No mês dedicado às vocações, o Bendita Leitura trará dicas de livros inspiradores, nos quais poderemos experimentar um pouco do gosto da santidade, via pela qual tantos homens e mulheres caminharam decididamente até o fim de suas vidas.
Tendo iniciado esta série de dicas com o excepcional livro “As fundações”, de Santa Teresa D’Ávila, hoje é a vez de trazermos uma obra que é um dos mais belos relatos da vida de São Francisco. Trata-se do livro “O irmão de Assis”, do frei capuchinho Inácio de Larrañaga.
A história narra a conversão de Francisco a partir de sua juventude, quando ainda sonhava com as riquezas e os prazeres deste mundo, contando como, pouco a pouco, o jovem foi encontrando a perfeita alegria que só os que descobrem a Deus como o seu tudo podem experimentar.
A partir do abandono da casa paterna, acompanhamos as aventuras de Francisco juntamente com os primeiros irmãos que, de tão atraídos por esta opção radical do jovem de Assis, também ousaram deixar tudo para viver o Evangelho em sua literalidade.
No livro há muitos relatos emocionantes, dramáticos e até cômicos das andanças de Francisco e seus companheiros pelos arredores da cidade de Assis, pelo Vaticano e também no Egito, onde bravamente pregou pela conversão dos muçulmanos ao Cristianismo. Estas narrativas tratam-se do modo como os primeiros franciscanos de forma simples e livre recordaram ao mundo que o Reino dos Céus pertence aos pobres e violentos de coração.
Outro traço bem ressaltado na narrativa é o bom humor e a alegria de Francisco. Este pode ser considerado também, para os de fora, um dos pontos mais intrigantes da vida franciscana: como é possível ser feliz através de uma vida tão austera e frugal? Como o seguimento tão radical do Cristo pobre, casto e obediente, em meio a leprosos e espinheiros, é capaz de gerar uma felicidade maior do que a que poderia provir da posse de todos os bens e riquezas deste mundo? Não há melhor resposta do que a de Santa Clara, grande amiga de Francisco: “Deus, Francisco, Deus”.
Toda a vida e obra de Francisco é realmente extraordinária, entretanto, um dos fatos mais impressionantes sobre ele é que até hoje, quase oito séculos depois de sua morte, os rastros de sua santidade ainda perduram na vida de tantas pessoas – católicas ou não -, que reconhecem nele um grande exemplo de humildade, pureza e santidade únicas.
Tais rastros podem ser claramente identificados na leitura de “O irmão de Assis” e comprovados ao visitar a cidade de Assis, na Itália, na qual Francisco viveu há tantos anos, mas que ainda respira os mesmos ares de Céu e os sabores da eternidade, produzidos pelo amor incondicional que este santo tinha por Deus, de quem, fazendo-se o mais pobre de todos e sem querer nada mais, recebeu tudo, experimentando, assim, profundamente o doce gosto da verdadeira paz.
“Quem recebe tudo não se sente com direito a nada. Não exige nada. Não reclama de nada. Pelo contrário, agradece tudo. A gratidão é o primeiro fruto da pobreza. O irmão foi como a amendoeira: sempre aberta ao sol, de quem recebe, com prazer e gratidão, a vida e o calor. Mas, se o sol se oculta, não se queixa. Não há violência. Esse é o segundo fruto da pobreza: a paz, fruto que tem gosto de doçura”.
Ficha
Autor: Inácio Larrañaga
Editora: Paulinas
Idioma: Português
Páginas: 496
Edição: 2012
Acabamento: Brochura