Mudança de rotina, quebra de cronogramas e ajustes de horários são acontecimentos recorrentes do período de quarentena e isolamento social impostos pelas autoridade. O período trouxe dificuldades de adaptação para muitos, e para alguns até trouxe mais preguiça.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC), No. § 1866, fala dos pecados capitais, dos pecados que são cabeça, geradores de outros pecados mais graves, pois são contrários às virtudes.
Dentre eles, existe a preguiça, ou como lá mesmo está grafado na versão Vaticana, a negligência. Negligenciamos a vida virtuosa. Entramos em rota de fuga do nosso ideal, do caminho de perfeição. Nos tornamos desertores do amor.
A obra
O livro “A Preguiça” define esse pecado como: “a resistência ao esforço e ao sacrifício” e o autor, Padre Faus, proporciona uma leitura suave e profunda que nos chama a uma verdadeira reflexão, principalmente no atual cenário, onde há uma disponibilidade excessiva de horários, que pode levar a uma aversão ao esforço.
É fato: vivemos em uma sociedade que traz em si uma mentalidade do “passar bem”, do prazer que evita a qualquer custo o gasto energético com o fazer o que é necessário e evitar qualquer maior complexidade cotidiana.
Nesse tempo de quarentena, é notória a mudança brusca no cotidiano, para quem vivia em uma rotina fechada, que dizia ter não tempo para nada, sem tempo para oração, para a Palavra de Deus, para o esposo ou esposa, para os filhos ou para os pais e agora tem o tão desejado tempo, mas não consegue dedicar-se a nada.
Por que será que isso acontece?
O livro de Padre Faus mostra os ativistas também são preguiçosos, pois reduziram o seu ideal a apenas um ou dois mudinhos pautados pelo ‘não posso’, que é, antes de tudo, uma desistência do amor, pois “quem adia, recusa”.
É evidente que o ativismo sempre traz ao seu portador um cansaço constante, uma fadiga na alma.
Mas você já percebeu que esse cansaço “milagrosamente” some rápido para aquele pai que, ao chegar “exausto” do trabalho, recebe uma ligação dos amigos para ir ao futebol?
Ou para aquela mãe que reclama por não ter tempo para se dedicar a família, mas não perde uma promoção no shopping?
Ou para o jovem que não consegue fazer uma ligação para os seus avós, mas passa horas nas redes sociais sem ao menos sentir fome?
Essa fadiga da alma, portanto, é fruto da ausência de sacrifício, de servir, de dar-se ao outro, de esquecer de si.
Padre Faus, ao final do livro, nos convoca a uma virtude, aquela que destrói a negligência e a preguiça: A DILIGÊNCIA, que exige calma e necessita da reflexão, pois “a mão que segura e governa as rédeas da atividade é a reflexão”.
É preciso, portanto se perguntar, se questionar, “como, porque e para quê faço tal coisa?”
É necessário refletir e chegar ao real sentido do dever cotidiano e entender que fazer o que é devido é também fazer a Vontade de Deus.
Para isso, no livro o Padre nos pede a virtude da ordem: Ordenar mente e o coração para estabelecer a real prioridade, o verdadeiro sentido do viver.
Aproveitemos estes dias para uma ordenação das nossas vidas, com o auxílio da graça e da luz do Santo Espírito , para que assim possamos encontrar sentido no viver e no cumprimento da nossa primeira obrigação, a de amar.
Ficha de Leitura
Nome: A Preguiça | Páginas: 48 | Editora: Quadrante
Boa leitura!
Francisco das Chagas Pereira da Silva
Missionário da Comunidade de Aliança Shalom em Quixadá (CE)