Formação

Contexto Histórico do Novo Testamento

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1. Como se encontrava os judeus?

O judaísmo formado por Esdras e Neemias surgiram no período persa 538-333 aC. Ciro rei dos medos e dos persas, conquista a Babilônia, cidade onde o povo judeu estava cativo. Considerado um rei muito humano, Ciro permite aos exilados voltar para sua terra, a Palestina, sob o comando de Neemias (445-533) e Esdras (398). É dado a Esdras o poder de reorganizar o povo e restaurar a lei judaica, que se torna lei de estado. Esta reforma tem uma importância considerável para o futuro do povo judeu e Esdras é verdadeiramente o pai do judaísmo. (Ne 8).

Dominação grega no período do Macabeus (helenização) 333-63 aC: Alexandre da Macedônia conquista a Grécia, assim divulga a cultura e língua (Coinê) grega, que daí em diante, aos poucos substitui o aramaico. Quando morreu seus generais dividem entre si seu império. Quanto ao Oriente Médio, o Egito sob Ptolomeu; a Síria ficou com Seleuco (dão o nome Selêucidas). Assim a Palestina fica sob o domínio de Ptolomeu.

Os judeus da Alexandria, não compreendendo mais o hebraico desejaram possuir, para uso liturgico na Alexandria, a lei em sua língua (grego), veio a tradução para o grego. Essa tradução criou vocabulário e o estilo que serviram para reescrever o Novo Testamento. Foi também a Bíblia dos cristãos.

A Palestina é invadida pelos Selêucidas e Matatias e depois seu filho Judas Macabeu assumem o comando na cidade organizando a resistência armada. A dinastia dos Macabeus resistem ao domínio dos Selêucidas que querem impor pela força a cultura e religião helenística, instalam no templo um altar a Zeus. Começa por esta época em Israel os martírios. Os irmãos de Judas e a seguir seus descendentes, restabelelcem por um momento o reino de Israel.

Invasão romana:

A partir de 63aC-135dC. Em 63 aC. Roma, através do general Pompeu chega ao Oriente Médio. É o começo duma influência que não cessou senão com as invasões partas e árabes no séc. VII. Assim a Palestina passa a fazer parte do Império Romano. Herodes, o Grande (40-4 aC) obtém de Roma o título de rei. É no seu reinado por volta do ano 6 aC. que Jesus nasceu. O nascimento de Jesus sucedeu durante o governo do imperador romano Augusto: “Naquele tempo foi publicado um edito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o império”. (Lc 2,1), é a época do seu julgamento o procurador romano era Pôncio Pilatos.

Morto Herodes, seu reino é dividido em três e confiado a seus filhos. A Galileia e a Pérsia fica sob o reinado de Herodes Antipas (4 aC – 39dC). Arquelau, que reina sobre a judeia e Samaria, não demora a se fazer odiar; é exilado para a Gálias. é então substituído por funcionário romanos, os procuradores, dos quais o mais conhecido é Pôncio Pilatos ( 26-36dC).

O povo judeu custa a suportar essa sujeição. Estão divididos os herodianos são os colaboradores da época e os publicanos também. Os saduceus se preocupam sobretudo com manter sua posição. Os fariseus, ao contrário, são geralmente hostis ao ocupante; quanto aos zelotes, fomentam a revolta armada. Em 135 dC Jerusalém é destruída e fica proibido aos judeus morar lá. É o fim do povo judeu. Aparentemente, pois o povo judeu não morre. Disperso entre as nações, ele guardou sua consciência de povo.

Situação Religiosa – No tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos religiosos que se diferenciaram no modo de se relacionar com a política, economia. Esses grupos tinham grande importância na sociedade da época. São eles: os saduceus, os escribas, fariseus, zelotas e essênios.

As seitas judaicas:

a). Os fariseus: fariseu quer dizer separado. Religiosamente eram as personagens mais importantes do judaísmo durante a vida de Jesus. Os saduceus sentiram aversão por eles porque acreditavam e praticavam coisas que a interpretação literal da Lei de Moisés condenava. a maioria da gente simples, os tinha em grande consideração.

A principal queixa dos saduceus contra os fariseus era de que haviam amontoado um enorme acervo de regras e regulamentos para explicar a Lei do Antigo Testamento. Os fariseus, embora considerassem o Antigo Testamento como a sua suprema regra de vida e crença, viam que eles não se podiam aplicar diretamente ao tipo de sociedade em que viviam. Para ter valor e eficácia precisava ser explicado de novas maneiras. Os dez mandamentos recomendavam, entre outras coisas, que se podia fazer o judeu piedoso em dia de sábado? Os fariseus tinham uma lista de regras para responder em termos práticos a essa pergunta. Assim, os fariseus inventaram tantas regras peso moral para as pessoas piedosas. Jesus denuncio-os de hipócritas.

