Poucas palavras apareceram com tanta intensidade nos vocabulários e discursos humanos quanto a palavra amor. Ela está presente em teses de psicologia, pedagogia, teologia e até filosofia. Sua presença está ainda mais atuante em roteiros de cinema, novelas, teatros, musicais, poemas, até desenhos animados. Contudo, o que de fato significa o amor? Como crescermos na prática desse dom?
Quando discursamos sobre o amor, outra virtude parece gritar e reclamar, como é próprio dela, os seus direitos. Que virtude é essa? A justiça. Assim, sempre que Jesus, os santos e o magistério da Igreja se referem à justiça, é preciso falar do amor e, sempre que fala do amor, é preciso falar da justiça. Essas duas virtudes são como marido e esposa, vivem numa relação de complementariedade. Assim como o amor, a justiça na lógica cristã também está direcionada ao bem do outro.
Qual a diferença básica?
De modo simples, poderíamos dizer que: O justo dá ao outro apenas aquilo que ele espera receber por direito. O amoroso, porém, vai além, muito além, ele dá à pessoa amada não somente o que ela merece, mas também o que ela nem de longe se julgava digna de receber. O amor é intimo da liberdade e do desinteresse. Ele não anula a justiça de modo algum, mas a transcende de modo lúcido e responsável.
Leia esse poema oracional de Santo Agostinho:
“Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre essas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava Contigo!” (SANTO AGOSTINHO)
Agostinho ao refletir sobre as consequências desse mergulho na identidade amorosa de Deus, vai dizer:
“O pecador, contudo, enquanto pecador, não merece ser amado: mas todo homem, enquanto tal deve ser amado por causa de Deus. Deus, porém, por si próprio é digno de amor. E já que Deus deve ser amado mais do que todos os homens, cada um deve amar a Deus mais do que a si próprio” (SANTO AGOSTINHO)
Como expressar o amor no dia a dia?
Essas profundas e poéticas afirmações de Santo Agostinho nos indica um sólido sentido para vivermos o amor ao nosso próximo. Qual seja? Devemos ama-lo por causa de Deus. (cf Marcos 12, 31). Há pessoas que têm dificuldade de encarnar com gestos práticos e concretos o amor na própria vida. Gostaria de concluir essa reflexão dando algumas dicas concretas de como você pode expressar essa virtude no seu dia a dia.
“Olá, bom dia… Boa tarde… Boa noite… Tudo bem com você? Posso te ajudar? Senhor(a) a igreja está cheia, não há mais acentos disponíveis, sente-se aqui no meu lugar… Por que você está chorando? Quer conversar…? Ganhei essas roupas, mas não estou precisando, separei algumas para compartilhar, você aceitaria? Gosto muito desses vários sapatos e tênis, mas fulano(a) está com o mesmo calçado, seja na igreja ou no trabalho, vou presenteá-lo(a)… Fulano(a), quero te dar de presente esse calçado, você aceita?”
Esses exemplos são apenas alguns entre os inúmeros gestos concretos de amor que podemos oferecer ao nosso próximo ao longo de nosso dia. Talvez, você depois nem se lembre do rosto da pessoa ajudada ou socorrida, ou ela nem se recorde de você, mas tenha certeza que esses e outros gestos estarão eternamente registrados no caderno amoroso e perfeito das anotações de Deus.
Espero como sempre que meu esforço em redigir esse texto seja meu modo pessoal de amar você e amar a Deus. Se você se sentiu alcançando, compartilhe esse amor recebido com os seus familiares, amigos e conhecidos.
Deus abençoe sempre você, Shalom!
Por Rodrigo Santos