ROMA, – Transmitir a fé às novas gerações é mais difícil que nunca em um mundo que está mais e mais secularizado. Um recente livro traz recomendações sobre como levar a mensagem adiante para uma nova mentalidade fortemente influenciada por mudanças tecnológicas.
«Googling God: The Religious Landscape of People in Their 20s and 30s» , publicado pela Paulist Press, foi escrito por Mike Hayes, co-diretor de Paulist Young Adult Ministries. Na introdução, Hayes explica que enquanto alguns têm duvidado sobre a religiosidade dos jovens, há um despertar religioso entre, ao menos, alguns jovens.
Hayes faz um interessante exame da juventude americana, com muitos pontos sobres os quais reflete. Seu livro é também muito útil pelas dicas que oferece em como usar a Internet e outras mídias para comunicar.
Uma limitação que precisa ser notada, entretanto, é sua superficial rejeição do que caracteriza como grupos Católicos demasiadamente ortodoxos. Sua superficial rejeição desses grupos em algumas passagens do livro oferece uma visão incompleta dos muitos benefícios reais, e considerável sucesso que eles têm entre os jovens.
Os jovens católicos nos Estados Unidos, explica Hayes, vivem em uma tempo de mudanças tecnológicas revolucionárias, incertezas sobre o futuro e um desejo de gratificação instantânea. No que se refere às comunicações, Hayes comenta que muitos jovens adultos estão sujeitos a uma informação excessiva. Em meio à competição clamam por atenção, e isso torna difícil para a Igreja fazer sua mensagem ser ouvida, ou saber como adaptá-la às mudanças na mentalidade.
Ele faz uma diferença entre Geração X, nascida entre 1964 e 1979, e os «Millennials», nascidos de 1980 em diante. Os primeiros, argumenta, tendem a ver o mundo de uma maneira mais pluralista e explorativa. Os últimos estão procurando por algo sólido para embasar suas vidas. Entretanto, Hayes avisa sobre ler demasiadamente sobre generalizações, pois existem muitas diferenças entre cada geração.
Busca pelo sagrado
Uma coisa que as duas gerações têm em comum é o desejo por contemplação e uma liturgia que provê um senso de mistério e sagrado. Por exemplo, Hayes percebe um novo interesse pela adoração Eucarística e algumas formas de oração contemplativa.
«Em um mundo onde a vida parece muito fugaz, jovens adultos buscam coisas que eles podem depender, coisas que superem o teste do tempo, coisas que pareçam reais, e coisas que são maiores que eles», explica Hayes.
A criação de um espírito de comunidade através da liturgia é também um ponto de atração particularmente para a «Geração X», que em muitos casos tem experimentado a falta de laços familiares, em conseqüência do divórcio ou de estar em lares onde ambos os pais trabalham.
Há também, entretanto, muitos jovens que não estão ativos em sua fé. Um grande número receberam pequena formação em sua fé, outros são pegos pela necessidade de trabalhar e a vida familiar, e alguns preferem uma forma particular de espiritualidade, fora da participação em atividades eclesiais.
Muitos deles não participam regularmente nas atividades da Igreja, entretanto, entram em contato em momentos críticos como casamento, a morte de membros da família ou amigos, e tempos de crise pessoal. Hayes recomenda usar estas oportunidades para atrair os jovens.
Após analisar métodos como adoração Eucarística, rosário e a Missa, Hayes também dedica uma seção do livro a explicar como usar a mídia moderna. Nós precisamos fazer melhor uso de Web Sites, e-mails newsletters, blogs e outras formas de chegar aos jovens, recomenda.
Esforços virtuais
A Igreja está realmente ativa no uso das últimas tecnologias de mídia para evangelizar. Antes da recente visita de Bento XVI à Áustria, a Arquidiocese de Vienna criou um serviço gratuito via celular oferecendo trechos dos sermões e escritos do Papa, como foi noticiado pela Associated Press em 30 de julho.
Em 21 de setembro, o jornal londrino Times noticiou que uma rede de propaganda da Igreja criou uma ilha no Second Life.
A ilha virtual foi construída como uma réplica da vida no primeiro-século na Palestina. A meta é que venha a se tornar um centro para religião no Second Life.
Enquanto isso, em 25 de setembro, o Washington Post noticiou que no ano passado, a Igreja nos Estados Unidos gastou 8,1 bilhões de dólares em equipamentos de audio e projeção. Aproximadamente 80% das Igrejas aparentemente têm produzido sistemas de audio e vídeo, junto com uma variedade de materiais na Internet.
O artigo citado por uma reportagem da TFCinfo, firma de pesquisa em mercado audio-visual do Texas, diz que 60% das igrejas possuem um Web site, e mais da metade envia e-mails a seus membros. Outros meios cada vez mais usados são os podcasts e mensagens de texto.
Alguns dos serviços já estão disponíveis para a Bíblia, e em 2 de outubro, a BBC noticiou que um dos últimos serviços, chamado Ecumen, oferece orações diárias, ringtones e fotos para telefones celulares.
Os mais recentes fenômenos de sites de redes sociais não estão isentos de religião, como o New York Times noticiou em 30 de junho. Agora existe um grande número de sites sociais cristãos, onde os crentes podem ter contato social sem ter que entrar em sites onde todo tipo de conteúdo moralmente indesejável está presente.
Video podcasts religiosos também já existem, como o jornal semanal National Catholic Register noticiou em 27 de maio. No começo desse ano o arcebispo da Filadélfia, cardeal Justin Rigali estreou no site popular YouTube, com uma série de vídeos contendo reflexões sobre o Evangelho.
A arquidiocese da Filadélfia e Boston também utilizam «streaming» de vídeo para alguns eventos, de maneira a torná-los acessíveis a um grande número de pessoas, segundo o artigo.
Batizar a Internet
Em 2002, o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais publicou um documento intitulado «Igreja e Internet».
«Uma vez que o anúncio da Boa Nova às pessoas formadas por uma cultura dos mass media exige uma cuidadosa atenção às características singulares dos próprios meios de comunicação, atualmente a Igreja precisa de compreender a Internet», explica o Conselho (n. 5).
A Internet oferece muitas vantagens, como um acesso direto a recursos espirituais unidos com a capacidade de ignorar distâncias. Isso oferece à Igreja novas possibilidades para comunicação.
As novas tecnologias de mídia também oferecem muitas possibilidades de comunicação recíproca e interatividade social. Enquanto esses meios são novos o aspecto social da Igreja como comunidade é um princípio muito antigo, comenta o documento.
A Igreja é, de fato, «uma comunhão de pessoas e de comunidades eucarísticas que derivam da comunhão com a Trindade e nela se refletem» (n. 3). Contudo, a comunicação é parte da essência da Igreja. Esta comunicação, especifica o Conselho, deveria estar caracterizada pela veracidade, responsabilidade, e sensibilidade aos direitos humanos.
O conselho também alerta que o mundo virtual tem suas limitações e que um planejamento pastoral é necessário para permitir às pessoas fazerem a transição do cyberespaço para uma comunidade pessoal, onde eles podem estar em contato com a presença de Cristo na Eucaristia e participar na celebração dos sacramentos.
A Igreja deveria fazer uso total do potencial oferecido pelas novas tecnologias e comunicação para levar adiante sua missão, recomenda o documento. Ao mesmo tempo nós necessitamos ter firme na mente, o que o conselho exorta, que para todos os tipos de mídia, Cristo deveria ser nosso modelo e a fonte de conteúdo que nós comunicamos. Um modelo tão válido no século 21 como foi para os primeiros cristãos
Pelo Pe. John Flynn, LC