Barcelona pode se gabar de ter o mais bem sucedido programa debicicletas urbanas do mundo, segundo um relatório publicado na quinta-feira, em Washington, que explica os segredos de se conseguir com que mais gente passe a adotar o transporte sobre duas rodas.
O programa de bicicletas da cidade mediterrânea espanhola conta com uma média de 10,8 viagens por bicicleta e 67,9 trajetos por morador, destacou o Instituto para Transporte e Desenvolvimento de Políticas (ITDP), uma organização de pensamento estratégico sediado na capital americana.
Outras cidades que pedalam bastante – entre os 400 sistemas existentes de serviços com 700.000 bicicletas – são Lyon, Cidade do México, Montreal, Nova York, Paris e Rio de Janeiro.
Pouco conhecidos dez anos atrás, os programas de bicicletas urbanas se expandiram rapidamente em todo o mundo e um número estimado entre 400 e 600 cidades – de grandes a pequenas – lançaram sistemas do tipo e muitas outras planejam fazê-lo no futuro próximo.
“Não estamos dizendo que nenhum (destes sistemas) seja melhor do que o outro”, disse Colin Hughes, diretor de política nacional e avaliação de projetos do ITDP.
“A questão principal é que estes esquemas estão demonstrando um alto impacto real na mobilidade das cidades onde são implantados – há uma grande quantidade de pessoas usando-os – e são bastante rentáveis”, disse Hughes à AFP. “O investimento público realmente vale a pena aqui”, prosseguiu.
Cidades do futuro com qualidade de vida
Para o informe “O guia dos programas de bicicleta de uso livre”, o ITDP compilou dados de esquemas de bicicletas urbanas do mundo todo para estabelecer pela primeira vez o que precisa ter uma rede de aluguel de bicicletas bem sucedida.
Alguns pontos são óbvios, como que sejam “confortáveis, bicicletas para andar pelas cidades”, especialmente desenhadas para impedir o roubo, bem como fáceis de usar, sistemas automáticos de cadeados nos postos de devolução e preços atraentes para incentivar o maior uso possível.
Mas o que é especialmente importante, destaca o informe, é “uma extensa rede de estações… Com distância média de 300 metros” entre elas. “Recomendamos entre 10 a 16 estações por quilômetro quadrado e de 10 a 30 bicicletas para cada 1.000 moradores em uma área de cobertura”, afirmou Hughes. “Faz-se uma escala das estações por área e em seguida se estuda o número de bicicletas nas estações com relação ao número de pessoas que está morando ali”, acrescentou.
Outro elemento fundamental é o uso de tecnologia móvel para fazer um acompanhamento da disponibilidade das bicicletas em tempo real e compartilhar estes dados pela internet, em smartphones, telas de computador e postos de devolução ou empréstimo de bicicletas.
Uma lição que algumas cidades, como Washington, aprenderam com dificuldade ao lançar um sistema com poucas bicicletas e poucos lugares para deixá-las. “Tendemos a ver que os sistemas que são mais bem sucedidos não começam em pequena escala”, afirmou.
“Quando se inicia um esquema, este é o tempo mais valioso. Este é o momento em que se geram notícias. É a primeira vez que você está expondo ao público o seu sistema e o que realmente quer é que as pessoas tenham uma primeira experiência realmente positiva”, prosseguiu.
Também têm que haver ciclovias, embora Hughes tenha apontado que a popularidade do sistema de bicicletas tende a incentivar a expansão da infraestrutura de duas rodas nas cidades.
Para o futuro, Hughes prevê um contínuo aumento dos programas de uso livre de bicicletas no mundo em um momento em que as cidades abraçam o conceito de uma cidade do século XXI, apresentando-se como locais interessantes para viver, trabalhar ou investir.
“É uma pista, uma forma de dizer, ‘esta é uma cidade que valoriza aqualidade de vida’… Esta é a razão pela qual algumas grandes empresas se alinham para patrocinar estes sistemas, porque as bicicletas de uso livre têm uma imagem positiva”, afirmou.
Fonte: Aleteia/ MSN, em Programa Cidades Sustentáveis)