Franco Suzuki e Maria do Socorro Suzuki são membros consagrados na Comunidade de Aliança com promessas definitivas no Carisma Shalom, com 24 anos de comunidade, e testemunham com grande parresia e ardor missionário a condução de Deus na vida missionária, especialmente a alegria de participar da expedição Shalom Amigos do Rio Grande do Sul.
O casal comenta que, para eles, a expedição iniciou no dia em que eles decidiram partir em missão para o voluntariado. Franco tem 61 anos e Maria do Socorro tem 57 anos, fora o tempo de Obra, eles vivem há 24 anos como Comunidade de Aliança. “Deus vai nos formando, Deus vai nos preparando, Deus vai nos fazendo viver o que a gente promete. Nós prometemos para sempre, diante de Deus e da Igreja, que partiremos em missão onde a Igreja nos chamar, onde a Comunidade nos enviar como Comunidade de Aliança”, destaca Maria do Socorro.
Resposta ao chamado de Deus
Ao chegar no Rio Grande do Sul, para os primeiros dez dias da expedição, o casal se deparou com uma realidade mais grave do que eles imaginavam. Maria do Socorro testemunha os sentimentos que passaram pelo seu coração diante daquilo que ela viu:
“Primeiro, eu fui pensando uma coisa, esperando algo, e, na verdade, estava pior do que eu imaginei: a situação das pessoas, da igreja. A sensação que eu tinha era que eu estava em uma cidade que tinha sido guerreada, como se um furacão tivesse passado e destruído a cidade. Se eu não tivesse visto as pessoas andando, era como se fosse uma cidade desabitada, uma cena que eu só tinha visto em filmes, eu nunca tinha visto algo assim, contemplando com os meus olhos uma realidade dessa. Tocar na vida das pessoas sofridas… sofridas, mas também, ao mesmo tempo, lutando com muita resiliência.”
Para ela, a experiência de contemplar a vida das pessoas diante do rastro de destruição e do processo de reconstrução reforça a transitoriedade das coisas materiais e a importância da fé, da esperança e da caridade:
“Ver pessoas deprimidas porque perderam tudo, pessoas sem saber o que fazer porque uma vida inteira foi destruída, contemplar com os meus olhos essa difícil verdade trouxe ao meu coração que realmente tudo passa, tudo o que é terreno, que é concreto, palpável, tudo passa, e as dores deles também vão passar. Com certeza, as dores que eles vivem hoje vão amadurecê-los, vão fazê-los crescer na fé, na esperança, na caridade uns para com os outros porque, depois da expedição, todos os voluntários vão embora e quem vai ficar serão eles.
Então, eu acredito que Deus tem uma obra muito grande de reconstrução, não só da igreja.
“Um ponto que ficou muito forte para mim, não foi só a reconstrução da igreja, dos sacerdotes, da fé do povo, mas uma reconstrução na caridade, na compaixão, no coração do povo gaúcho por inteiro porque foi praticamente todo o Estado atingido, então eu acredito muito nisso.”
Atualmente, o casal mora na missão de Imperatriz (MA). Para chegar no Rio Grande do Sul, o casal fez um percurso de carro que durou quatro dias.
“Não foi um problema esses quatro dias porque, assim, eu vejo na expedição e em tudo que a gente faz que Deus é muito bom com a gente, com todos nós da Comunidade porque nós não somos obrigados a fazer nada. Nós vamos porque nós escolhemos, porque rezamos, porque Deus coloca no nosso coração, porque Deus nos toca de alguma forma e nos impulsiona a estar sempre nesse movimento de saída. Ir para o Rio Grande do Sul parecia algo muito difícil pela realidade que a gente não sabia que ia encontrar lá, então a família, meus filhos que já são adultos não acharam uma boa ideia por causa de tantas realidades que a mídia vai colocando, de doenças e várias outras coisas. Colocar a vida em risco, nós não somos mais tão jovens, eu e o Franco, somos adultos, “adultos-velhos”, jovens a mais tempo. Então, a gente não é mais criança, nem jovem que vai para topar tudo. Mas, a grande experiência é a graça de Deus que nos ampara e nos sustenta, então foi no Rio grande do Sul, mas podia ser em qualquer lugar, eu acho que a graça de Deus, o chamado de Deus ele é o mesmo e não importa a distância, a localidade, dificuldade para chegar porque Deus já nos dá a graça, já coloca essa disposição no nosso coração e a gente só vai, só faz o movimento de saída que precisa do nosso sim e da nossa decisão. Para mim é muito isso, expedição é ir, ir em missão. Eu posso ir expedição em uma missão perto de onde eu moro, em uma cidade vizinha, contanto que eu vá no intuito de levar a palavra de Deus, de levar Deus, de levar a fé, de levar a esperança, de levar a Igreja Católica, de ser sinal como foi o evangelho desses dias, ser sal no mundo, ser luz. Expedição parte da palavra de Deus que nos leva e nos envia.”
