Na literatura existem obras que perpassam o tempo e nunca se desatualizam. São o que chamamos de clássicos. Há muitos exemplos de escritores que são mestres da produção de livros atemporais: Dostoiévski, Kafka, Machado, Dante, Tolkien, Hemingway, enfim, a lista é enorme.
Quanto aos livros espirituais, também não é diferente. Há inúmeros autores que conseguem transcender o tempo em suas obras, transmitindo um conteúdo que, embora escrito há anos, décadas ou até séculos, ecoa na Igreja e no coração do homem com os mesmos efeitos positivos da época em que foi escrito.
Assim, a dica de hoje é uma obra que foi escrita no século V e que, até hoje, tem a força e o vigor capazes de arrastar a muitos pelo caminho de união e configuração à vontade divina.
A santidade é possível
Trata-se do livro Confissões, de Santo Agostinho, que é considerado como sua autobiografia, mas que reflete também aos olhos do leitor como uma declaração de amor de uma alma sedenta por Deus, que se vê completamente impotente diante de tantas fraquezas, mas que resolve abandonar-se por inteiro à Graça e que vê em si os efeitos desta confiança plena no Único que é capaz de alcançar-lhe a salvação.
Portanto, trata-se de uma leitura que instiga a acreditar que a santidade é possível, inclusive, para aqueles que sentem estar com uma alma “estreitada”, como o próprio autor diz, com a sensação de que é um “espaço” insuficiente para acolher a Deus, pois esta mesma alma pode ser alargada por Ele, ao clamor de um coração que sinceramente deseja amá-Lo e acolhê-Lo em si.
Por fim, segue o trecho de uma ação de graças contida no livro, na qual Agostinho revela sua gratidão ao Senhor pela ação de sua misericórdia em sua vida:
“Como agradecerei ao Senhor por poder recordar todas estas coisas sem que minha alma sinta medo algum? Amar-te-ei, Senhor, e dar-te-ei graças, e confessarei teu nome, pois me perdoaste tantas e tão nefandas ações. Devo à tua graça e misericórdia teres-me dissolvido os pecados como gelo, como também todo o mal que não pratiquei. De fato, de que pecados não seria capaz, eu que amei gratuitamente o erro? Confesso que todos já me foram perdoados; o mal cometido voluntariamente, e o que deixei de fazer pela tua graça. Quem dentre os homens, conhecendo tua fraqueza, poderá atribuir às próprias forças sua castidade e inocência para amar-te menos, como se tivesse menor necessidade de tua misericórdia, com a qual perdoas os pecados aos que se convertem a ti? Aquele, pois, que, chamado por ti, seguiu tua voz e evitou todas estas coisas que lê de mim, e que eu recordo e confesso, não seria de mim por haver sido curado pelo mesmo médico que o preservou de cair enfermo, ou melhor, de que adoecesse tanto. Antes, esse deve amar-te tanto e ainda mais do que eu, porque o mesmo que me curou de tantas e tão graves enfermidades, esse mesmo o livrou de cair no pecado”.
Ficha de Leitura
Número de páginas: 348 páginas
Editora: PAULUS
Link de compra: Livraria Shalom
Idioma: Português