O alarme do celular já tocou e você ainda quer um tempo a mais além daqueles míseros cinco minutinhos. Já no café você percebe que a lista de e-mails não lidos não para de crescer, enquanto se imagina, entre uma olhada ou outra no Instagram, já em casa, banho tomado, roupa limpa e massagem nos pés. Não é difícil desejar isso depois de uma rotina cansativa na vida cotidiana.
O grupo de amigos nas redes sociais começa a conversar e surge a oportunidade de sair, ir na pizzaria e relaxar um pouco. Você sabe que não pode e nem tem ânimo pra ir, mas começa a pensar nas fotos que podem aparecer, nas selfies em grupo e nas histórias que serão contadas na manhã seguinte e vai lamentar ter perdido. Você não quer ir, mas tem medo de estar perdendo… algo.
Estar do lado de fora
Hoje com as redes sociais é mais fácil saber da vida de todo mundo e, ao mesmo tempo, se experimenta uma sensação de ficar de fora. Isso se torna mais frequente na medida em que caímos num círculo vicioso de busca de aceitação a cada like ou visualização de stories.
O medo de ficar de fora (do inglês FOMO = Fear of missing out) é uma síndrome descrita pela primeira vez em 2000, um sintoma de alguém que está viciado em redes sociais e que causa desde angústia a mau humor, e pode até evoluir para um quadro de ansiedade e depressão constante. Segundo os especialistas, o medo é identificado principalmente em jovens e adultos até 34 anos, mas pode afetar pessoas em qualquer idade.
Também é importante lembrar que todos temos dias bons e ruins, momentos de tensão e carência que podem causar alguns dos sintomas normalmente associados ao FOMO e a ansiedade tais como:
- Verificar notificações sem parar, num curtíssimo espaço de tempo;
- Ficar tempo prolongado verificando se existe algo de novo em todas as redes sociais, pulando de uma para outra a espera de alguma informação nova;
- A bateria do celular ou do notebook prestes a acabar causa irritação, deixa o coração acelerado e causa uma preocupação exagerada, a ponto de modificar seus planos normais;
- Frequente sentimento de culpa e cobrança;
- A sensação de que as pessoas estão sempre te decepcionando;
- Linguagem corporal agitada (apertando os dentes ou lábios, balançando a perna, batucando com os dedos, andando de um lado para o outro, roendo as unhas e outros movimentos impulsivos);
- Dificuldades em executar tarefas rotineiras por estar focado em algo trivial;
Esses sintomas são os mais comuns, mas não são todos. É importante criar o costume de observar nossas próprias reações e reflexos, assumindo uma consciência maior sobre como estamos mudando e sendo afetados pelo ambiente em que estamos.
Mudanças reais
Hoje o esforço para levar uma vida mais saudável não se restringe apenas ao aspecto físico mas sobretudo mental. Estar em um ambiente digital requer maturidade e bom senso, pois somos sempre atingidos em maior ou menor grau pela enxurrada de informações que se acumulam em nossos aparelhos.
A tecnologia foi feita para facilitar a vida do ser humano, contudo a ansiedade surge quando eu viro refém dela. Celular, tablet, computador, televisão, carro, alarmes, notificações, telas piscando, tarefas perdidas, solicitações de novos amigos. Tudo isso foi inserido em nossas vidas como updates e melhorias, mas lamentavelmente se tornaram obrigações indiretas.
Alimentar uma vida espiritual saudável é a melhor saída para enfrentar a ansiedade e reduzir a pressão num mundo que nos deixa cada vez mais perdidos. Reservar um momento do dia para refletir, rezar e meditar desenvolve as habilidades necessárias para lidar com os desafios da rotina de trabalho, estudo e relações pessoais de cada pessoa.
O tempo, lugar e condições podem variar de pessoa para pessoa e exercitar nosso interior melhora consideravelmente a nossa produtividade, cria sentimentos de empatia, bem estar constante e redução dos níveis de estresse.
Dicas para você fazer mudanças reais:
1 – Remova os gatilhos
Os alertas presentes em nossos dispositivos e que estão ao nosso redor simbolizam de forma concreta a sensação de ansiedade o mundo moderno.
Notificações funcionam como gatilhos de ação, nos lembrando que existe algo que pode ser importante, não só automatizando o impulso de verificar o que está acontecendo em cada uma das redes sociais, mas também o instinto de verificar frequentemente se novos alertas estão aguardando.
Tudo isso para dizer que algo importante está acontecendo, mas vamos ser sinceros: raramente está. Desative as notificações que puder, silencie os grupos, e trate somente de responder aquilo que for realmente importante. Deixe para ver tudo de uma vez depois de realizar suas tarefas no mundo real, ou quando você estiver mais calmo.
2 – Defina horários de utilização
Não deixe que a internet oriente a sua vida. Não digo que ela é ruim, porém muitas pessoas não sabem utilizá-la de forma adequada, para otimizar as tarefas e ter mais qualidade de vida.
Quem nunca pegou o celular, mesmo que de forma automática, no meio de uma conversa enquanto outra pessoa estava falando? Deixamos de ver uma cena do filme porque acabamos ali distraídos com Facebook, rolando a timeline meio sem rumo.
De acordo com sua atividade de estudo ou atividade profissional, estabeleça um horário adequado para pesquisas, estudo, conversas e demais atividades que necessitem sua atenção. Deixe as redes sociais, de preferência para seus intervalos ou para o fim do dia. Você sabe mais do que todos o que tem te distraído mais. Faça um detox digital.
3 – Conecte-se ao mundo
A regra é clara: precisamos estar mais atentos as pessoas e as situações reais no mundo real. Largar o celular na hora do almoço, conversar com as pessoas, olhar nos olhos, demonstrar interesse. Da mesma forma precisamos ter atenção a nós mesmos, cuidar do templo que é o nosso corpo e do nosso lado espiritual.
Perceber o mundo ao nosso redor e estar ligado realmente a ele exige força de vontade de nossa parte. Respire, olhe a natureza e a vida ao seu redor, tire um tempo para estar a sós consigo mesmo. O objetivo é parar mesmo e depois seguir em frente, rumo aos nossos objetivos.
Não deixe que os melhores momentos da sua vida sejam vistos pela tela do celular ou computador. Seja protagonista da sua história e viva a sua vida da melhor forma que puder. Viver o hoje é a melhor resposta para a ansiedade.
Alex Carvalho, consagrado da Comunidade de Aliança em Macapá (AP)
Muito boas essas dicas. Ótima matéria.