Formação

Construir a paz ou a desunião?

Estou cada dia mais convencido de que a paz é desejada pela maioria, mas construída por poucos.

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A paz não nasce do nada, é construída pessoalmente no dia a dia. É um trabalho muito longo, que não sabemos se veremos terminado. Devemos passar de mão em mão esta construção, que só vai ser acabada no fim do mundo, quando o Filho do Homem voltar, e aí Ele nos comunicará a Sua paz. Não como nos dá o mundo, mas como Deus dá, aquela paz que nasce da ressurreição, da morte de Jesus, sem responder à violência com violência.

Estou cada dia mais convencido de que a paz é desejada pela maioria, mas construída por poucos. Amar a paz somente com palavras não serve para nada. A paz não interessa a muita gente. Como a paz pode interessar aos fabricantes de armas e bombas? Como pode buscar a paz um vendedor de drogas, quando o dinheiro a ele é mais importante, vender droga, destruir a vida é mais importante do que construir uma sociedade humana? Como pode buscar a verdade quem tenta com todos os meios semear desunião, ódio e agir para que as famílias unidas sejam destruídas?

Hoje a Igreja celebra a festa de um grande santo dos nossos tempos, São Pio da Pietrelcina, que mereceu trazer em seu corpo os sinais dos sofrimentos de Jesus e que ao longo de sua vida sentiu todo o peso da rejeição, da recusa, mas sempre soube dizer o seu sim corajoso e obedecer. No mundo de hoje em que parece que obediência não é mais uma virtude, mas sim uma pobreza de iniciativa e de coragem, esse é um modelo que devemos contemplar. Ele, através do sacramento da confissão, soube construir pontes de paz, de harmonia e de alegria entre o Céu e a terra. Somos chamados a construir a paz, a união, nunca a desunião. Mesmo que ao nosso redor caiam bombas, devemos gritar contra todas as nossas forças PAZ! PAZ! PAZ! Este é o dom de Deus e de Jesus que deve reinar nos nossos corações. Os santos são os construtores da paz.

Estamos também na novena de Santa Teresinha do Menino Jesus, que na sua comunidade silenciosamente foi uma construtora da paz e nunca da desunião.

 

O desafio dos injustos

 A maior raiva que arde no coração dos que não têm Deus é ver que os que amam a Deus dizem a verdade e não agradam. Os injustos estão seguros de que antes ou depois serão derrotados e os justos estão seguros de que a vitória chegará e será grande. Deus é fiel. Neste texto do livro da sabedoria escutamos o grito de revolta e de raiva dos que não amam a ninguém a não ser a si mesmos e têm desejos de eliminar da terra a justiça para fazer o que querem. Uma vitória, porém, que não resiste diante de Deus. Vemos aqui a máfia dos injustos que quer provar a justiça do justo e cansá-lo e, no entanto, quanto mais os justos são perseguidos mais se alicerçam em Deus. É belo contemplar esta guerra entre o mal e o bem e tomar a decisão de estar sempre do lado do bem custe o que custar. A maior vitória do justo é a crucifixão de Jesus; do alto da cruz ele declara a vitória definitiva do bem sobre o mal.

 

A inveja é o pior pecado

Neste domingo nos acompanha na segunda leitura o nosso irmão, mestre e inimigo da injustiça Tiago. Ele lança as suas palavras como flecha afiada contra todas as formas de farisaísmo, não serve parecermos santos, bons, justos, o que importa é sê-lo de verdade e em todos os momentos de nossa vida. Hoje Tiago nos diz uma verdade que chega no coração e que não é fácil vencer: a inveja não nos deixa aceitar que os outros estejam melhor que nós. Que faz o invejoso?  Condena e calunia os outros pelo bem que fazem, semeia onde passa o joio da discórdia, do desamor para parecer que ele é impecável, bom e justo. O que comprova a verdade do nosso agir não são as palavras, mas sim as obras. Tiago faz uma lista das raízes de onde vem todo o mal: “De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres.” (Tg 4,1-3)

Não precisa de comentário meu aqui, basta que verifiquemos se nós temos ou não temos inveja no coração.

 

Os “sem importância” são os mais importantes

O Evangelho de hoje nos oferece duas reflexões importantes que nunca podemos esquecer na nossa vida se quisermos ser seguidores de Jesus e ser felizes.

                1ª Deus salvou o mundo não com os discursos e as palavras, mas com fato concreto, a paixão, morte e ressurreição de Jesus, mistério tão grande que não se pode compreender estudando filosofia nem achando que a cruz é uma maldição de Deus. Ela é uma benção e uma grande benção. Jesus crucificado nos chama com força para ver que quando sofremos por amor somos importantes diante de Seus olhos.

                2ª A segunda coisa são as crianças. Que importância pode ter uma criança nas ações, no que diz e faz? No entanto, diante do Senhor, devemos permanecer como criança, não buscar a importância nas coisas, mas sim no amor e no abandono nas mãos de Deus e deixar que ele conduza a nossa vida. Sempre o Senhor nos ama não por aquilo que fazemos, mas sim como o fazemos e especialmente como nós acolhemos os que não têm importância ao mundo, mas que são importantes diante de Deus.

 Sabemos de sobra que vivemos num mundo do descartável, mas não conseguimos nos convencer disso, descartamos com facilidade tudo que nos faz sofrer e tudo o que impede os nossos sonhos e felicidades terrenas… e isto é mal. A cruz continua a ser luminosa só de noite e deve ser colocada bem alto para iluminar o nosso caminho. Edith Stein dizia: “o que nos salva não é a filosofia e nem a fenomenologia, mas a paixão de Jesus.”

Oração                

Senhor Jesus, te peço só uma coisa: que me dê a cruz, não a que eu adoro e busco, mas aquela  desnuda, seca, que tu me doa. Amém.

 


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