No Evangelho de hoje, temos um texto que remete à batalha espiritual. A Palavra de Deus mostra que a obra salvífica de Cristo é a implantação do Reino de Deus, através de seu sacrifício expiatório na Cruz, e é também a destruição da obra do demônio. Sabemos que o pecado é fruto da ação do demônio que tentou nossos primeiros pais a se afastarem de Deus pela desobediência. A Igreja, em Doutrina e Magistério, confirma a existência do demônio como um ser pessoal, um anjo decaído, que continua a tentar a humanidade a se afastar do caminho de Deus.
Em Lc 11, 14-23, Jesus expulsa o demônio que oprimia um homem e o levava à mudez. É claro que as Sagradas Escrituras não estão dizendo que toda pessoa que é muda está endemoninhada. De modo algum. Era um caso específico. As pessoas ficaram admiradas em ver Jesus fazer aquilo. Embora o acompanhassem, muitos davam explicações humanas e até deformadas para o que não conseguiam responder. Então, Jesus lhes dá uma explicação lógica: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus está no meio de vocês”. É como se Ele quisesse dizer: escutem o que eu tenho a lhes dizer. Jesus realizou milagres, curas, libertações, mas tudo isso não era o essencial da Sua missão. O essencial da missão de Jesus era a implantação do Reino de Deus pelo anúncio da salvação, que era Ele mesmo. Claro que a salvação alcança o homem por inteiro, e que Deus se interessa pela cura, mas não há dúvida de que a grande salvação do homem é a salvação de sua alma. O corpo também é salvo porque será remido por Cristo na ressurreição final. Será um corpo glorioso. Mas, na realidade, até mesmo a cura física é transitória. Exemplo disso é que Lázaro, que foi ressuscitado por Cristo, veio a falecer algum tempo depois desse fato. Ele foi curado, mas não viveu eternamente sobre esta terra.
Quando Jesus opera milagres e curas, está querendo atrair para aquilo que é essencial. O problema é quando ficamos apenas com o que é acidental, quando vemos Cristo com se Ele fosse um curandeiro, quando O queremos apenas para que cure nossas feridas e não queremos ter aliança alguma com Ele. É como se nós quiséssemos apenas a cura que vem de Jesus e não O quiséssemos. Na verdade, a grande cura da nossa vida é tê-Lo em nosso coração. Se tivermos Jesus em nosso coração, se Ele for o Senhor de nossas vidas, com certeza todas as áreas de nossa vida serão curadas.
Todo cristão passa por batalhas espirituais. É preciso andar com o Senhor à nossa frente. O demônio não tem poder diante de Deus. Que o Senhor nos ajude a ter o olhar fixo Nele e que esse tempo Quaresmal seja um tempo de conversão a Deus e de nosso desprezo absoluto ao demônio.
Ouça o comentário feito por Carmadélio Souza, membro da Comunidade de Aliança Shalom, sobre o Evangelho de hoje (Lc 11, 14-23):