Sabe aqueles dias longos, nos quais você passou por tudo o que poderia, ouviu tudo o que não queria e chegou até a pensar que não acabaria mais?
Não sei você, mas em dias como esses, tudo o que eu mais desejo é chegar em casa à noite, tomar aquele banho, vestir aquela roupa super confortável de mendigo (que todo mundo tem e não tem coragem de se desfazer), pegar aquele livro maravilhoso, ligar a luz do abajur e ler, ler e ler, até pegar no sono.
Infelizmente, nem todo mundo conhece a formidável sensação de mergulhar em um bom livro e esquecer do mundo, (tem gente até que prefere tomar um “sossega leão” e apagar até o outro dia), mas estas postagens são exatamente para difundir maravilhas como estas, que só uma boa leitura é capaz de proporcionar.
Para ocasiões emergenciais como a descrita acima, um tipo de leitura ideal são os contos, que são narrativas breves, geralmente com poucos personagens e espaços limitados.
A dica de hoje é sobre um livro que contém doze pequenos contos, publicado pela primeira vez em Londres, no ano de 1911, chamado “A inocência de Padre Brown”, do britânico G. K. Chesterton, mais conhecido como o escritor “Vixe”:
– Chesterton?
– Sim.
– Vixe!
– O que foi?
– Nah… esse escritor é muito complicado!
– Você já leu algum livro dele?
– Não, mas já me disseram que não dá pra entender nada, então nem vou começar…
– Meu irmão, pois dê ao menos uma oportunidade para este livro, para dizer se gosta ou não!
[#VoltaLogoJesus]
Apesar de Chesterton possuir a fama de ter uma escrita difícil, os contos do Padre Brown são casos à parte, e diria até que são propostas com temáticas simples, nas quais o autor vai desvendando os mistérios junto com o leitor, sem esconder nenhum detalhe, sendo que o criminoso sempre aparece disfarçado entre os personagens da trama, o que diferencia sua linha de raciocínio dos demais autores de ficção deste gênero e o que se torna a grande marca da inteligência e perspicácia destas histórias.
Ao todo, Chesterton escreveu 52 contos tendo como personagem principal o Padre Brown, um sacerdote católico baixinho, extremamente carismático e que possui como que um “sensor” para intuir sobre os casos misteriosos que lhes chegam nas mãos e a má intenção de seus malfeitores.
Logo no primeiro conto, o ótimo “A Cruz Azul”, encontramos o francês Aristide Valentin – o melhor detetive do mundo – ao encalço de Flambeau, um colosso do crime, acrobata surpreendente e mestre em disfarces, que possivelmente tentaria roubar, disfarçado de padre, a valiosa cruz de safira azul que o desajeitado padre Brown levava consigo para apresentá-la em um Congresso Eucarístico em Londres.
Valentin começa a seguir Flambeau e Brown e vai se deparando com enigmáticos sinais deixados pelo sacerdote e, no final, que grande surpresa o detetive tem ao perceber que justamente aquele padre completamente despretensioso foi capaz de desvendar o disfarce de Flambeau e deixá-lo completamente atônito com a descoberta. Sabe como? Vai ter que ler para descobrir…
Para dias longos ou curtos, bons ou ruins, este livro é uma ótima pedida.
Boa leitura!
Ficha Técnica
Título: A INOCÊNCIA DO PADRE BROWN
Título Original: THE INNOCENCE OF FATHER BROWN
Catálogo: Coleção L&PM
Gênero: Literatura clássica internacional
ISBN-13: 978.85.254.2162-3
Páginas: 256
massa,vou procura-lo,RS!amo esses enigmas,amo leitura tbm
E a nova edição da Sociedade Chesterton Brasil está um primor! Com Prólogo de Carlos Nougué e apresentação de Rosa Nougué, onde se lê que Padre Brown não é um detetive que analisa o homem de fora, como a um inseto num laboratório, mas busca entender o criminoso a partir de dentro, de seu coração, de seus pensamentos e paixões. Estou encantado por Padre Brown.