Formação

Casamento, jornada prazerosa

comshalom
White flowers decorations during outdoor wedding ceremony

 

Solta rolava a conversa entre as duas amigas. Uma delas, jovem ainda pela minha estimativa, comentava o seu recente rompimento com o companheiro com quem vivia havia poucos anos. Discorria que era a sua segunda separação. Falava disso com a maior naturalidade, sem demonstrar abatimento ou embaraço. A sua condição lhe parecia tão natural que confidenciou à amiga que já estava de namorado novo! A desenvoltura com que as duas conversavam me deixou, confesso, perplexo. É verdade, recentes noticiários confirmam o aumento do número de separações e divórcios. Amplo e complicado é o assunto para ser esgotado em poucas linhas. Cada caso de separação é diferente e único. Torna-se, portanto, temerário e injusto querer julgar precipitadamente e de uma forma linear todas as situações de separação. O contato diário com casais mostra que alguns rompimentos são mesmo inevitáveis. Uniões há impossíveis de ser mantidas. Por outro lado, é preciso reconhecer, acontecem rompimentos precipitados e levianos.

Observa-se, com alarmante preocupação, a plácida aceitação da mentalidade divorcista. O relacionamento entre as pessoas está pautado pela cultura do descartável predominante. No comércio, qualquer mercadoria merece apreço enquanto for útil. Vencido o período funcional troca-se de produto. Muitos sequer se dão ao trabalho de tentar o conserto. Preferem comprar logo um modelo novo. Dizem os entendidos, que os produtos são feitos hoje para durar pouco. Lamentavelmente, é esta a mentalidade que regula e pauta as relações amorosas hodiernas. Quando o companheiro (a) começa a apresentar defeitos e limitações, algo inevitável entre seres humanos, ao invés de sentar e conversar para tentar corrigir falhas e ajustar rumos, prefere-se o atalho mais comum, decide-se que não dá mais, que é preciso dar um tempo.

O casamento está encarado mais como uma aventura arriscada do que como uma opção de vida. É este um dos motivos mais sérios na atual crise que atinge o matrimônio. Sabe-se, o convívio humano é difícil. São pessoas com vidas e históricos diversos que têm que se ajustar a um mesmo compasso, sem perder a grandeza da individualidade. Interesses e hábitos conflitivos, se não forem prudentemente administrados, ameaçam a sempre delicada harmonia. Há ainda as limitações de caráter inerentes à condição humana e que esticam ao limite a paciência e a tolerância do companheiro (a). Compreende-se, não basta só gostar para casar! É preciso ter claro ser esta uma opção de vida, assumida com todas as conseqüências e desafios. Quando ainda se entende que é Deus quem chama este casal para o casamento com o objetivo de revelar ao mundo quanto é fiel e constante o amor que o Pai do céu guarda por todos, passa-se a empenhar-se para construir uma união sólida e harmoniosa, capaz de corrigir e superar os constantes contratempos e revezes. O casal cristão é chamado para testemunhar a fidelidade do amor de Deus.

Casamento é vocação, não loteria. Casamento é escolha consciente e responsável, não uma aventura leviana. Casamento é uma jornada, lenta, persistente, mas profundamente prazerosa, rumo à felicidade, na companhia de uma pessoa que se escolheu amar com fidelidade e dedicação. E sem prazo de vencimento.

Dom Sérgio Krzywy


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.