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Voluntariado é missão
Apesar das dificuldades iniciais e das encontradas durante a primeira fase da expedição, Franco ressalta a importância da decisão em vontade de Deus diante daquilo que Ele inspirava.
“Para mim, a expedição começou no dia em que decidimos ir, do desejo de fazer a vontade de Deus. Optamos por fazer essa viagem de carro, o que não foi fácil por não ser uma viagem tão pequena porque foram quatro dias para chegar ao local, foi um despojar-se. Para mim, já começou toda expedição no carro, a convivência, as partilhas durante o caminho. E quando a gente chegou lá, foi estar diante de uma realidade que eu não esperava nunca.”
Diante do cenário com o qual se deparou, o missionário de 61 anos conta como se sentiu impotente ao contemplar a situação das pessoas que passaram pela dor do desastre:
“É muito comovente, é difícil olhar a dor do outro, daqueles que perderam tudo e não poder fazer nada. Eu, pelo menos, me senti impotente de não poder fazer nada, a não ser falar, conversar, levar um pouco da palavra de Deus, limpar algo, ajudar. O que ficou muito forte, para mim, foi a impotência de não poder realmente fazer nada. Eu sou muito ativo e não poder fazer nada dá uma dor muito grande em mim. Mas, também é reconfortante a gente saber que muitas pessoas que foram cuidadas, que foram auxiliadas reconhecem que o pouco que nós fizemos, de repente, foi muito, o que conseguimos fazer ou realizar, para eles têm um significado totalmente diferente, de auxílio, de quem foi socorrido. Aí, há uma contradição entre aquilo que a gente sente de impotência e, ao mesmo tempo, ver das pessoas essa alegria, esse reconhecimento de que o pouco que se fez foi muito, foi significativo.”
Franco também participou da Visita Pastoral do Programa de Voluntariado Shalom, em Chaves (PA), no ano de 2019. Para ele, o voluntariado está ligado ao ser missionário.
“Na verdade, eu acho que quando a gente dá o primeiro passo, quando a gente é introduzido no ser missionário, nós já somos, ao mesmo tempo, voluntários porque é você aderir a algo que tem necessidade e você, voluntariamente, se dispõe a ir ao encontro daquela necessidade, diante daquele chamado de Deus, diante de um chamado da comunidade – vai muito dessa disponibilidade de coração em ir. É aí que a gente vê o voluntariado. Então, olhando assim, muitas coisas nós já fizemos como voluntários. Você vai a uma viagem para Chaves a convite da Comunidade, esse se pôr a serviço também já é um voluntariado. Pra gente é uma expedição um pouco mais difícil porque tem a questão da distância, do deslocamento, do custo.
É uma resposta ao chamado de Deus, eu digo sempre que eu não queria, não quero e não tenho o desejo de jamais de dizer não à vontade de Deus em minha vida.
Quero sempre dizer sim. Vamos? Vamos! Existe a possibilidade de ir, a gente parte.”
O casal vê na experiência do voluntariado a concretização do sim dado para sempre nas promessas feitas como Comunidade de Aliança, reforçando o chamado à vida em missão, a levar a palavra de Deus àqueles que necessitam e servir o próximo: “Então, nós vivemos concretamente isso, não é só algo que foi falado da boca para fora. Nós somos Comunidade de Aliança, também somos missionários, não é só a Comunidade de Vida. Nós prometemos a Deus para sempre e, enquanto, a gente tiver vida, saúde e Deus nos permitir, estamos aqui. Eis-nos aqui! Ele sabe de tudo.”
Serviço
Expedição Shalom Amigos do RS
As inscrições para a Expedição foram prorrogadas.
Atualmente, a Expedição conta três grupos de missionários que prestarão serviço junto a Diocese Nova Hamburgo, nos períodos de 01 a 10/06, 10 a 20/06 e 20 a 30/06. Além dos grupos rotativos que irão dispor de 10 dias, seis pessoas passarão todo o mês de junho. A Expedição foi prorrogada até o dia 20 de julho.
Amar, socorrer e evangelizar onde a humanidade e a Igreja necessitarem, esta é a nossa missão.
Edital: Edital-Expedição-SOS-RS
Inscrições: Formulário de Inscrição para os Voluntários