Formação

Caríssimos fiéis leigos e leigas!

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O Domingo de Cristo Rei, aqui no Brasil, é dedicado a todos vocês, fiéis leigos e leigas de nossa Igreja. É com grande alegria que lhes dirijo esta palavra, pois tenho grande apreço por vocês, que também constituem o grupo mais numeroso da Igreja de Jesus Cristo.

Tenho bem consciência do enorme bem que muitos de vocês fazem nas suas comunidades, nos vários serviços da evangelização e da caridade. Muitos de vocês dedicam parte do seu precioso tempo e de suas energias à catequese, à pregação e à formação de outros irmãos batizados; participam nas diversas pastorais, dedicam-se aos doentes, pobres e pessoas necessitadas de ajuda, às obras sociais e culturais da Igreja; outros dedicam-se às celebrações da fé nas comunidades e às mais diversas responsabilidades da organização e administração da vida das comunidades, junto com os padres nas paróquias.

Quero agradecer-lhes neste dia, em nome da Igreja, e pedir que Deus os abençoe e recompense por isso; a Igreja conta com vocês e, sem sua ajuda, ela não teria condições de cumprir adequadamente sua missão.

Mas também quero dizer que não se trata apenas de “ajuda” dada à Igreja: vocês mesmos também são parte da Igreja, são “o rosto leigo da Igreja”, com sua missão própria e insubstituível. Colaborar com a Igreja, mais que ajudar os Pastores da Igreja, é “trabalhar juntos” na grande e variada missão da Igreja. Leigos e leigas são mulheres e homens da Igreja no coração do mundo e mulheres e homens do mundo no coração da Igreja.

A Conferência de Aparecida recordou que todos nós, pelo Batismo e nossa inserção na Igreja, Corpo de Cristo, somos discípulos e missionários de Jesus Cristo; nossa presença no meio dos povos, como cidadãos deste mundo, e nossa inserção em toda a complexa trama da vida e da organização da sociedade devem ajudar esses mesmos povos a terem vida plena “em Jesus Cristo”. Esta é a razão de ser da Igreja e sua missão no meio dos povos.

A missão “laical” da Igreja é exercida sobretudo no âmbito das realidades deste mundo, onde os leigos e leigas estão inseridos e exercem suas responsabilidades. É o mundo da família, dos relacionamentos sociais e culturais; o mundo do trabalho e da empresa, com suas profissões e competências próprias; o mundo da ciência, da pesquisa, da educação e da comunicação; é também o mundo das responsabilidades institucionais na política e nas organizações sociais… Nesse vasto “mundo secular” os cristãos leigos e leigas são chamados a exercerem sua missão. Não estão lá os ministros ordenados nem poderiam realizar essa missão.

Os leigos e leigas são, pois, como o sal e o fermento misturados na massa, para transformá-la com a força do Evangelho; são luz para o mundo e, mais do que com a própria claridade, contam com a luz forte de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, verdadeira luz para o mundo.

Quero, pois, manifestar o agradecimento da Igreja a todos os fiéis leigos que assumem conscientemente essa missão de expressões muito variadas. Tenho clara consciência de que é imensamente desafiador para eles, pois encontram-se no meio de ambientes pluralistas, onde há muitas convicções e propostas, por vezes discordantes das convicções e propostas cristãs; muitas vezes, os leigos são desafiados na sua firme adesão à Igreja e à seus pastores; por vezes podem ter a impressão de se encontrarem sozinhos e fragilizados em situações que superam suas próprias energias e capacidades.

Desejo, pois, confortá-los e encorajá-los; na Igreja ninguém deve sentir-se sozinho, uma vez que estamos todos unidos e fazemos parte do mesmo Corpo de Cristo; o Espírito de Cristo assiste e acompanha os discípulos de Jesus, dando-lhes forças e sua luz. Convido-os também a se unirem com outros fiéis leigos em suas organizações, grupos e iniciativas; isso lhes dará a possibilidade de uma formação melhor para o exercício de sua missão. E contem sempre com o apoio e o incentivo do Bispo e dos Presbíteros em suas comunidades.

No Domingo de Cristo Rei recordamos que a Igreja recebeu a missão de continuar a anunciar e testemunhar aos povos, enquanto durar a história da humanidade, o reino de Deus e de Cristo. Jesus disse que, de fato, o reino de Deus “já presente no meio de vós”; Ele próprio fez aparecer no meio de nós o reino de vida e santidade, de solidariedade, justiça e paz. É uma grande bênção e um enorme bem para os povos. Os cristãos, enquanto discípulos de Jesus Cristo, são missionários e colaboradores para que esse “reinado de Deus” seja acolhido e vivido entre os homens.

Deus habita esta cidade! Cada organização e instituição da Igreja tem a missão de ajudar o povo da cidade a perceber que o reino de Deus é coisa boa para os homens, atraindo as pessoas para Deus. Muito mais ainda, cada discípulo de Jesus Cristo tem esta missão: ser um sinal da presença de Deus salvador no meio do povo e suas organizações.

*Dom Odilo P. Scherer,58, é Arcebispo de São Paulo (SP)

Fonte: Catolicanet


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