A Copa do Mundo 2022 começa no próximo domingo (20) no Catar, país árabe localizado na Ásia Ocidental. O evento promovido pela FIFA (Federação Internacional de Futebol), é um dos momentos esportivos internacionais mais esperados, e o que poucos sabem é que um católico francês fundou o campeonato.
Trata-se de Jules Rimet, um advogado e amante de esportes, que nasceu na França em 1873 e criou, em 1897, o Red Star Club, um conjunto poliesportivo destinado à participação de trabalhadores, cujo objetivo era estimular os seus membros a um melhor conhecimento sobre a verdadeira dignidade do trabalho.
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Jules Rimet e a Igreja Católica
A infância de Jules Rimet, segundo relatos, não foi tranquila, pois ele sofria com os diversos problemas sociais causados pela Revolução Industrial. Era ainda um adolescente quando Papa Leão XIII instituiu a primeira Encíclica Social da Igreja, a Rerum Novarum. O documento buscava promover a dignidade do homem enquanto trabalhador e seus direitos legítimos, e trazia reflexões sobre as questões de relacionamento entre empregado e patrão, como o salário justo, o limite da jornada de trabalho, o trabalho insalubre, o trabalho da mulher e o da criança, e o trabalho escravo.
Rimet, preocupado com a miséria em que muitos trabalhadores viviam e inspirado pela reflexão do Sumo Pontífice acerca desta problemática, se juntou a alguns amigos e formou uma organização que oferecia ajuda social e médica aos que mais necessitavam. Com o passar do tempo, o grupo também criou uma revista para divulgar a encíclica de Papa Leão XIII. Além disso, Jules também promovia reuniões privadas em uma capela subterrânea de Paris com chefes de trabalho de algumas empresas, cujo assunto tratado eram as formas de favorecer a dignidade no ambiente de trabalho e como ajudar os trabalhadores que enfrantavam dificuldades.
O advogado francês era muito conhecido por buscar viver a Doutrina Social da Igreja e por respeitar o clero. Outro fato interessante é que ao fundar o Clube de futebol Red Star em 1897, ele com apenas 24 anos de idade, tinha a intenção de desviar os jovens da classe trabalhadora de ideologias que iam contra o que a Igreja Católica apoiava.
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A ideia da Copa do Mundo de Futebol
Em 1904, Jules Rimet ajudou a fundar a Fédération Internationale de Football Association (Federação Internacional de Futebol ou FIFA). Quis organizar um campeonato internacional, mas sua ideia precisou ser adiada devido à Primeira Guerra Mundial, inclusive participou da frente de batalha e ao retornar, recebeu uma condecoração militar francesa concedida àqueles que se destacaram por seus atos de heroísmo.
Após o fim da guerra, Rimet se tornou presidente da FIFA em 1921 e permaneceu durante 33 anos no cargo. Ele defendia muito o caráter diplomático do esporte como um meio de difusão dos princípios de paz e confraternização, com isso, em 1928 criou a Copa do Mundo, que foi disputada pela primeira vez no Uruguai dois anos depois.
O Fazendo Barulho, programa da Rede Vida de Televisão produzido pela Comunidade Shalom, produziu uma matéria sobre Julet Rimet com curiosidades sobre a vida do inventor da Copa do Mundo! Você pode conferir no vídeo abaixo:
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Taça da Copa
Para presentear o time vencedor, Jules encomendou uma taça ao escultor francês Abel Lafleur, que fez uma estatueta de 35 centímetros de altura e 3,8 kg, com uma clara referência à Nike, a deusa grega da vitória. Por esse motivo, o artesão chamou a taça de Deusa da vitória, no entanto, o nome que permaneceu foi o de Jules Rimet até 1970, quando o desenho da taça mudou para o que conhecemos hoje.
O advogado católico liderou a FIFA até 1954 e, em 1956, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por ter fundado a Copa do Mundo, e faleceu na França em 1956, aos 83 anos.
Relatos de seu neto
No livro “Uma História do Futebol em 100 Objetos”, Yves Rimet, seu neto, recordava-o como um “humanista e idealista, que acreditava que o esporte podia unir o mundo. Comparado com as pessoas da sua época, ele percebeu que para ser realmente democrático e envolver as massas, o esporte internacional deveria ser profissional”. Em entrevista ao jornal ‘The Independent’ em 2006, Yves afirmou que o seu avô “ficaria decepcionado ao ver que, atualmente, o futebol se converteu em um negócio dominado pelo dinheiro. Essa não era a sua visão”.
-Informações Conmebol, Alam Carrion e ACI Digital