No dia 24 de abril de 2005, Joseph Ratzinger foi eleito como Papa Bento XVI. E logo declarou: “meu programa de governo é não fazer minha vontade e não seguir minhas próprias ideias, mas ouvir a palavra e a vontade do Senhor e ser conduzido por Ele”. Isso lembra as palavras de alguém? A Virgem Maria, não é? Com grande devoção mariana, ele afirmou que: “a doutrina da Imaculada Conceição de Maria exprime a certeza de fé que as promessas de Deus foram realizadas: a sua aliança não falha, mas produziu uma raiz santa, da qual brota o Fruto bendito de todo o universo, Jesus, o Salvador. A Imaculada está a demonstrar que a Graça é capaz de suscitar uma resposta, que a fidelidade de Deus sabe gerar uma fé verdadeira e boa.” Como a Virgem Maria, ele aprendeu e assumiu com ousadia e coragem o chamado de Deus.
Ratzinger sempre foi um brilhante teólogo e tornou-se um Papa admirável, mas, durante o papado, sofreu alguns impactos por causa da dureza da missão, da fragilidade da sua saúde e a idade avançada, que o fizeram abdicar do papado, em um ato que surpreendeu o mundo.
Fazendo uma analogia, na vida cristã é necessário, muitas vezes, avaliar e também renunciar algumas coisas como relacionamentos, pessoas, cargos, tempo, posses e comportamentos. Mas, para um eleito como Vigário de Cristo, a renúncia foi a escolha de morrer na simplicidade. Nossa Senhora também não escolheu ser simples, sem méritos e holofotes?
Maria também precisou abdicar. Talvez, após o Fiat, teve medo de como as pessoas a tratariam. Mas viveu suas dores no silêncio e nunca usou do privilégio de ser Mãe do Filho de Deus para se engrandecer. Pelo contrário, ela quis que Deus se utilizasse de sua pequenez e livremente deixou que o Espírito Santo agisse, por meio do “sim” que ela pronunciou, trazendo, assim, a salvação à humanidade.
Bento XVI reconheceu suas limitações humanas e quebrou uma tradição de quase seis séculos. Deixou o cargo exatamente no Dia do Enfermo, assumindo, assim, os limites humanos necessários para bem exercer o ministério que lhe fora confiado. Um gesto que, certamente, não o deixará esquecido na história. O Papa nos ensinou que a humildade necessária para a abdicação não se tratava de uma “descida da cruz”, mas exatamente de ser crucificado junto com Jesus, o manso e humilde de coração. Nem sempre abdicar significa perder. Por vezes, é necessário abrir mão de tudo, para que Deus realize o melhor e assim se terá tudo: o céu.
Atualmente, o Emérito empreende uma forte vida de oração pelo mundo, num exemplo de um homem pensador que reza e busca cada vez mais os mistérios de Cristo, se apega à devoção do Santo Rosário e ao Oficio da Imaculada Conceição, confiando à Mãe todas as dores da Igreja e da humanidade. “Em Maria a Palavra de Deus encontra escuta, recepção, resposta, encontra aquele ‘sim’ que a permite comer carne e vir habitar em meio a nós”.
Reze em paz, Bento XVI. Reze por nós e que a vida lhe seja longa!
Janaina Teixeira
Leia também:
Reze com o Papa Emérito pelos doentes com Covid-19
10 conselhos de Bento XVI para os jovens