Aos olhos de Jesus o mal dos fariseus era o fato de julgarem que Deus só se interessava pelas exigências da Lei. A teologia dos fariseus não abria espaço para aquele Deus que Jesus conhecia como seu Pai, um Deus cheio de bondade e amor mais desvelado e solícito para com aqueles que eram apenas convencionalmente religiosos.

Os fariseus aceitavam a autoridade do Antigo Testamento como um todo, e não apenas a Lei de Moisés. Não tinham dificuldade em crer na ressurreição dos mortos. A maior expressão do farisaísmo foi a criação das sinagogas, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus.

b). Os saduceus: Esses grupo era formado por grandes proprietários da terra e pela elite dos comerciantes. Era um grupo pequeno mais de muita influência, dele provinham os Anciãos, isto é, aqueles que controlam a administração da justiça no tribunal supremo, chamado Sinédrio; do mesmo grupo provinha também a elite sacerdotal, que administrava o Templo e era responsável pelo culto. Os saduceus, portanto, concentravam nas suas mãos todo o poder político. Embora não se relacionassem diretamente com o povo, eram intransigentes com a sociedade e viviam preocupados com a ordem pública. Esse grupo foi o principal responsável pelo julgamento e morte de Jesus. Os saduceus foram os maiores colaboradores da dominação romana na Palestina e sempre mantiveram uma política de conciliação, certamente pelo medo de perder seus encargos e privilégios. Por essa razão sempre foi o grupo mais odiado pela ala nacionalista do judaísmo.

No que se refere à religião, esse grupo era o mais conservador: aceitavam apenas a autoridade da lei escrita dada por Moisés nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento – o Pentateuco ou Torah. Não tinham tempo a perder com o resto do Antigo Testamento ou que se aventurasse a reinterpretá-lo. não compartilhavam com os outros judeus de algumas crenças do judaísmo que não constava explicitamente na Torah. Rejeitavam as novas concepções geralmente aceitas pelos escribas e fariseus. Não acreditavam nos anjos, demônios, messianismo e ressurreição (Ler Mc 12, 18-27), também não acreditavam que Deus tivesse um objetivo por trás dos acontecimentos da história.

Como grupo desapareceram com a destruição do Templo pelos romanos no ano 70 dC.

c). Os Essênios: Tudo que faziam assumia alguma importância religiosa. Mantinham uma espécie de comunidade em Qumrã (às margens do Mar Morto), esforçando-se por preservar as tradições de pureza religiosa e moral do Antigo Testamento. Contudo nem todos os essênios viviam assim, alguns diferentemente dos grupos monásticos, casavam, porém somente por considerarem ser este o meio de continuar a espécie humana. A exemplo de algumas seitas, viviam os essênios na expectativa de um dia de crise na história. Deus, então reafirmaria sua soberania sobre o mundo, desbaratando os hereges da própria raça judaica, e os inimigos estrangeiros, como os romanos. Depois os membros da seita, e não a totalidade da raça judaica, seriam reconhecidos como o povo eleito de Deus. Assumiriam e restaurariam o culto de Deus no templo de Jerusalém.

d). Os Zelotas: O nome zelota é atribuído a todo aquele que aderiu a um partido radical nascido na Galiléia, no tempo de Jesus e na época imediatamente posterior. O termo indica alguém que demonstra zelo e entusiasmo. Foram aqueles que mais se envolveram em ações diretas contra os romanos. Tinham a convicção religiosa de que não podiam ter outro senhor senão Deus e que, portanto, os romanos não eram vindos. Tinham uma insaciável paixão pela liberdade, e tão convencidos de que só Deus podia ser seu amo e Senhor.

2. Os doutores da Lei:

Também chamados de Escribas. No tempo de Jesus este grupo estava em ascensão e cada vez adquiria mais prestígio. Embora não pertencessem à classe mais abastarda, gozavam de uma posição de estratégia sem igual. Eram guias espirituais do povo, influenciando e determinando até as regras que dirigiam o culto. Por Seu grande poder residia no saber, pois eram especialista na interpretação da Sagrada Escritura. Como as Escrituras era a base da vida do povo judaico, os escribas acabavam se tornando especialistas em direito, administração e educação. Além do mais não ensinavam tudo o que sabiam e escondiam ao máximo a maneira como chegavam a determinadas conclusões. Após a destruição do Templo foram os escribas e fariseus que deram uma nova forma à religião judaica, tornando-a uma religião da Palavra.

