Formação

“Caridade na verdade”

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Dom Eurico dos Santos Veloso

Aguardamos,ansiosos, por mais uma encíclica do Papa Bento XVI, que deverá serapresentada no próximo dia 7. Digo ansiosos pois as duas primeiras comque nos brindou o Santo Padre, abordando as virtudes teologais com umaprofunda espiritualidade e conhecimento dogmático, leva-nos a pressupora maestria com que se envereda em suas letras desta vez: a questãosocial. "Caritas in veritate" (Caridade na verdade) há de ser,certamente, um tratado preciosos, levando-nos a compreender melhor, àluz do Magistério, a realidade de questões que têm assolado o mundo,como a usura dos grandes e o naufrágio dos pobres, em detrimento dadignidade humana, por causa de um desejo incontrolável de ter para ser.

Nosúltimos dias, na celebração dos apóstolos São e São Paulo, diversasvezes o Papa adiantou pontos a serem abordadas em sua encíclica, quesai com data de 29 de junho. Mais uma vez, ele conclama o orbe àprática da caridade, mãe de todas as virtudes, para, assim, compreendere saber agir com os desvios que nos sugerem as sedutoras promessas, orade uma vida mais fácil, ora de se tirar proveito de algumacircunstância, incitando-nos a nos alistarem com aqueles que se dispõemà maratona da frialdade, que leva ao nada, ao vazio interior, à solidãona distância de uma convivência fraterna, ao desestímulo, à carência naausência de Deus.

Comoos meios de comunicação especializados no dia-a-dia da Igreja já nosadiantam, Bento XVI nos trará à mente algumas diretrizes que já nosindicara o Papa Paulo VI, de santa memória, há pouco mais de 40 anos,com a sua magnífica "Populorum Progressio". E como Leão XIII, pai daDoutrina Social da Igreja, e seus predecessores, inclusive João PauloII, o Sumo Pontífice pretende incitar a humanidade, "no seu compromissopor um desenvolvimento sustentável, no pleno respeito pela dignidadehumana e pelas reais exigências de todos", como aludiu numa de suasalocuções.

"Caridadena verdade" será uma explanação sobre o mundo hodierno do trabalho, doprogresso em todos os sentidos e das polêmicas e instáveis questõesfinanceiras, principais causas de uma desorientação do mundo, apelandopara iniciativas que distanciam o homem e suas ações dos princípiosmorais e éticos, numa busca insaciável de uma auto-satisfação plena,sem se preocupar com a prática da solidariedade. Novamente, ele retomaa decadência das instituições que se fundamentam exclusivamente dointeresse monetário, levando "a um colpaso das leis do mercado", comojá previra há mais de vinte anos, numa conferência proferida na CidadeEterna.

Naoportunidade em que condena o consumismo exacerbado que tem escravizadoa tantos que cedem ao desejo simplesmente, submetendo-se ao flagelo daeconomia e do mercado, ele adverte sobre o risco de sua aplicação semlimites e injustos, como se deduz na análise do atual quadro mundial,em crise. E lança: "A falta de ética nas estruturas econômicas terialevado, por isso, à atual situação de crise".

Adignidade humana, ao lado de outros temas principais, como oterrorismo, ataques ao meio ambiente, globalização, adiantam-nos que oSanto Padre irá abordá-los, mostrando-se, como sempre, sensível eprofundamente atento ao desenvolvimento deles. E como método parasuperação de todos os problemas e solidificação das iniciativasbeneméritas, com base no cristianismo, apontar-nos-á, certamente, BentoXVI, a Palavra e a Eucaristia, fontes imarcescíveis da vida na graça deDeus Nosso Senhor.

Aguardemos!


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