Falar do Celibato na minha vida é algo que eu ainda “não sei” fazer muito bem, acredito que pelo processo de descoberta e novidade que vou vivendo diariamente dentro deste Estado de Vida, afinal, eu fiz meus votos apenas há 8 meses (03/06/23). Mas, apesar de serem poucos meses e de “não saber” falar muito, olhar para a minha vida a partir do Celibato pelo Reino, é ter a convicção de que Deus está realizando exatamente o que Ele sempre colocou em meu coração, me fazendo viver aquilo que Ele me criou para ser.
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‘Fui vencida pelo Amor’
Dentro de mim sempre existiu o desejo de ser inteira naquilo que vivia e escolhia, desde criança eu não queria as coisas pela metade. E lembro que, quando eu era da Obra Shalom, em 2013/2014, tinha uma passagem que sempre trazia comigo, que era a de Jr. 20,7 que diz:
“Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu e me venceste no amor.”
Os anos foram se passando e essa passagem continuou tendo uma força sobrenatural sobre a minha vida. E, a partir disso, eu fui percebendo que tinha -e tem- algo muito exato na minha vida, que parte da bondade de Deus, e sempre me traz para Si: a força do Amor que me seduz e atrai à totalidade.
Uma vez uma pessoa me falou que no Celibato não adianta forçar, que não é pelo meu querer somente, mas é atração. E um dia eu vi uma publicação de um amigo celibatário que dizia: “Todo de Deus! Todo do Carisma! Todo dos Jovens!” E aí, nessa simples frase eu senti essa atração e entendi, ainda que de forma sucinta, o que Deus queria, e o que eu queria também. É o próprio Deus, em Jesus, que nos seduz e conquista. E hoje entendo que foi exatamente assim que comecei esse discernimento, atraída, seduzida, apaixonada e vencida pelo Amor.
No começo de 2022 eu estava fazendo uns exames de rotina, e em alguns deles deram algumas alterações; uma delas foi que eu tinha dois cistos no pulmão esquerdo. De imediato a médica me pediu para ir ao especialista e investigar. Lembro que já de noite, nesse dia que recebi a notícia, eu estava no quintal da Casa Comunitária, e eu chorava muito, desesperada, com medo e receio do que poderia significar aquilo. E em meio as lágrimas de um choro muito copioso, eu pensei: “Meu Deus, posso estar doente, e eu não sei como vai ser daqui pra frente… eu me permitiria morrer sem Te dar a chance de revelar Tua vontade na minha vida em relação ao meu estado de vida?”
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E, ali, eu entendi que Deus me chamava para algo que iria me realizar, independente da minha realidade de saúde. Depois disso, na mesma semana, fui falar com minhas formadoras sobre o retiro dos candidatos (e eu acho que elas não entenderam nada, porque eu NUNCA tinha falado de Celibato ou mesmo de Estado de Vida com elas).
Mais que um Amigo
E eu fui pro retiro dos candidatos sem expectativas de descoberta, no fundo, eu só queria amar a Deus, dar “uma chance”. Mas, no meio dessa “chance” teve uma coisa que me marcou profundamente, uma única frase, que dizia: “Deus sacia a carne do celibatário”, aí eu vi meus medos e muros construídos em relação ao Celibato serem derrubados. Uma frase que criou raízes em mim e me fez entender que, na verdade, Ele só queria concretizar em mim esse “saciar a carne”, nada me faltava desta terra, eu tinha tudo, mas estava faltando uma única coisa, era Ele, o Esposo, como Esposo e não mais só como Amigo.
Sai do retiro convicta, mas entendi que aquele não era o tempo para começar logo a rezar e trilhar o caminho. E aí, por pura bondade, nesse tempo de espera, Deus me deu a grande graça de, no serviço a Obra, tocar profundamente naquilo que ainda faltava, aquilo que era um ponto chave para me decidir pelo Celibato: a maternidade espiritual. Comecei a olhar para os filhos de Deus e entender que são também os meus filhos, que existe a descendência própria do Celibatário, que é a humanidade. E Ele não queria mais que existisse um separação entre os filhos d’Ele, dos “meus”; e me deu isso de uma forma muito concreta, real, no serviço à vinha.
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Tudo já se encaminhava no desejo do sim, quando me deparei com uma frase do Moysés, no seu testemunho sobre o Celibato, que diz assim: “Ele já tinha me tocado de forma única. Agora ele deseja me tocar de forma plena.” E eu faço das palavras dele, as minhas. Na minha vida e história, a Comunidade de Vida é o toque único de Deus e o Celibato, é o toque pleno. É aquilo que faltava para que eu me sentisse plenamente realizada, feliz, inteira. É aquilo que faz com que eu olhe a minha vida e diga: não falta nada, da parte de Deus, Ele já me deu tudo.
‘O céu é logo ali’
E, entendendo tudo isso e no desejo de corresponder e já viver o céu nesta terra, eu me decidi pelo Celibato, que para muito além do não ter um outra presença física ao meu lado, para além do “não”, o Celibato é um profundo “sim” a Deus e a mim mesma, que neste sim me descubro feliz e realizada em viver desta forma.
O Celibato para mim é a certeza do céu! E falando do céu, lembro de uma frase que sempre foi bem presente na minha vida, que é: “o céu é logo ali”, e só quando fiz meus votos no celibato entendi, de fato, a força e o sentido que tem para mim. O céu é logo ali, mas, é logo aqui, dentro de mim! O céu habita em mim! E eu quero, por todos os dias, viver esta certeza, este céu mais próximo a mim, aos meus, e aos d’Ele que me são confiados e são alcançados por esta escolha de amor.
Amar a Deus é a grande alegria da minha vida, e o Celibato me mostrou a plenitude desse amor. Por todos os dias, em todos os lugares, no tudo ou no nada… fui vencida pelo Amor!
Por Germana Osterno
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