A influência dos escribas se fez sentir principalmente em três lugares, no Sinédrio (tribunal superior), na sinagoga (casa de oração) e na escola.
No Sinédrio se apresentavam como juristas para aplicar a Lei de Moisés em assuntos governamentais, administrativos e em questões judiciais.

Na Sinagoga eles eram os grandes intérpretes da Sagrada Escritura, criando novas tradições através da reeleitura, da explicação da Lei para os novos tempos e circunstâncias. Eram eles que abriam escolas para ensinar a ler e escrever, formando novo discípulos.

3. As Festas:

No tempo e Jesus, três festas exerciam um papel importante – Páscoa, Pentecostes, e Tendas. São as festas de peregrinação em que o povo se reunia para manifestar a solidariedade, a união, e para celebrar os grandes feitos do Senhor, libertador do seu povo. Cada uma delas durava uma semana inteira e vinha gente de todos os lugares.

Os peregrinos de várias aldeias viajavam até Jerusalém em caravanas para evitar assaltos ou surpresas desagradáveis. Desde criança Jesus participava dessas festas (Lc 2, 41-50).
Na festa da Páscoa se celebrava a libertação da escravidão do Egito, além de outros acontecimentos da história. Foi durante essa festa que Jesus instituiu a Eucaristia, foi preso e morto. Ele é o autêntico cordeiro de Deus.

Na festa de Pentecostes, celebrada 50 dias após a Páscoa, era o momento de renovar a Aliança que Deus fizera com o seu povo no monte Sinai. Lucas coloca no dia dessa festa a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos (At 2, 1-41).

Na festa das Tendas, cada família construía nos arredores de Jerusalém uma cabana de folhagens, na qual morava por uma semana, relembrando os antepassados que moraram em cabanas quando saíram do Egito. À noite era, aceso candelabros de ouro no Templo e o povo saia em procissão levando tochas, iluminando assim a cidade inteira. Foi durante essa festa que Jesus declarou “Eu sou a luz do mundo” e fez com que um cego de nascença enxergasse a luz (Jo 7-9).

4. Templo e Sinagoga:

O templo representava o centro da vida do povo judaico. Era nele que todos, até mesmo os judeus que viviam espalhados fora da Palestina, se reuniam para prestar culto a Deus. O Templo era a casa onde habitava o Deus único, santo, puro. Assim podemos perceber o poder que os sacerdotes tinham sobre o povo, sendo estes quem administrava o Templo e também por considerarem que estavam mais perto de Deus, e consequentemente eram eles os mais puros. A autoridade dos sacerdotes acabou transformando o Templo não só no centro da vida religiosa, mas também da vida política e econômica. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possuía riquezas imensas (era o Tesouro Nacional), e toda a cúpula governamental agia a partir do Templo, (o Sinédrio que reunia sacerdotes, escribas e anciãos). Desse modo a morada de Deus se transformou num lugar de poder. Quando Jesus expulsou os comerciantes do Templo, estava na verdade, atacando o alicerce da sociedade judaica.

O Templo era o lugar de culto e o povo freqüentava, principalmente por ocasião das grandes festas. Na vida comum, porém, o centro religioso era constituído pelas grandes festas. Na vida comum, porém, o centro religioso era constituído pela sinagoga, presente até mesmo nos menores povoados. Era o lugar onde o povo se reunia para a oração, para ouvir a Palavra de Deus e para a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outros textos. Pelos Evangelhos sabemos que pelo menos uma vez Jesus, que era leigo, se apresentou para fazer a leitura do texto e interpretá-lo (Lc 4, 16-30).

O sacerdote não tinha uma função especial na sinagoga, porque esta não era o lugar de culto litúrgico. Embora qualquer adulto pudesse presidir a reunião, nem todos o faziam, ou por serem analfabetos ou por não se julgarem preparados para um comentário. As reuniões acabavam então sempre animadas pelos escribas e fariseus que, cada vez, propagavam mais suas idéias e aumentavam sua influência sobre o povo, adquirindo prestígio cada vez maior. Em Jerusalém. algumas sinagogas tinham até hospedaria e instalação de banheiros para peregrinos. Até hoje as sinagogas são casas de oração e reunião dos judeus espalhados no mundo.


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