“Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45) foi o tema da segunda pregação sobre o Advento do Cardeal Raneiro Catalamessa, Ofm. Cap., Pregador da Casa Pontifícia, na última sexta-feira, 22. Na ocasião, o frei convidou os presentes a adentrarem no mistério do Natal por meio da Virgem Maria.
Em sua primeira pregação sobre o Advento, o cardeal meditou o tempo litúrgico por meio da figura de São João Batista.
“O que João Batista nos ensina como profeta? Creio que ele nos tenha deixado de herança a sua tarefa profética. Ao dizer: ‘No meio de vós está quem vós não conheceis!’ (Jo 1,26), inaugurou a nova profecia cristã que não consiste em anunciar uma salvação futura, mas em revelar uma presença escondida, a presença de Cristo no mundo e na história, em rasgar os véus dos olhos das pessoas, quase gritando, com as palavras de Isaías: ‘Ainda não percebeis?’ (Is 43,19).”
Assim, dando continuidade as reflexões ele tomou o Evangelho de Lucas da liturgia do próximo domingo, onde o anjo anuncia a Virgem Maria o nascimento do Salvador.
>> Clique aqui para seguir o canal da “Comunidade Católica Shalom” no Whatsapp
O que podemos aprender com a fé de Maria?
Para o frei, o “acreditar” de Maria na anunciação não foi somente o momento culminante de sua fé, mas sobretudo o “ponto de partida” dela. “Devemos completar a lista do que aconteceu depois da Anunciação e do Natal: pela fé, Maria apresentou o Menino no templo, pela fé o seguiu, mantendo-se à parte, em sua vida pública, pela fé esteve sob a cruz, pela fé aguardou a sua ressurreição.“
Ele destaca a fé mariana sobretudo na presença de Maria na cruz de Jesus. “Com Abraão, Deus se detém no último momento, com ela não. Aceita que o filho seja imolado, o entrega ao Pai, com o coração dilacerado, mas de pé, forte pela sua fé inabalável.” Para cardeal Catalamessa é no momento da morte do Senhor que “a voz de Maria alcança a nota mais alta.” E por isso que de “Maria, deve-se dizer com maior razão o que o Apóstolo diz de Abraão: esperando contra toda esperança, Maria acreditou e, assim, tornou-se mãe de muitos povos (Rm 4,18).”
Após percorrer o “caminho da fé de Maria”, frei recorreu aos escritos de Santo Agostinho, que disse: “Maria acreditou, e o que acreditou se cumpriu nela. Acreditemos também nós, para que o que se cumpriu nela possa se cumprir também em nós!”
Nasce Deus e morre o homem velho
No Natal deste ano se celebra o oitavo centenário de aniversário do primeiro presépio, inspirado por São Francisco de Assis, em Gréccio. Frei Ranieiro utilizou-se do dado para relembrar o significado dessa tradição natalina. Ele lamentou o fato do costume de montar o presépio estar se afastando da intenção original dada por São Francisco.
“Tornou-se, frequentemente, uma forma de arte ou de espetáculo do qual se admira a montagem externa, mais do que o significado místico.” Cardeal Catalamessa também ‘denunciou’ que no ocidente há várias iniciativas para se extirpar o sentido evangélico do Natal, nas quais “reduzi-o a uma mera e simples festa humana e familiar, com tantas fábulas e personagens inventados no lugar dos verdadeiros personagens do Natal.”
>> Conheça nossa página especial do Advento
Apesar disso, ele afirma que o presépio é uma tradição “útil e bela”, mas que é preciso, sobretudo, montar para Jesus um presépio do coração. “Abramos-lhe a porta do nosso coração. Façamos dele um berço para o Menino Jesus. Que sinta, no frio do mundo, o calor do nosso amor e da nossa infinita gratidão de redimidos!’
“Em nosso coração, de fato, há lugar para muitos hóspedes, mas apenas para um dono. Deixar Jesus nascer significa deixar morrer o próprio ‘eu’, ou ao menos renovar a decisão de não mais viver para nós mesmos, mas por Aquele que nasceu, morreu e ressuscitou por nós. ‘Onde nasce Deus, morre o homem’, afirmou um certo existencialismo ateísta. É verdade! Morre, porém, o homem velho, corrompido e destinado, em todo caso, a terminar com a morte, e nasce o homem novo, ‘criado em justiça e santidade da verdade”.
Confira abaixo trecho da pregação de Frei Raniero:
Ver essa foto no Instagram