilidade, desgaste, esgotamento, isolamento, doenças, “impaciência apostólica”, queima-se as pessoas com facilidade e freqüência. O ativismo é alimentado por determinadas afeições: desejo de aparecer, competição, rendimento, sucesso. O ativista peca pela pressa, vive sob a pressão do tempo e sob a sensação de urgência que é a “tirania do urgente”. Sobrecarga-se de responsabilidades, ambição do sucesso, fazendo do ativismo uma patologia. O remédio e cura são: oração, lazer, amizades boas, mudar o estilo competitivo, perfeccionista e apressado, observar o 5° mandamento e o convite de Jesus: “Vinde à parte para um lugar deserto e descansai” (Mc 6,31).
O ativismo é uma patologia de nossa cultura, é uma espécie de narcisismo, ou seja, exaltação de si para obter atenção, afeto e valorização de si. Privilegia-se o fazer e o ter em detrimento do ser. O acúmulo de trabalho é uma espécie de narcótico que leva à fuga e prejuízo de outros valores. O ativista é um fugitivo de si e um desertor de Deus. O que o ativista constrói com uma mão, destrói com a outra. Numa sociedade competitiva e consumista o ativismo é uma doença cultural que se manifesta no infarto, agressividade, depressão, stress e falta de tempo, de meditação, de silêncio e de escuta. É um comportamento contra a vida.
Fonte: CNBB