Quando se fala da confissão dos pecados ao sacerdote, estamos falando de um Sacramento da Igreja, cuja eficácia é garantida pelo próprio Cristo. Sim, ele mesmo instituiu esse instrumento da graça, quando enviou seus apóstolos dizendo: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Os ministros oficiais de Cristo na Igreja, com a autoridade dada pelo próprio Salvador de absolver em nome Dele os pecados, são os bispos e seus presbíteros (Padres).
A referência mais antiga de que se tem notícia sobre a prática da confissão, além das Sagradas Escrituras, aparece duas vezes num dos mais importantes documentos judaico-cristãos. Trata-se da Didaqué, ou a Instrução dos Apóstolos. Essa obra é uma coletânea de ensinamentos sobre a doutrina moral e litúrgica da Igreja. Alguns estudiosos modernos afirmam que partes deste documento foram compostas na Palestina ou em Antioquia, por volta do ano 48 d.C.
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O que se sabe é que, em muitas comunidades cristãs da Igreja dos primeiros séculos, a confissão era realizada de forma pública, muito semelhante aos testemunhos ocorridos no final de um evento de evangelização. O fiel tocado por Deus e arrependido, se levantava e se punha de joelhos diante de toda a comunidade cristã reunida e ali confessava seus pecados contra Deus, contra a fé e a moral cristã, em seguida, era absolvido e reconciliado com Deus, por meio da Igreja.
Com o passar do tempo e o crescimento da Igreja, bem como o amadurecimento da compreensão de outros princípios morais da fé, os bispos decidiram que a “Reconciliação Sacramental” fosse feita apenas diante do ministro ordenado da Igreja, Epíscopo (Bispo) ou presbítero (Padre) e não diante de toda a Comunidade reunida.
O que é um pecado?
Para que um ato se caracterize como um pecado, segundo a moral da Igreja, faz-se necessário passar por um crivo de consciência. Todo ato que viola os mandamentos da lei de Deus e da moral cristã, como é compreendida e ensinada pelas Sagradas Escrituras, pela Sagrada Tradição e pelo Magistério da Igreja, caracteriza-se como um pecado. Esse ato pode se classificar como um pecado mortal (grave) ou venial (leve) a depender de alguns fatores.
A distinção entre pecado mortal e pecado venial já era perceptível nas próprias Sagradas Escrituras, solidificou-se na Tradição e foi formalizada com o tempo pelo Sagrado Magistério da Igreja. Normalmente, as pessoas não têm muita dificuldade para perceber e reconhecer um pecado mortal, até devido à gravidade e aos danos que ele causa. Quanto aos pecados veniais, no entanto, nem sempre somos capazes de identificá-los de modo apropriado. Santo Antônio Maria Claret apontava os seguintes atos como sendo pecados veniais e mortais:
O que é um pecado venial?
– Permitir entrar no coração suspeitas sem fundamentos ou mesmo opiniões injustas a respeito do próximo;
– Iniciar uma conversa sobre os defeitos de outrem, ou de faltar à caridade de qualquer outra maneira, mesmo levemente;
– Omitir por preguiça, a realização das práticas espirituais, ou descumpri-las de qualquer jeito;
– O pecado de manter um afeto desregrado por alguém;
– O pecado de ter demasiada estima por si próprio, ou de mostrar satisfação vã por coisas que nos dizem respeito;
– O pecado de receber os Santos Sacramentos de forma descuidada, com distrações e outras irreverências, e sem preparação séria;
– Impaciência, ressentimento, recusa em aceitar os desconfortos da vida, ignorando o fato de que eles podem estar sendo instrumentos da Providência de Deus, para formar e provar na fé, assim como fez com Jó;
– O pecado de nos permitir ocasiões que visivelmente podem ocasionar pecados e faltas maiores, contra a pureza e honestidade (ex: filmes, sites, revistas, assuntos indevidos etc);
– O pecado de esconder intencionalmente as más inclinações, fraquezas e maus hábitos de instâncias que se soubessem poderiam ajudar. Exemplo: pais e filhos, marido e esposa, irmãos, amigos, formando e formador, ovelha e pastor etc.
O que é um pecado mortal?
– Já o pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infracção grave à Lei de Deus. Desvia o homem do Criador, que é o seu fim último, a sua bem-aventurança, optando por um bem inferior. Além disso, ele ataca e fere em nós o princípio vital e mais essencial da fé cristã: o amor. Faz-se necessária uma nova e firme decisão de se converter, apoiado na misericórdia de Deus.
– O pecado mortal é uma possibilidade de perda radical da liberdade humana e da salvação. Tudo o que fere os mandamentos máximos da lei de Deus, ensinada por Cristo de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, tem como consequência a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a condenação eterna. Porém, mediante o arrependimento sincero, a misericórdia de Deus impera e vence.
– Exemplos de pecados mortais: blasfêmia, rejeição consciente dos fundamentos da fé e da moral cristã, como ensinada e vivida pela Igreja. Apostasia, heresia, divisão; todos os pecados de impureza, tais como: adultério, fornicação, masturbação, atos homossexuais, desejos alimentados por pensamentos impuros, cobiçar o cônjuge do próximo, pornografia. Ou ainda, assassinato, aborto, desejo de matar, laqueadura, vasectomia (por razões de controle de natalidade), controle de natalidade artificial, roubo, corrupção, suborno, falso testemunho etc.
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