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Case-se comigo

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BRENO GOMES FURTADO ALVES


Virou uma espécie de tradição. Casamentode artista, para valer mesmo, tem de ser como um kit completo: lugar de sonhospara realizar a cerimônia (na grande maioria das vezes, sem um ranço dereligiosidade); badalação nos primeiros meses, com as fotos dos pombinhospipocando à exaustão na capa das revistas de fofoca; e, por fim, separaçãobombástica e brusca, logo após, quando as juras de amor eterno se transformamem ofensas pessoais e baixarias veladas, registradas com vigor para alavancar aaudiência. Esse parece ser um círculo vicioso que acomete nove entre dezartistas e a previsão sombria é a de que tende a continuar, com a vida dascelebridades se confundido com a sinopse das novelas, sendo exposta ao públicocom a lupa de aumento da vulgaridade e da malícia.

De toda a falação que esse tipo de assuntogera nas rodas, o saldo que se retira é o do desgaste que a instituição docasamento sofreu e sofre por conta desse novo conceito de união, tão elásticoquanto desprovido de intensidade e profundidade. Hoje, já se pensa o casamentoem vista do futuro divórcio (e a consequente divisão dos bens), como um tipo deinvestimento no qual o que vale é que se ganha, sem chance de perda nenhuma. Eporque matrimônio nenhum se sustenta com essa superficialidade, nós temos hojea ficção da relação a dois, onde a simples convivência entre o homem e umamulher basta para consumar o casamento entre eles, sem qualquer compromisso oucerimônia. E aí, o casamento troca de significado: união estável, caso,romance…

Stephen Kanitz, jornalista e administradorpor Harvard, nos diz, em artigo sobre casamento, que “o objetivo do casamentonão é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamentopossível com quem você prometeu amar para sempre”. O ótimo é que não é um padreou um teólogo quem nos diz isso, mas um homem que, por sua estrutura pessoal,descobriu o verdadeiro sentido da vocação matrimonial. Defender a solidez domatrimônio não é obra só para religiosos mas para todos aqueles que entendem ainstituição como fundamental na formação da estrutura familiar. “Em virtude dasacramentalidade do seu matrimônio, os esposos estão vinculados um ao outro damaneira mais profundamente indissolúvel. A sua pertença recíproca é arepresentação real, através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristocom a Igreja”, nos ensina a encíclica Familiaris Consortio. Pelos escritosda Igreja, percebe-se a importância do casamento não apenas como sacramento eoportunidade de aprofundamento da vida espiritual (embora isso já fosseextremamente necessário) mas também como ferramenta de consolidadação dasocieadade, por seu núcleo central que é a família.

Fala-se em casar com o objetivo central dese encontrar a pessoa amada. Porque eu amo aquela pessoa, encontro-me bastantecapaz de me unir a ela para sempre. No entanto, o ranço do descartável corrói osentimento do amor que julgamos sentir, a capacidade que juramos ter de formaruma relação sólida e esperança que pensamos possuir de observar esse “parasempre” com um olhar de missão e de vida. Por isso, o “para sempre” nãodura uma estação e a impressão que fica é que o casamento, na sua acepçãotradicional e necessária, tende ao fracasso e à extinção nos dias de hoje. Ou,ainda, ganha significados não desejáveis, como quando se quer desnaturar omatrimônio para abrigar a relação homossexual, assunto que gera polêmica einsatisfação no mundo gay.

A midia, como geradora de opiniões, temsua grande parcela de culpa nesse fanômeno de vulgarização do casamento, aoelevar à última potência essa superficialidade que permeia as relaçõesconjugais das personalidades. Chegamos a pensar ser completamente “normal” umcasamento que dura um mês, porque na dança da solidão dos famosos, trocar depar é comum e, muitas vezes, até útil nessa busca de orientação. O divórcio éessa chance apropriada de se alcançar a liberdade frente a um relcionamento quejá não traduz em satisfação para mim. Stephen Kanitz complementa: “O contratode casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos navida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. Aspromessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem aqual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação”. O jornalistaanalisa o matrimônio na sua visão contratual mas nem por isso ignora a forçamoral e vocacional que esse contrato abrange. Contrato, aqui, implicacomprometimento e responsabilidade, qualidades imprescindíveis para o alcanceda maturidade afetiva e da correta realidade conjugal. Ou, ainda, pode-se dizerque o contrato é a aliança firmada entre os noivos e que sela essa garantia doafeto e do compromisso com o cônjuge.

Dom Eusébio Oscar Scheid, chega a falar em“insegurança” por parte dos jovens diante do desafio do matrimônio. Segundoele, “esta insegurança tem, por certo, raízes muito mais profundas: no íntimomais íntimo das pessoas em causa. Aprópria escolha definitiva e irreversível de um ou de uma consorte para avinculação vital parece limitar o campo quase infinito das opções, frustrandoou até tolhendo a liberdade”. O erro consiste em colocar como ausência deliberdade a escolha de alguém com quem partilhar a vocação do matrimônio. Segundolição de Jacques Phillipe em seu “Liberdade Interior”, a liberdade maior nãoreside no escolher dentre as várias opções que nos apresentadas, mas, sim, deacolher, com amor e decisão, o que a vida, dom de Deus, traz a nós. Énecessário entender que o casamento advém de um processo que implicaamadurecimento pessoal e livre adesão fundamentada na liberdade, nas quais osfuturos cônjuges assumem a responsabilidade do amor em comum e dão seu sim aDeus, gérmen da nova família.

“É pois indispensável e urgente que cadahomem de boa vontade se empenhe em salvar e promover os valores e as exigênciasda família”, despede-se o Papa João Paulo II ao final da Familiaris Consortio.Promover a consistência do matrimônio frente aos desafios do mundo de hoje é tarefaque leva a evangelizar. É preciso, antes de tudo, certificar que o casamento éfundado nos alicerces maduros da fé e do amor e não palco de flashes ebaixarias, os quais acabam por lhe desnaturar. Amando e promovendo o amor nocoração do próximo, estaremos, enfim, dando sinal concreto à aliança firmadapor Deus no alto da Cruz.

 


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