No contexto judaico, o homem justo era aquele que obedecia aos mandamentos. Então, quando o mestre da Lei, ou seja, alguém que conhecia muito bem a Lei, perguntou qual o maior de todos os mandamentos, Jesus lhe respondeu com tranquilidade: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes” (Mc 12, 29-31). Por que este mandamento resume todos os outros?
Lembremo-nos do que temos refletido nesses dias de Quaresma: a obediência aos mandamentos é uma resposta de amor. Obedecemos a Deus e, por isso, cumprimos seus mandamentos como experssão do nosso amor a Ele. Se colocarmos em prática o primeiro mandamento que é amá-Lo de todo o coração, com toda força, com todo entendimento, não resta dúvida de que os outros mandamentos serão cumpridos com mais facilidade, pois, motivados pelo amor e sustentados pela graça de Deus, seremos capazes de obedecer a esses mandamentos. Por isso, Jesus disse que aquele mestre da Lei não estava longe do Reino dos Céus. Aquele homem havia entendido que o resumo de tudo é o Amor.
Qual é a compreensão correta da Lei? A Lei deve ser vivida no espírito, motivada pelo Amor. Sem o amor, ela se torna apenas uma obrigação vazia, que tende a matar a pessoa, que sozinha, sem Deus, ou seja, sem o amor, desanima por não conseguir cumpri-la e diz: “Não vale a pena, eu não consigo, é melhor desistir”. No entanto, o amor a Deus e ao irmão resume toda a Lei. De fato, se você ama a Deus e a seu irmão, o Amor vai protegê-lo de pecar, de fazer aquilo que é errado.
O santo é aquele que ama, não é apenas aquele que obedece aos mandamentos, de forma legalista. O santo é aquele que ama e, porque ama, naturalmente obedece aos mandamentos, porque quem ama não adultera, não mente, não é injusto. Então, a vivência dos mandamentos não é pesada, à medida que se torna uma ação espontânea motivada pelo amor, que é capaz de nos sustentar até o fim.
Que o Senhor nos ajude a olhar para o que é essencial: o Amor.
Ouça o comentário feito por Carmadélio Souza, membro da Comunidade de Aliança Shalom, sobre o Evangelho de hoje (Mc 12, 28b-34):