Educar os filhos na situação do mundo atual é um desafio, como também em outros tempos houve desafios. Mas a marca deste tempo atual permite que os pais e mães possam cada vez mais se perguntar: como educar filhos em um mundo mais violento e voltado para si? Como falar de Deus para crianças, adolescentes e jovens cada vez mais conectados às redes sociais, numa sociedade cada vez mais tecnológica voltada para o mundo virtual e fechada para as relações interpessoais?
Os valores que trazemos hoje também nos levam a cada vez mais enxergar os filhos como um custo e não como um dom de Deus que alegra a família e dá à sociedade homens e mulheres que querem construir um mundo mais digno, próspero, pacífico, moderno e justo para as gerações que estão por vir. Fazendo uma reflexão podemos abordar alguns pontos para que o Evangelho se torne Luz na educação dos nossos filhos:
1 – Os filhos são uma alegria e um grande dom
O primeiro ponto é baseado no livro “Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha”, escrito por Hélène Mongin. No capítulo que tem por título “A Vocação de Pais” se fala de uma grande alegria em ter filhos para levá-los à santidade de vida. Assim fala santa Zélia:
“Se vocês tiverem tantos filhos quanto eu, isso exigirá muita abnegação, e o desejo de enriquecer o céu com novos eleitos.”
Daí percebe-se a alegria que há na vocação matrimonial, em que se cumpre o mandamento de Deus que pede ao casal: “cresçam, multipliquem-se, encham a terra e submetam-na (cf. Gn. 1,29). Quanta alegria há na Palavra de Deus! E a Família Martin é sinônimo desta alegria, pois sua casa está sempre cheia com filhos que brincam, correm, riem, brigam. Entretanto, o carinho e a doçura familiar não retiravam a firmeza dos pais, que sempre interviam em situações onde seus filhos precisavam crescer e obedecer, aprendendo deles como enfrentar os desafios da vida e mergulhar constantemente no coração de Deus, para nele, aprender a amar a Sua Santa Vontade.
2 – O valor de ensinar a partilha generosa
Como é evidente o caminho que pai e mãe precisam tomar neste sagrado oficio de educar cada um dos filhos que Deus lhes confia! Aqui pego outro ponto que nos fala o Evangelho, mas já como resultado da luz que ele pode colocar em nossas vidas.
No Evangelho segundo São João, quando é falado sobre a multiplicação dos pães, vemos um menino que com sua generosidade oferta 5 pães de cevada e 2 peixes (cf. Jo. 6, 1-15), coisa que não dá pra alimentar muita gente. Aqui mora um segredo simples que enche nosso coração de esperança ao olharmos com fé nossos filhos.
É preciso gastar tempo com os filhos para lhes ensinar o valor da partilha generosa em favor do outro. Quando o menino chega e entrega sua partilha, ele abre as portas de um milagre que revela uma face maravilhosa de pais que geram filhos para a santidade e assim ensinam que o caminho do Céu já começa aqui na terra.
3 – Cada filho é único e a educação deles também
A educação dos filhos à luz do Evangelho é graça e responsabilidade que os pais recebem e concretizam sob a súplica constante do Espírito Santo que eles fazem em favor de seus filhos. Deste modo, despertamos a criatividade que há na relação conjugal e na relação das diferenças que cada cônjuge traz de sua história de vida. Uma riqueza tal, que continua a favorecer o crescimento do diálogo entre os esposos, que desemboca na condução de cada filho como uma pessoa única, que é amado de modo pessoal sem deixar de amar os outros filhos de modo igualmente pessoal.
Vemos ascender na mídia modelos formados de educação familiar, que parecem querer enquadrar as famílias em padrões criados para uma sociedade fechada à vida, onde o maior valor é educar o filho para ser o melhor de todos custe o que custar. Famílias que se centralizam na busca do filho perfeito e acabam esquecendo de que um filho é um dom de Deus e não um troféu a ser erguido quando ele se encaixa nos planos que os pais já traçaram para ele. Ainda não deixam espaço para a criatividade própria da criança, que se desenvolve livremente em seu próprio mundo, que precisa ser assistida e formada pela presença paternal, que ensina com firmeza e piedade, mas também aprende a ser dócil e amável pelo colo materno.
Essa tarefa é bastante árdua, mas não irrealizável. Esse é um caminho de e para felicidade, como fala Moysés Azevedo, Fundador da Comunidade Católica Shalom, no Escrito Obra Nova, onde podemos contemplar com fidelidade o concretizar da felicidade em educar o filhos à luz do Evangelho, nossa alegria e nossa paz!
4 – Educar é um caminho de cruz e ressurreição
Encontramos nesse caminho desafios que parecem não acabar, mas quando vemos cada filho crescer, se desenvolver, tomando sua vida em suas mãos, construindo sua personalidade, expressando seus sentimentos e emoções, querendo estar perto do pai ou da mãe, perguntando para aprender algo novo, acredito que o coração de pai e de mãe exultam de alegria ao contemplar a Criação de Deus passando por suas pobres mãos. Cumprindo de modo simples e com o auxílio da Graça, sua missão familiar quando no rito do matrimônio o sacerdote pergunta:
“Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?” E cheios de alegria e expectativa respondem : “Estou sim.”
Aqui a voz do Cristo Esposo ecoa fortemente, dando aos pais a Graça sobrenatural que reveste a família de sua luz inefável para não temer as imposições que a mentalidade de morte quer impor na família, mas anunciar que é possível uma vida saudável à luz de Cristo e de Sua Igreja, nossa Casa que revela sempre a singeleza da casa de Nazaré.
“Abertos à vida, reconheçam que o acolhimento do dom dos filhos e o dever de educá-los segundo o espírito do Evangelho é grande graça e autêntico serviço à Igreja e ao mundo” (ECCSh, 89)
Podemos ser pais que deixam a maior e mais segura herança para nossos filhos, sem medo de errar porque queremos dar Deus aos nossos filhos, lhes ensinando os valores católicos e dizendo com convicção que o Evangelho é o fundamento de nossas famílias, é onde aprendemos como amar mais nossos filhos e revelar à eles a Face de amor e de Misericórdia de Deus.
Quando Deus uniu homem e mulher em santo matrimônio foi para que nossa missão seja de testemunhar o seu amor que nos fez uma só carne e gerar frutos de amor que são os nossos filhos, que formados e educados à luz do Evangelho transbordam para o homem de hoje a força do Amor que vence tudo! É assim, com o amor que é possível educar os filhos de Deus! Shalom!
Allan Pereira, Consagrado da Comunidade de Vida, casado e pai de 4 filhos
Eu gostei bastante deste texto. Por cortesia, pretendo que mo enviem por e-mail, se faz favor.