Casar e formar uma família, ou assumir o chamado de Deus para o seminário e ser um sacerdote, ou ainda dizer ‘Sim’ a Jesus como esposo e viver o celibato. Na Vocação Shalom, o Estado de Vida é entendido a partir da forma que Deus chama cada um de seus filhos a viver o caminho de santidade. Por isso, nesse sentido, o Estado de Vida é um dos pontos que constituem a identidade que Deus escolheu para cada pessoa. É ainda na vivência do Estado de Vida que os homens e as mulheres experimentam a graça de Deus de uma forma muito particular.
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Contudo, como todo caminho vocacional, o processo de acolhida do Estado de Vida é baseado na escuta atenta da vontade de Deus. Não se escolhe um Estado de Vida por “achismos” ou mesmo por “condições humanas”. Pelo contrário, o Estado de Vida é acolhido a partir da descoberta do chamado de Deus. Neste texto, não pretendo aprofundar o que já foi escrito sobre o assunto ou mesmo limitar esse tema que é tão rico e importante para aqueles que querem fazer em tudo a vontade do Senhor.
Na verdade, a proposta deste texto é partilhar algo que certa vez um sacerdote comentou sobre esse assunto. As palavras dele até hoje ressoam em meu coração e são para mim luz nesse processo tão belo e marcante. Bom, em sua fala, o sacerdote comentou que a acolhida do Estado de Vida é marcada por três passos e é sobre eles que vamos partilhar a seguir. Contudo, é importante ressaltar que a leitura do livro Belo Amor Humano pode ajudar muito aqueles que estão em busca de entender melhor a vivência de cada Estado de Vida.
Os três passos para acolher o Estado de Vida
1 – Discernir
O primeiro passo é o discernimento. É a partir da escuta atenta e oracional que uma pessoa pode perceber o chamado que Deus tem para a sua vida. Por isso, momentos de oração prolongados, como retiros e vigílias, são tão importantes para quem vive esse processo. Vale lembrar ainda que esse discernimento precisa ser acompanhado por um formador pessoal ou mesmo diretor espiritual, pois o olhar externo pode ajudar a purificar possíveis enganos em relação ao Estado de Vida.
2 – Decidir
Depois de discernido, o passo seguinte é a decisão. Sim, é preciso se decidir por viver o chamado que Deus fez para a sua vida. Nesse sentido, lembro-me de uma frase de Santa Teresa de Jesus que é uma verdade inspiração. Ela diz o seguinte:
“Apesar de a minha vontade de ser monja não ser absoluta, percebi ser essa a condição melhor e mais segura; e assim, aos poucos, decidi forçar-me a abraçá-la”
Essas palavras de Teresa exalam a “determinada determinação” que é tão característica dela. Trazendo esse ensinamento para a partilha que estamos fazendo, podemos dizer que, ao descobrir a vontade de Deus em relação ao Estado de Vida, é preciso ter a mesma decisão firme da Carmelita. Inclusive, muitas vezes, essa vontade “foge” completamente dos nossos planos, mas se Deus nos chama é porque, de fato, esse é o caminho mais seguro que Ele reservou para nos fazer santos.
3 – Definir
Após discernir o Estado de Vida e decidir-se por vivê-lo, vem o momento de definir. E a definição do Estado de Vida se dá diante do altar, seja para celebrar o matrimônio, ou para receber o sacramento da ordem ou ainda para fazer as promessas de vivência do celibato. É diante da Igreja e do povo de Deus que essa definição acontece na vida de uma pessoa. Assim, aquilo que antes era algo somente interior ganha força e transborda para o exterior. Vale lembrar que a definição vem acompanhada pela consolidação do Estado de Vida. Ela diz respeito à forma que uma família, um padre ou mesmo um celibatário serve a Deus a partir do seu chamado.
Ainda sobre o Estado de Vida
Bom, como disse no início, o propósito aqui não é limitar e nem mesmo esgotar a temática relacionada ao Estado de Vida. Pelo contrário, posso dizer que esse texto é apenas um ponto pé para que novas leituras sejam feitas sobre o assunto, pois vale a pena viver essa experiência. O fruto dela é, com certeza, uma paz e uma alegria indescritível que só o Senhor, que conhece bem o coração de cada um dos seus filhos, é capaz de oferecer.
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